Estação Primeira de Mangueira foi a campeã do Grupo 1, conquistando seu décimo sexto título de campeã do carnaval com um desfile em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. O enredo "No Reino das Palavras, Carlos Drummond de Andrade" foi desenvolvido pelo carnavalesco Júlio Mattos, que conquistou seu quinto título na elite do carnaval. A vitória da Mangueira foi uma surpresa, já que a escola não era apontada entre as favoritas.[1] A agremiação chegou a receber vaias no desfile das campeãs.[2][3]Mocidade Independente de Padre Miguel ficou com o vice-campeonato por um ponto de diferença para a campeã. A escola realizou um desfile sobre a "Tupinicópolis", uma fictícia metrópole formada apenas por índios. Últimas colocadas, Unidos do Jacarezinho e Império da Tijuca foram rebaixadas para a segunda divisão. Através de contrato com a Prefeitura do Rio de Janeiro, a LIESA conseguiu aumentar sua participação na receita dos desfiles, passando a receber 33% das verbas referente aos ingressos vendidos, 50% de toda a comercialização realizada no interior do Sambódromo, e 100% dos direitos de transmissão pelas emissores de televisão.[4] Também assumiu o comando da Comissão Organizadora do Corpo de Jurados, fazendo diversas modificações na forma de julgamento.[5]
Independente do Morro do Pinto, Eles que Digam, Turma do Balão, e Mocidade da Pavuna venceram os grupos dos blocos de empolgação. Alegria de Copacabana, Unidos da Villa Rica, Unidos de São Cristóvão, Corações Unidos de Bonsucesso, Cem de Nilópolis, Arrastão de São João, Unidos do Parque Felicidade, União da Ilha de Guaratiba, Gaviões de Jacarepaguá, Alegria das Crianças, Tubarão, e Unidos de Sepetiba foram os campeões dos grupos de blocos de enredo.[9] Bola de Ouro ganhou a disputa de frevos.[10]Azulões da Torre foi o campeão dos ranchos.[11] Clube dos Independentes venceu o concurso das grandes sociedades.[12] No concurso de coretos, venceu o da Rua Guilherme da Silveira, em Bangu.[13]
A primeira noite de desfiles foi aberta pela campeã do Grupo 1-B do ano anterior, Unidos do Jacarezinho. A segunda noite de desfiles foi aberta pela vice-campeã do Grupo 1-B do ano anterior, São Clemente.[14][15]
Pela primeira vez, a LIESA assumiu a Comissão Organizadora do Corpo de Jurados, antes atribuída à Riotur. Hiram Araújo, Haroldo Bonifácio e Ari Araújo foram os responsáveis pela Comissão e pela elaboração do Manual do Julgador (regimento com todas as normas de julgamento do desfile). Também fizeram uma lista com nomes para integrar o júri do concurso. Dos nomes pré-selecionados, apenas o ator e diretor Anselmo Vasconcelos, que julgaria o quesito Conjunto, foi vetado pelas escolas Imperatriz Leopoldinense, Império Serrano, Mangueira e Portela. Anselmo dirigiu uma peça em que atuava Anderson Muller, o filho de Anísio Abraão David, presidente da LIESA e patrono da Beija-Flor. Além disso, cenários da peça foram confeccionados no barracão da escola de Nilópolis. Alegando que a proximidade do ator com a Beija-Flor levantaria suspeitas sobre sua avaliação, a LIESA decidiu cortá-lo do júri. Magoado com o veto à Anselmo e com as suspeitas de seu envolvimento com a Beija-Flor, Anísio se licenciou do cargo de presidente da Liga, deflagrando uma crise na entidade.[16][17][18]
A quantidade de jurados dobrou para quatro por cada quesito, ante dois do ano anterior. Visando evitar avaliações rigorosas ou muito generosas, também ficou decidido que a maior e a menor nota de cada escola, em cada quesito, seriam descartadas.[1][5][19] As escolas foram avaliadas em dez quesitos com notas de cinco a dez. Não houve critério para desempate, o que fez com que várias escolas ficassem empatadas.[20]
