A lei de 10 de julho de 1940 deu ao Marechal Pétain plenos poderes para elaborar uma constituição, antes de esta ser submetida à Nação, garantindo "os direitos do Trabalho, da Família e da Pátria (la Patrie)". Tal constituição nunca foi promulgada.
Na Revue des deux Mondes (Revista dos Dois Mundos), de 15 de setembro de 1940, o Marechal Pétain escreveu sobre o repúdio à tradicional divisa da República Francesa, Liberté, Égalité, Fraternité : Quando nossos jovens [...] chegam à vida adulta, diremos a eles [...] que a verdadeira liberdade não pode ser exercida exceto sob o abrigo de uma autoridade condutora, que se deve respeitar e que eles devem obedecer [...].Vamos, então, dizer-lhes que a igualdade [deve] definir-se dentro do quadro de uma hierarquia, fundada sobre a diversidade de função e de mérito. [...] Finalmente, devemos dizer-lhes que não há nenhuma maneira de ter a verdadeira fraternidade, exceto dentro desses grupos naturais: o trabalho, a família, a pátria.[2]
O lema Travail, Famille, Patrie originalmente fazia parte da Croix-de-Feu (uma condecoração francesa), então do Parti social français (PSF) fundado pelo Colonel de La Rocque.[3]
Muitas vezes tem-se escrito que essas três palavras expressam a Revolução Nacional (RN), o programa empreendido pelo regime de Vichy.
Travail (Trabalho)
Em 24 de abril de 1941, o marechal Pétain inaugurou oficialmente o 1º de Maio como a fête du Travail et de la Concorde sociale (Dia do Trabalho e da Concórdia Social), o dia em que o trabalho e a compreensão mútua eram celebrados.
O regime ganhou a disputa contra algumas organizações sindicais para a elaboração de uma Carta do Trabalho. No que se declaravam igualmente contra o capitalismo e o marxismo, o regime de Vichy defendeu a busca de uma terceira via.
Frequentemente se diz que, em 1941, o Governo de Vichy estabeleceu um sistema previdenciário; com pensão por idade para os trabalhadores assalariados,[4][5] , mas no entanto houve apenas a renovação do antigo sistema de pensões, que havia sido desvalorizado pela inflação e pelas despesas extraordinárias.[6]
Famille (Família)
O regime colocou o Dia das Mães no calendário oficial. Com respeito à família, houve continuidade, em vez de ruptura, com a política familiar do período do governo Daladier, política esta que continuou ao longo dos anos de Pétain e que mais tarde viria a se estender ao longo da Quarta República Francesa (1946-1958).[7]
Patrie (Pátria)
O nacionalismo de Pétain, que via a si mesmo como caudatário do vitorioso nacionalismo de 1918, não interrompeu a sua colaboração com o regime Nazista. Até sua morte, ele manteve um certo grau de germanofobia, do tipo expresso por Charles Maurras. De sua parte, não havia registro de sentimentos pró-alemães ou anti-britânicos no período do Entreguerras. Várias vezes, Pétain reafirmou que ele considerava a si próprio como um aliado e um amigo da Grã-Bretanha. Na sua transmissão de rádio de 23 de junho de 1940, ele reprovou Winston Churchill em seguida ao discurso feito por este último em 22 de junho de 1940, após a assinatura do armistício naquele dia.[8]
Referências
↑A França possui uma constituição escrita de modo que, a cada vez que pressões políticas se amontoam, impondo a necessidade de sua radical reconfiguração, ao novo sistema que o sucede é dado um novo nome.
↑Maréchal Pétain, Politique sociale de l'avenir (o Futuro da Política Social) , La Revue des Deux Mondes, de 15 de setembro de 1940.
↑Albert Kéchichian, Les Croix-de-feu à l'âge des fascismes – Travail, Famille, Patrie, Éditions Champ Vallon, 2006