O traçado urbano da a Cidade Maurícia foi estabelecido no governo de João Maurício de Nassau por volta de 1640. A margem leste da Ilha de Antônio Vaz, que terminava em praias, mangues e restingas à beira da confluência dos rios Capibaribe e Beberibe, recebeu muralhas e portas de entrada, conforme mapa anônimo do Recife em 1644. O espaço entre as casas e a muralha leste da Ilha de Antônio Vaz foi o que deu origem à atual Rua do Imperador Pedro II.
A mais ampla imagem do século XVII, no qual figuram o espaço da margem leste da Ilha de Antônio Vaz, que deu origem à Rua do Imperador Pedro II, foi tomada do Pátio da igreja calvinista dos franceses por Frans Post no início da década de 1640. Interessante, nessa mesma imagem, é que foi perfeitamente representada a rua entre as casas e a muralha leste da Ilha de Antônio Vaz (do Pátio da igreja calvinista dos franceses até o Forte Ernesto), e que corresponde exatamente ao trecho da atual Rua do Imperador Pedro II entre as atuais Rua Estreita do Rosário (junto à Praça Dezessete) e Rua Siqueira Campos (junto ao complexo do Convento Franciscano de Santo Antônio e Ordem Terceira de São Francisco). Também foi representado, na mesma imagem de Frans Post, o portão junto à praia (onde hoje está a esquina da Rua do Imperador Pedro II com a Rua Estreita do Rosário), em local próximo àquele no qual está hoje situado o Cais do Imperador, o que demonstra que esse local já era usado como embarcadouro da Ilha de Antônio Vaz desde a década de 1640.[1][2] Somente nos séculos seguintes foi aberto o trecho da atual Rua do Imperador Pedro II a norte da atual Rua Siqueira Campos (em direção à Praça da República) e ao sul da atual Rua Estreita do Rosário (em direção ao Mercado de São José).
Período Colonial posterior à Insurreição Pernambucana
O denominado Pátio do Colégio, antigo Pátio da igreja calvinista dos franceses, marcava o ponto da costa leste da Ilha de Antônio Vaz, na qual a praia mudava sua orientação: da linha norte-sul acima desse pátio, para a linha nordeste-sudeste abaixo do mesmo pátio. Foi ao longo dessa linha que posteriormente se assentou a antiga Rua da Praia, que ainda mantém esse nome a partir da Rua Senhora do Carmo no sentido sudeste. A primitiva Rua da Praia iniciava-se em frente ao antigo Palácio de Friburgo, depois Erário Régio e chegava até o Colégio Jesuítico, que ocupava toda a quadra até a praia. A partir do Colégio Jesuítico, a Rua da Praia prosseguia no sentido sudeste, e mantém esse nome até o presente.
Séculos XIX e XX
Mesmo após a expulsão dos Jesuítas de Portugal e de suas colônias em 1759, o antigo Colégio Jesuítico passarou a ter vários usos, principalmente do Governo de Pernambuco, período no qual passou a ser denominado Palácio e seu espaço público frontal de Pátio do Palácio. Em 1846, o Pátio do Palácio recebeu um chafariz de mármore fabricado por italianos de Gênova, com a escultura de uma índia representando a nação brasileira (ainda existentes no local), período no qual o espaço foi ajardinado. Em 1855, a Venerável Irmandade do Divino Espírito Santo do Recife recebeu a igreja e o palácio, com a condição de restaura-los. A partir de então, o antigo Pátio do Colégio passou a ser chamado Largo do Espírito Santo.[3][4][5][6][7]
No conhecido Panorama do Recife em 1855 por Friedrich Hagedorn, tomado do alto da Igreja do Divino Espírito Santo (provavelmente do topo da torre direita, pois a torre esquerda foi representada na imagem), observa-se a mais antiga imagem conhecida da Rua da Praia, no trecho norte hoje denominada Rua do Imperador Pedro II e, à direita, o Cais do Colégio.[3][4][5][6][7]
No início do século XX, no período conhecido como Belle Époque, o antigo colégio jesuítico e depois palácio do governo de Pernambuco foram demolidos, para a união da atual Rua do Imperador Pedro II com a atual Rua da Praia.
Após a reconstrução do Cais às margens do Rio Capibaribe, em 1839, pelo engenheiro francês Júlio Boyer, o antigo Cais dos Flamengos passou a ser conhecido como Cais do Colégio. Foi por esse cais que Dom Pedro II, a Família Imperial e sua comitiva desembarcaram no Recife em 22 de novembro de 1859, para uma visita de 31 dias a Pernambuco, ocasião na qual foram realizados reparos e embelezamento para o evento, registrado em fotografia tomada da região da Alfândega, nesse mesmo dia. A partir de então, esse atracadouro passou a ser conhecido como Cais do Imperador. A abertura da Avenida Martins de Barros separou o cais da praça e, atualmente, o Cais do Imperador não tem mais a função de atracadouro, servindo como café e espaço de convivência.[3][4][5][6][7]
Após o desembarque de Dom Pedro II, a Família Imperial e sua comitiva no Recife 1859, o antigo Largo do Espírito Santo passou a ser denominado Praça Dom Pedro II, nome que chegou até o princípio do século XX. Segundo Virgínia Barbosa, a Igreja do Divino Espírito Santo e o Largo do Divino Espírito Santo (depois Praça Dom Pedro II) testemunharam fatos marcantes da história do Recife, entre eles "a visita do Imperador Dom Pedro II (1859); a procissão de penitência durante a epidemia de peste (1860); a festa abolicionista, com celebração de missa, promovida pela Sociedade Patriótica Bahiana Dous de Julho, em 2 de julho de 1870; a recepção a Bispos; e a cerimônia fúnebre de Joaquim Nabuco, em 18 de abril de 1910".[1][2][8][9]
Até a entrada do século XX, ainda existia a metade esquerda do Colégio Jesuítico (que se observa nas fotografias do período), demolida para o prolongamento da Rua do Imperador Pedro II, que marca o atual limite da Igreja do Divino Espírito Santo. No século XX, após a demolição do antigo Colégio Jesuítico e o prolongamento da Rua do Imperador Pedro II, o espaço outrora ocupado pelo Colégio Jesuítico, à esquerda da igreja, foi usado para a construção do Grande Hotel e Cassino do Recife em 1938 (hoje Fórum Tomaz de Aquino), separado da Igreja do Divino Espírito Santo por essa mesma rua.[3][4][1][2][5][6][7]
No início do século XX, o conjunto constituído pelo Cais e pela Praça Dom Pedro II consolidou-se como espaço público único, passando a ser denominado Praça Dezessete, cujo nome foi uma homenagem à Revolução Republicana de 1817. A abertura da Avenida Martins de Barros, no entanto, separou o cais da praça.[3][10][4][1][2][8][9][5][6][7]
Pelas edificações vizinhas, a Praça Dezessete está relacionada tanto à Igreja do Divino Espírito Santo quanto ao Cais do Imperador e ao antigo Grande Hotel de 1938, hoje Fórum Tomaz de Aquino.
O Decreto Municipal nº 29.537, de 23 de março de 2016, reconheceu a Praça Dezessete como um dos 15 “Jardins Históricos de Burle Marx” da cidade do Recife.[3] Em 2011 a Praça Dezessete foi revitalizada pela Prefeitura do Recife,[11] porém em 2015 já se encontrava novamente degradada.[4][5][6][7][12]
Em 2017 foi apresentado à Prefeitura do Recife, por ocupantes de prédios localizados na Rua do Imperador, um projeto para transformar a Rua do Imperador em uma grande praça.[13]