Caso cumprissem o regulamento, as escolas receberiam 25 pontos referentes à Avaliação de Impedimentos, Dispersão, Cronometragem, Concentração e Início de Desfile, sendo cinco pontos para cada item. Apenas Império da Tijuca não recebeu todos os pontos. A escola teve uma alegoria quebrada, que precisou desfilar rebocada por um guincho da Riotur, causando um atraso de 22 minutos.[22] O Império recebeu apenas os cinco pontos referentes à Dispersão. Todas as demais escolas receberam os 25 pontos.[19]
Legenda: Campeã Rebaixadas S Nota descartada J1 Julgador 1 J2 Julgador 2 J3 Julgador 3 J4 Julgador 4
Estação Primeira de Mangueira foi a campeã, conquistando seu décimo sexto título no carnaval do Rio de Janeiro. A escola também venceu no ano anterior. A Mangueira encerrou a primeira noite do Grupo 1 com um desfile em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. O enredo "No Reino das Palavras, Carlos Drummond de Andrade" foi desenvolvido pelo carnavalesco Júlio Mattos, que conquistou seu quinto título na elite do carnaval. Um dos destaques do desfile foi a comissão de frente, formada por compositores como Chico Buarque, Carlos Cachaça, Nelson Sargento, Hermínio Bello de Carvalho e João Nogueira.[23] Com 84 anos de idade, Drummond foi impedido por seus médicos de desfilar, vindo a falecer meses depois do carnaval, em 17 de agosto de 1987.[24] A escola recebeu apenas quatro notas abaixo da máxima (10), sendo que três foram descartadas. A vitória da Mangueira foi recebida com surpresa por seus torcedores, uma vez que a escola não era apontada entre as favoritas. A quadra da agremiação encontrava-se vazia durante a apuração do resultado.[3][25]
Mocidade Independente de Padre Miguel foi a vice-campeã com um ponto de diferença para a Mangueira. A escola apresentou um desfile em que idealizava uma metrópole indígena, incorporando paisagens e características do cotidiano urbano aos costumes e termos dos índios, sendo saudada pelo público com gritos de "já ganhou!".[26][27][28][29] O enredo "Tupinicópolis" foi assinado pelo carnavalesco Fernando Pinto, que morreria em novembro do mesmo ano. Império Serrano e Portela empataram em terceiro lugar com 221 pontos. O Império apresentou um desfile sobre a história da comunicação e em homenagem ao apresentador Chacrinha, autor da frase que deu nome ao enredo.[30] A Portela realizou uma apresentação inspirado no poema "Adelaide, a Pomba da Paz" do romancista Walmir Ayala. A obra narra a história de uma pomba que, perdida na floresta, descobria o significado da palavra 'amor' e se tornava a mensageira da paz. Beija-Flor e Estácio de Sá empataram em quarto lugar com 219 pontos. Vice-campeã nos dois carnavais anteriores, a Beija-Flor apresentou um desfile sobre o teatro. A Estácio realizou uma apresentação sobre o sapoti, fruto comestível utilizado na fabricação de gomas de mascar, entre outras coisas. O samba-enredo da escola, "O Tititi do Sapoti", fez grande sucesso, especialmente pelo refrão "Que tititi é esse / Que vem da Sapucaí / Tá que tá danado / Tá cheirando a sapoti".[31]Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel empataram em quinto lugar com 216 pontos. O Salgueiro apresentou um desfile com uma mensagem positiva de que o sonho é fundamental para se alcançar um futuro melhor.[32] A Vila Isabel realizou uma apresentação sobre a criação das estações do ano de acordo com uma lenda indígena. A escola inovou ao apresentar um samba-enredo sem rimas, composto por Martinho da Vila.[33][34]
