Os tremoços[1] são as sementes das plantas fabáceas conhecidas como tremoceiro[2] (grafia alternativa tremoceira[3]) - das quais se destaca especialmente a espécie Lupinus albus, comummente conhecida como tremoceiro-comum -, pertencentes ao género Lupinus e usadas na fixação de azoto nos solos.
A semente, de cor amarela, presentemente, não tem aproveitamento agrícola, podendo servir para forragem de gado, se bem que é geralmente vendida e consumida em conserva como petisco ou aperitivo (acepipe), sendo muito comum em cervejarias de Portugal.[4]
O tremoço in natura contém um aminoácido neurotóxico que o veda ao consumo humano, além de uma série de substâncias alcalóides dotadas de efeitos neurotóxicos e hepatóxicos do grupo da quinolizidina, como a lupanina, ou lupinina,[5] mas isto só ocorreria com o consumo do grão fresco ou seco, e em grandes quantidades e por longos períodos. Para poder consumir os tremoços sem risco, eles devem ser cozidos e depois cobertos de água mudada com frequência por diversos dias até perderem o seu amargo original, com a eliminação dos alcalóides.[4] Assim preparados, os tremoços não oferecem qualquer risco à saúde.[6]
Há cerca de 150 espécies classificadas neste género e conhecidas como tremoceiro (subgéneros Lupinus, e Platycarpos (Wats.) Kurl.). A maioria destas espécies tem a propriedade de fixar azoto nos solos, e muitas são utilizadas como fertilizante natural em zonas agrícolas.[1]
As sementes das plantas do género Lupinus são conhecidas como tremoços.
Cultivo
O tremoço, em geral, é cultivado em sequeiro.[4] É semeado por volta da altura das primeiras chuvas outonais, sendo que o espaçamento e a profundidade, durante o plantio, varia consoante a espécie de tremoço e a finalidade comercial a que se destina, seja como forragem, como adubo vegetal ou para consumo humano.[4]
Em Portugal, os tremoços costumam florescer em Outubro.[4] Geralmente suportam bem as secas e as temperaturas altas durante o Verão.[4]
História e etnografia
Historicamente, o tremoço-comum era uma espécie espontânea em Portugal, sendo que, presentemente, se trata de uma espécie cultivada.[4]
Na tradição popular portuguesa, há a lenda de que o topónimo «Estremoz» terá provindo de um campo de tremoceiros, no meio do qual um grupo de desterrados se teria refugiado, para pernoitar, tendo decidido, posteriormente, fixar-se naquele local.[8] Nalgumas versões da lenda, reza que os desterrados proviriam de Castelo Branco e que o episódio teria ocorrido no reinado de D. Afonso III.[9]
Ao fundarem uma povoação naquele espaço, pediram ao rei que lhes concedesse um foral e que no brasão figurassem as coisas que tinham primeiramente encontrado naquela terra: o sol, a lua, as estrelas e o tremoceiro.[8]
Sendo que o nome Estremoz, nos conformes desta lenda popular, derivaria da palavra tremoço.[8]
Algumas espécies
As espécies assinaladas com P ocorrem de forma espontânea em Portugal, normalmente em solos arenosos.