O termo ortodoxia (com letra minúscula) pode significar conformidade com os princípios de qualquer doutrina geralmente aceita. Fala-se, por exemplo, da ortodoxia marxista.[1] E em vez de indicar falta de conformidade com a Igreja Católica, o termo ortodoxia (sempre com minúscula) pode significar precisamente conformidade com o dogma católico.[2]
O termo "Ortodoxo", com O maiúsculo, é comummente aplicado como denominação distinta a dois grupos específicos de igrejas cristãs conhecidas como Igrejas Ortodoxas, assim chamadas mesmo por aqueles que questionam a sua reivindicação de serem exclusivamente ortodoxas.[3]
Igrejas Ortodoxas
Distinguem-se as duas famílias de Igrejas Ortodoxas de acordo com a respectiva atitude a respeito do Concílio de Calcedónia com a sua definição "Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único que devemos reconhecer em duas naturezas". As Igrejas que aceitam o concílio e a sua doutrina do diofisismo são chamadas de calcedonianas;[4] as que rejeitam o concílio, preferindo a doutrina do miafisismo são chamados de orientais ortodoxos. Usam-se diversas denominações para cada uma das duas famílias de Igrejas.[5]
Em busca de neutralidade, nas línguas alemã e inglesa geralmente empregam-se duas palavras sinónimas do significado "oriental". Assim em inglês, as Igrejas calcedonianas são chamadas "Eastern Orthodox", as não calcedonianas "Oriental Orthodox".[6] Os correspondentes nomes em alemão são "östlich-orthodoxe"[7] e "orientalisch-orthodoxe".[8]
Em espanhol os nomes geralmente usados são respectivamente "ortodoxas bizantinas"[9] e "ortodoxas orientales";[10] e em francês "orthodoxes chalcédoniennes"[11] e "orthodoxes orientales".[12]
Na Wikipédia portuguesa empregam-se os seguintes nomes:
As Igrejas ortodoxas calcedonianas aceitam somente os primeiros sete concílios ecumênicos. Por ser de tradição oriental, se distinguem de outras Igrejas que também aceitam somente os mesmos sete concílios ecumênicos: por exemplo, a Velha Igreja Católica. Por vezes os ortodoxos calcedonianos são definidos como os cristãos que estão em comunhão com o patriarca ecumênico de Constantinopla.[13] Alguns escritores consideram esta definição inadequada. Na teologia ortodoxa, Constantinopla poderia caducar da comunhão ortodoxa.[14] E houve tempos nos quais algumas igrejas ortodoxas não estavam em comunhão com Constantinopla, por exemplo, o patriarcado de Moscou em 1966.[15][16] O patriarca de Constantinopla tem, entre os chefes das outras Igrejas a posição de primus inter pares.[17] Todas as jurisdições desta família ortodoxa têm o rito bizantino como o rito ordinário, apesar de haver minorias praticantes de outros ritos, como os ocidentais.[18]
As Igrejas Orientais Ortodoxas aceitam três Concílios Ecumênicos, o de Nicéia, Constantinopla e Éfeso. São unidas pela profissão de fé no miafisismo, afirmando, de acorde com a expressão de Cirilo de Alexandria, "uma natureza do Verbo de Deus encarnado", que na pessoa una de Jesus Cristo, a divindade e a humanidade estão unidas em uma única ou singular natureza, unidas sem separação, sem confusão e sem alteração. Não há para estas Igrejas uma figura correspondente à do Patriarca de Constantinopla para as Igrejas ortodoxas calcedonianas, e têm uma grande variedade de formas litúrgicas. O Conselho Mundial de Igrejas dá a seguinte lista das seis Igrejas Orientais Ortodoxas:[19]