Imperatriz Leopoldinense foi a sexta colocada prestando um tributo à cantora Dalva de Oliveira, morta em 1972. Foi o último desfile do carnavalesco Arlindo Rodrigues, que morreria no decorrer do mesmo ano. São Clemente e Unidos do Cabuçu empataram em sétimo lugar com 197 pontos. De volta ao Grupo 1, a São Clemente realizou um desfile com uma crítica social sobre menores abandonados.[35] Unidos do Cabuçu homenageou o cantor Roberto Carlos, que desfilou na última alegoria da escola.[36]Caprichosos de Pilares foi a oitava colocada com uma apresentação em que criticava as falsas promessas de políticos.[37] Nona colocada, a União da Ilha do Governador realizou um desfile sobre a imprensa escrita. Unidos da Ponte ficou em décimo lugar com uma apresentação sobre saudosos sambistas e outras personalidades dos desfiles de escolas de samba já falecidos.[38] Recém promovida ao Grupo 1 após vencer o Grupo 1-B no ano anterior, a Unidos do Jacarezinho foi rebaixada de volta para a segunda divisão. Penúltima colocada, a escola prestou um tributo ao cantor e compositor Lupicínio Rodrigues, morto em 1974. Última colocada, a Império da Tijuca também foi rebaixada para o Grupo 2. O enredo da escola, "Viva o Povo Brasileiro", foi baseado no poema homônimo do escritor João Ubaldo Ribeiro.[39]
Legenda: Desfile dos Campeões Rebaixadas para o Grupo 2
A segunda divisão do carnaval carioca foi renomeada de Grupo 1-B para Grupo 2. O desfile foi organizado pela Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro (AESCRJ) e realizado no Sambódromo da Marquês de Sapucaí entre as 22 horas de sexta-feira, dia 27 de fevereiro de 1987 e as 10 horas e 40 minutos do dia seguinte.[14][40][41]
Imagens do desfile de 1987 da Unidos da Tijuca. Escola foi a campeã do Grupo 2.
Unidos da Tijuca foi a campeã, garantindo seu retorno à primeira divisão, de onde foi rebaixada no ano anterior. A escola recebeu gritos de "é campeã" do público nas arquibancadas, sendo apontada pela imprensa como favorita ao título.[41][42] A Tijuca empatou em pontos totais com a Tradição, conquistando o título nos critérios de desempate.[1] Em seu terceiro ano de existência, a Tradição conquistou o vice-campeonato e também foi promovida ao Grupo 1. A escola homenageou Natal, histórico ex-presidente da Portela, morto em 1975.[43] Última colocada, a Em Cima da Hora foi rebaixada para a terceira divisão.[6][7][8]
Legenda: Promovidas ao Grupo 1 / Desfile dos Campeões Rebaixadas para o Grupo 3 * Sem informação disponível
A terceira divisão do carnaval carioca foi renomeada de Grupo 2-A para Grupo 3. O desfile foi organizado pela AESCRJ e realizado na Avenida Graça Aranha, entre as 22 horas do domingo, dia 1 de março de 1987, e as 12 horas do dia seguinte.[14][44][45]
Paraíso do Tuiuti foi a campeã, garantindo seu retorno ao Grupo 2, de onde foi rebaixada em 1984. A escola realizou um desfile sobre o pagode. O enredo foi assinado pelo carnavalesco Júlio Mattos, que também foi campeão do Grupo 1 pela Mangueira. Vice-campeã por dois pontos de diferença para a Tuiuti, a Tupy de Brás de Pina também foi promovida ao Grupo 2, de onde estava afastada desde 1978. A Tupy homenageou a cantora Marlene, que participou do desfile.[45] Últimas colocadas, Unidos da Vila Santa Tereza e Unidos de Cosmos foram rebaixadas para a quarta divisão.[6][7][8]
Legenda: Promovidas ao Grupo 2 Rebaixadas para o Grupo 4 * Sem informação disponível
A quarta divisão do carnaval carioca foi renomeada de Grupo 2-B para Grupo 4. O desfile foi organizado pela AESCRJ e realizado na Avenida Graça Aranha, a partir das 23 horas e 30 minutos da segunda-feira, dia 2 de março de 1987.[14][46][47] O desfile marcou a estreia da Leão de Nova Iguaçu e da Acadêmicos do Cubango e Unidos do Viradouro de Niterói na competição do Rio de Janeiro. No ano anterior, as três desfilaram como convidadas.[48]
