Violência contra homens consiste de atos de violência cometidos exclusiva ou desproporcionalmente contra homens. Homens são maioria tanto como vítimas[1][2] quanto como autores da violência.[3][4] A violência sexual em qualquer sociedade é tratada de forma distinta quando cometida contra homens do que quando é cometida contra mulheres, e pode não ser reconhecido pela lei internacional.[5][6][7][8]
Violência de mulheres contra homens é bastante frequente mas sub-reportada. Os dados oficiais no Reino Unido, por exemplo, apontam algo próximo a 50% do total de atos de violência de mulheres contra homens, mas existem indicadores que apontam que somente algo próximo a 10% das vítimas masculinas reportam o incidente às autoridades, principalmente em razão de tabus e temores de desentendimento criados por uma cultura de expectativas sobre o homem. Um relatório do Canadá chegou a verificar que a violência de mulheres contra homens é mais frequente que a violência de homens contra mulheres[9], assinalando uma mudança de consciência nacional deste problema desde a morte de Earl Silverman. Já a violência sexual de mulheres contra homens é um tabu ainda maior e ainda menos estudada ou reconhecida.[10]
Percepções
Estudos de atitudes sociais mostram que a violência é notada como mais ou menos séria dependendo do gênero da vítima e do perpetrador.[11][12][13] De acordo com um estudo na publicação Aggressive Behavior ("Comportamento Agressivo"), a violência contra mulher foi aproximadamente um terço mais reportada por terceiros para a polícia, independente do gênero do agressor, apesar de a combinação de gênero com mais chances de ser reportada foi de um homem como agressor e uma mulher como vítima.[14] O uso de estereótipos por agentes da lei é uma questão reconhecida[15] e a estudiosa da lei internacional, Solange Mouthaan, argumenta que, em cenários de conflito, a violência sexual contra homens tem sido ignorada em favor da violência sexual contra mulheres e crianças.[16] Uma explicação para essa diferença de foco é o poder físico maior que homens comumente detêm em relação às mulheres, tornando as pessoas mais propensas a condenar violência nesta configuração de gênero em especial.[17] O conceito de sobreviventes masculinos de violência vai contra as percepções sociais do papel de gênero masculino, levando a baixo reconhecimento e pouca provisão legal.[18]
Por vezes não existe nenhum panorama legal quando uma mulher é processada ao cometer agressões violentas contra um homem.[19]
Richard Felson desafia a suposição que violência contra mulher é distinta da violência contra o homem. Os mesmos motivos desempenham papel em quase toda violência, independente do gênero: obter controle ou retribuição vingativa e para promover ou defender a auto-imagem.[1]
Escrevendo para a TIME, Cathy Young criticou o movimento feminista por não se esforçar o bastante para desafiar os duplos padrões de viés no tratamento de homens vítimas de abusos físico e sexual.[20]
Violência Doméstica
O Partner Abuse State of Knowledge Project (PASK)[21] de 2013, publicado pelo Domestic Violence Research Group (Springer Publishing journal "Partner Abuse"[22]) mais uma vez reiterou as descobertas da paridade nas taxas de violência tanto de autoria quanto de vitimação para homens e mulheres. Existe também o estudo Unprecedented Domestic Violence Study Affirms Need to Recognize Male Victims.[23]
Por vezes, homens vítimas de violência doméstica são relutantes em informar sobre a violência ou mesmo em procurar ajuda. Também existe o paradigma estabelecido que somente homens praticam violência doméstica, jamais os figurando como vítimas.[24] Como em outras formas de violência contra homens, violência entre parceiros íntimos geralmente é menos reconhecida na sociedade quando as vítimas são homens.[25][26] Violência praticada por mulheres contra homens é comumente trivializada[3][27][28] em razão da psiquê supostamente mais frágil da mulher; e em tais casos, omite-se o uso de objetos e armas perigosas.[3] Pesquisas têm identificado, desde os anos 1990, problemas de viéses percebido e real quando a polícia está envolvida, com a vítima (homem) sendo desacreditada mesmo ferida.[29]
Em Portugal, foi conduzido o estudo (Un)Acknowledgment of Men as Victims of Intimate Partner Violence[30], publicado na revista Violence and Victims ,Volume 38, #2, que concluiu:
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Discursos de género e expectativas sociais impedem os homens de reconhecer a sua vitimização íntima e criam barreiras à obtenção de ajuda. Participantes [no estudo] debateram-se para atingir o estatuto social de vítima e ganhar acesso a medidas preventivas. Estas evidências reflectem a invisibilidade e insuficiente consciência social da violência íntima de parceiras para com homens e esclarecem o nosso entendimento da necessidade desses homens.
