Ussangue,[1]Uçangue[2] ou Utsangue[3] (em tibetano: དབུས་གཙང་།; Wylie; dbus gtsang, também escrito modernamente Ü-Tsang) é uma das três regiões tibetanas, sendo as outras Amdo no nordeste e Kham no leste. Ngari (incluindo o antigo reino Guge) no noroeste foi incorporado ao Ussangue. Geograficamente, Ussangue cobria o centro-sul da área cultural tibetana, incluindo a bacia hidrográfica do rio Bramaputra. Os distritos ocidentais que circundam e se estendem além do Monte Kailash estão incluídos em Ngari e em grande parte do vasto planalto de Changtang ao norte. O Himalaia definiu a fronteira sul de Ussangue. A atual Região Autônoma do Tibete corresponde aproximadamente ao que era o antigo Ussangue e Kham ocidental.[carece de fontes?]
O reino foi mencionado pelo jesuíta António de Andrade, o primeiro europeu a visitar o Tibete. Por volta de 1627 e 1628, outro jesuíta, João Cabral, bem como Estêvão de Cacela, realizaram missões religiosas em Ussangue e fizeram descrições em cartas. Lá, Cabral foi recebido na sede da corte do reino, Shigatsé, e chega a afirmar que seu rei havia reconhecido em um documento a Lei do cristianismo como "melhor de todas, e é bom que todos aprendam para a salvação de suas almas".[1]
Tsang, cujas maiores cidades são Gyantse e Shigatse, perto de onde o Panchen Lama tem a sua sede tradicional no Mosteiro de Tashilhunpo, foi designada nos mapas da dinastia Qing como "Tibete posterior", enquanto Ü, onde o Dalai Lama tem a sua sede em Lhasa, foi designada "Tibete frontal". Esta divisão foi uma construção artificial dos chineses e não era corrente no Tibete, onde o Dalai Lama exercia um governo efetivo sobre Tsang e Ü. Uma tentativa foi feita no século XVIII, durante o reinado do imperador Yongzheng, de dividir o Tibete, oferecendo ao Panchen Lama o domínio sobre Tsang, mas a oferta expansiva foi recusada, o Panchen Lama aceitando apenas uma pequena porção do território oferecido.[6] Tentativas posteriores, durante o período de 1906-1913 e em 1950, do Panchen Lama de ressuscitar um Tibete posterior separado sobre o qual ele teria domínio foram rejeitadas pelo Kashag.[7]
↑Cabral, João (1628). Relação da Missão do Reino de Uçangue, cabeça dos do Potente, escrita pelo Padre João Cabral da Companhia de Jesus. In: Didier, Hughes (2000). Os portugueses no Tibet. Os primeiros relatos dos jesuítas (1624-1635). Lisboa: Comissão Nacional para Comemoração dos Descobrimentos Portugueses.
↑Didier, Hughes (2000). Os portugueses no Tibet. Os primeiros relatos dos jesuítas (1624-1635). Lisboa: Comissão Nacional para Comemoração dos Descobrimentos Portugueses.