Os rebeldes federalistas - assim intitulados por sua vinculação com o Partido Federalista e conhecidos, também, como maragatos - formavam um grupo heterogêneo, liderado por Gaspar Silveira Martins e João da Silva Tavares (conhecido como Joca Tavares). Mal armados, recorreram à guerra de movimento, enfrentando os republicanos - conhecidos como pica-paus - que reuniam efetivos do exército e da Brigada Militar. Com cerca de 10 mil mortos, a Revolução Federalista foi um dos mais sangrentos conflitos civis já ocorridos no país, tornando-se famosa por ter popularizado a degola.
O cerco
Em novembro de 1893, liderados por Joca Tavares, cerca de 3 mil federalistas atacaram Bagé, cercando um efetivo do Exército e provocando o abandono da cidade por uma população estimada em 20 mil pessoas. Os federalistas ocuparam as chácaras do subúrbio da cidade. O Teatro 28 de Setembro, a Beneficência Italiana, o Mercado Público e até os quartéis ficaram sob controle dos maragatos. A exceção foi a praça da Matriz, onde o coronel Carlos Telles defendeu a posição da República à frente de um exército faminto.[6]
Sob o comando do coronel Carlos Telles, os republicanos montaram trincheira na Praça da Matriz, resistindo ao cerco por 47 dias. A notícia de que dois efetivos do Exército se aproximavam de Bagé para socorrer os republicanos fez com que os federalistas se retirassem.
Principal teatro bélico do cerco
A antiga Igreja de São Sebastião foi erguida para abrigar a imagem de São Sebastião, Santo padroeiro de Bagé, alguns anos após a fundação da cidade. A atual Matriz, obra do arquiteto José Obino, datada de 1878 e hoje é uma das principais praças da cidade. Francisco Carlos Martins, pai de Gaspar Silveira Martins, doou uma grande quantia para a construção da nova igreja e, como retribuição, a catedral abriga na base de sua torre direita os túmulos de Gaspar Silveira Martins e sua família.
Em 1893, a catedral e a Praça da Matriz foram palco de grandes acontecimentos, no episódio que ficou conhecido como Cerco de Bagé, quando forças revolucionárias, pretendendo tomar a cidade, obrigaram os chamados republicanos, comandados pelo Coronel Carlos Maria da Silva Telles, a armar a defesa da praça. O templo se transformou em hospital de sangue, enquanto junto às paredes laterais se sepultavam os mortos. A igreja ficou com suas paredes cravejadas de balas. Só a imagem simbolizadora da Esperança, na fachada, não recebeu nenhum projétil. A catedral recebeu nova pintura em 2003, graças ao apoio da comunidade. A Igreja Matriz de São Sebastião é um patrimônio tombado pelo IPHAN[7] e está localizada na Rua Conde de Porto Alegre, 01.
Conclusão
Além de evidenciar a importância estratégica de Bagé, para ambos os lados foi possível averiguar a violência praticada e as consequências numa cidade populosa como Bagé, mesmo à época.[8]