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”
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Circuncisão Forçada
Circuncisão masculina desnecessária é considerada, por muitos grupos, uma forma de violência contra homens jovens e meninos.[31][32][33][34][35][36] A Corte Penal Internacional considera a circuncisão forçada "um ato desumano".[33] Algumas decisões judiciais nos Estados Unidos declararam a circuncisão forçada uma violação dos direitos da criança.[37]
Em certos países, como Austrália, Bangladesh, Canadá, Indonésia, Paquistão, Filipinas, Coreia do Sul, Turquia e Estados Unidos, bebês recém-nascidos rotineiramente são circuncidados, sem o consentimento da criança.[38][39] Igualmente, judeus e muçulmanos circuncidam meninos de pouca idade.[40] A circuncisão é praticada também no Cristianismo Copta e na Igreja Ortodoxa Etíope.[39][41] Na África, ocorre circuncisão forçada e violenta.[42][43]
Qualquer forma de corte na genitália feminina, também conhecida como mutilação genital feminina, tem sido explicitamente banida na maior parte dos países ocidentais, inicialmente pela Suécia em 1982 e nos Estados Unidos em 1997.[44] A Suécia tornou-se o primeiro país ocidental a criminalizar esta conduta em 1982.[45] Muitas potências coloniais, incluindo Bélgica, França, Grã-Bretanha e Holanda, seguiram o mesmo caminho, seja mediante leis novas ou tornando claro que a legislação existente já tratava de tais casos.[46]
Apesar de uma decisão judicial na Alemanha ter posto a prática da mutilação masculina em questão em 2012, declarando-a como "um dano repugnante ao corpo", o parlamento alemão aprovou uma lei para manter a circuncisão de meninos legal.[47] Em 2016, o corte da genitália de meninos ainda é legalizado pelo mundo.[38]
Matança em massa
Em situações de violência estrutural que incluem genocídio e guerra, homens e meninos são frequentemente discriminados e assassinados.[48] Sobre o número de alvos por sexo durante a Guerra do Kosovo, estimativas de homens civis vítimas de matança em massa sugerem que eles perfizeram mais de 90% de todas as casualidades civis.[48] Outros exemplos de matança seletiva de civis incluem algumas das purgas de Stálin.[48]
Homens e meninos não combatentes têm sido e continuam a ser os alvos mais frequentes de matança massiva e assassinatos genocidas, bem como vítimas de abusos e atrocidades menores.[49] Gendercide Watch, um grupo independente de direitos humanos, documenta múltiplos genocídios tendo homens adultos e meninos como alvos:
Conscrição exclusivamente masculina também pode ser considerada uma violência baseada em gênero contra homens.[53]
Violência sexual
Em conflitos armados, comete-se violência sexual contra homens como guerra psicológica com o intuito de desmoralização do inimigo.[54] A lei criminal internacional não considera a violência sexual contra homens em razão de seu gênero uma categoria separada de crime, e trata genericamente como crime de guerra ou tortura.[55]
A cultura do silêncio em torno desse assunto costuma deixar os homens sem suporte algum.[56] Em 2012, um relatório da UNHCR determinou que "a violência sexual contra homens e meninos baseada em gênero geralmente é mencionada como uma nota de rodapé nos relatórios".[57] Em um estudo, menos de 3% das organizações que abordam estupro como arma de guerra mencionam homens ou fornecem serviços a vítimas masculinas.[6][8][58] Notou-se que a linguagem inglesa em 1990 estava "desprovida de termos e frases que descrevessem com precisão o estupro contra homens".[59]
No extremo da violência sexual, castração forçada vem sendo usada como meio de tortura física com fortes efeitos psicológicos, a saber, a perda da capacidade reprodutiva e a perda do "estatuto" de homem[60]. Na Invasão da Ucrânia pela Rússia, verificou-se a utilização deste método de tortura por operacionais russos, frequentemente acusados de crimes de guerra.[61][62] Era por vezes utilizada sendo por vezes castigo político, como no Império Bizantino, prática que sobreviveu no Império Otomano via a devshirme.[63] Nessa região, encontramos o procedimento também nas Cruzadas e Antiga Pérsia.[60] Eunucos cumprem múltiplos outros propósitos em várias culturas.
Homicídio
Estatísticas de homicídio de acordo com o Bureau of Justice Statistics dos EUA[64]
Homem como agressor/Homem como vítima |
65.3%
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Homem como agressor/Mulher como vítima |
22.7%
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Mulher como agressor/Homem como vítima |
9.6%
|
Mulher como agressor/Mulher como vítima |
2.4%
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Nos EUA, estatísticas de crimes de 1976 em diante mostram que homens perfazem a maior parte dos autores de homicídio, sem considerar o sexo da vítima. Homens também são maioria como vítimas de homicídio envolvendo tanto agressores homens quanto mulheres.[64] De acordo com o Bureau of Justice Statistics dos EUA, mulheres que matam homens, mais comumente, matam conhecidos, maridos ou namorados, enquanto homens, mais comumente, matam estranhos.[65] Em muitos casos, mulheres matam homens em razão de serem vítimas de violência íntima,[66] porém notou-se que esta pesquisa foi conduzida com mulheres no corredor da morte, um tamanho de amostra de aproximadamente 97 nos últimos cem anos.[67]
Ver também
Referências
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