O Convento Franciscano de Santo Antônio é uma das construções mais antigas ainda existentes na cidade do Recife. Sua origem remonta a 28 de outubro de 1606, data em que os frades resolveram erguer um convento na Ilha dos Navios para atender à população próxima ao porto. A ilha mais tarde veio a receber o nome de Ilha de Antônio Vaz, e desenvolveu-se no atual Bairro de Santo Antônio.
O terreno de 56 braças para a construção foi doado por um senhor de engenho chamado Marcos André, e em 1613 já se registra como terminado um oratório com hospital anexo, dedicados ao Padroeiro do Recife. Durante o período da dominação holandesa o edifício foi transformado em fortaleza, sendo acrescido de muralhas, baluartes e demais apetrechos militares, recebendo o nome de Forte Ernesto. Depois, durante algum tempo foi votado à Igreja Anglicana, para atendimento dos oficiais da Companhia das Índias Ocidentais.[desambiguação necessária] Com a retirada dos holandeses o local passou novamente à propriedade dos Franciscanos, sendo restaurado e aumentado de uma enfermaria.
Além de sua importância histórica o convento possui grande interesse artístico, apresentando inúmeras obras de arte, mobiliário esculpido em jacarandá[desambiguação necessária] e objetos sacros diversos. Destacam-se os painéis de azulejos da portaria e sobretudo do claustro. Perfazem painéis de grandes dimensões com cenas variadas, ilustrando episódios bíblicos como o Dilúvio, a morte de Adão, o sacrifício de Isaac, a expulsão do Éden e outras mais. Também existe uma rara série de azulejos, cujo conjunto inclui material originário de Delft e crê-se que seja remanescente do antigo Forte Ernestus e do Palácio de Friburgo, erguido por Maurício de Nassau a pouca distância dali, com cerca de 900 peças instaladas como friso no exterior da sacada do piso superior do claustro, cada uma com uma figura individualizada, datando de entre 1630 e 1650.
Na capela do convento também existe azulejaria digna de nota, ilustrativa do Rosário de Nossa Senhora, e um púlpito obra de Francisco Manuel Béranger, do início do século XIX, além de mobiliário de bela feição.
A Igreja de Santo Antônio
A presente Igreja de Santo Antônio é a sucessora do primitivo oratório erguido junto com o convento no século XVII. No início século XVIII o oratório foi substituído por uma igreja maior, novamente remodelada entre 1753 e 1770, o que lhe emprestou o seu atual estilo rococó.
A fachada se eleva sobre uma portada de pedra com cinco grandes arcos redondos, continuando acima apenas sobre os três centrais, com janelões emoldurados em pedra esculpida com ornamentos e volutas, encimadas por óculos redondos, dos quais o central é maior. A cornija de separação do nível superior tem um arco no centro e decai em suave curva até as extremidades, onde se encontra com contrafortes em volutas que sobem dos arcos extremos do térreo.
O frontão que coroa o conjunto tem elegante desenho com grandes volutas floreadas, o brasão da Ordem ao centro e um cruz de arremate, além de pináculos em forma de labareda na base. Recuado em relação ao corpo da igreja está o campanário, à esquerda, com um coruchéu em bulbos octogonais superpostos revestido de azulejos.
O interior, de nave única, preserva uma série de painéis de azulejos representando cenas da vida de Santo Antônio ao longo das paredes laterais e junto ao piso, e mostra algumas tribunas, um púlpito à direita e um teto em abóbada de berço (com pinturas de Sebastião Canuto da Silva Tavares) de onde pendem grandes candelabros.
Bancadas e um corredor central conduzem até o fundo da igreja, cuja parede é completamente recoberta de talha rococó de refinado desenho. Nesta parede duas capelas secundárias se apegam ao arco do cruzeiro, dedicadas à Virgem Maria e São Francisco, respectivamente à esquerda e à direita, ladeando a capela-mor, em um nicho recuado. Seu retábulo ostenta um grande crucifixo rodeado de resplendor, tendo aos lados dois pares de colunas de capitel coríntio e fuste salomônico em uma e canelado em outra, além de estatuária menor, e um grande frontão ricamente lavrado. Acima, o teto da capela-mor é também em abóbada de berço revestida de azulejaria policroma em motivos florais.
Anexa à igreja está a Capela Dourada, separada da nave por um grande arco gradeado, à esquerda. Na sacristia se guarda grande quantidade de objetos preciosos de culto e outras obras de arte, como mobiliário setecentista com ornamentação de prata, obra do mestre entalhador José Gomes de Figueiredo, além de lavatórios e pinturas a óleo. Atrás da sacristia existe um pequeno cemitério, onde se eleva um cruzeiro de pedra instalado em 1840.