Mocidade Unida de Jacarepaguá foi a campeã, garantindo seu retorno ao Grupo 3, de onde foi rebaixada em 1985. A escola prestou um tributo ao compositor Cartola, morto em 1980. Vice-campeã por um ponto de diferença para a Mocidade, a Acadêmicos do Cubango também foi promovida ao Grupo 3. Última colocada, Unidos da Zona Sul foi suspensa de desfilar no ano seguinte. Sereno de Campo Grande não se apresentou para o desfile e também foi suspensa por um ano.[6][7][8]
Legenda: Promovidas ao Grupo 3 Escolas suspensas * Sem informação disponível
O desfile do Grupo A-5 não foi realizado. Participariam do concurso os blocos: Unidos de Realengo; Unidos do Medanha; Leão de Realengo; Boca Nervosa; Vai Quem Quer; Bafo da Cobra; Trem da Alegria; Amores de Padre Miguel; Boêmios do Jabor; Xavantes do Tingui.[9]
Os desfiles dos blocos de enredo foram organizados pela FBCERJ. A apuração dos resultados foi realizada na quinta-feira, dia 5 de março de 1987, no Maracanãzinho.[49]
Grupo 1-A
O desfile foi realizado no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, a partir das 20 horas e 30 minutos do sábado, dia 28 de fevereiro de 1987.[50][51][51]
Classificação
Alegria de Copacabana foi o campeão desfilando com um enredo sobre o Quilombo dos Palmares. Renato Lage e Lilian Rabelo foram os carnavalescos responsáveis pelo desfile. O bloco teve como patrono o contraventor Waldomiro Paes Garcia, o Maninho, que afirmou ter investido Cz$ 2 milhões no desfile.[9][52][53]
O desfile dos clubes de frevo foi realizado a partir das 18 horas do sábado, dia 28 de fevereiro de 1987, na Avenida Graça Aranha.[50] Bola de Ouro foi o campeão.[10]
O desfile dos ranchos foi realizado na Avenida Graça Aranha, a partir das 19 horas e 30 minutos da segunda-feira, dia 2 de março de 1987.[57] O rancho Azulões da Torre foi campeão.[11]
O desfile das grandes sociedades foi realizado na Avenida Grança Aranha entre as 21 horas da terça-feira, dia 3 de março de 1987, e 1 hora e 30 minutos do dia seguinte.[58] Clube dos Independentes foi o campeão.[12]
Desfile dos Campeões
O Desfile dos Campeões foi realizado no Sambódromo da Marquês de Sapucaí entre as 20 horas e 50 minutos do sábado, dia 7 de março de 1987, e as 10 horas do dia seguinte.[59] Participaram do desfile as quatro escolas mais bem classificadas do Grupo 1, as escolas campeã e vice-campeã do Grupo 2, e os blocos de enredo campeão e vice-campeão do Grupo 1-A. A campeã Mangueira recebeu vaias e aplausos do público.[2]
Bastos, João (2010). Acadêmicos, unidos e tantas mais - Entendendo os desfiles e como tudo começou 1.ª ed. Rio de Janeiro: Folha Seca. 248 páginas. ISBN978-85-87199-17-1
Cabral, Sérgio (2011). Escolas de Samba do Rio de Janeiro 3.ª ed. São Paulo: Lazuli; Companhia Editora Nacional. 495 páginas. ISBN978-85-7865-039-1
Gomes, Fábio; Villares, Stella (2008). O Brasil É Um Luxo: Trinta Carnavais de Joãosinho Trinta 3.ª ed. São Paulo: CBPC - Centro Brasileiro de Produção Cultural Ltda. e AXIS Produções e Comunicação Ltda. 256 páginas. ISBN978-85-87134-04-2
Gomyde Brasil, Pérsio (2015). Da Candelária à Apoteose - Quatro décadas de paixão 3.ª ed. Rio de Janeiro: Multifoco. 501 páginas. ISBN978-85-7961-102-5
Riotur (1991). Memória do Carnaval 1.ª ed. Rio de Janeiro: Oficina do Livro. 407 páginas. ISBN85-85386-01-0
Valença, Rachel; Valença, Suetônio (2017). Serra, Serrinha, Serrano - O Império do Samba 1.ª ed. Rio de Janeiro: Record. 433 páginas. ISBN978-85-0110-897-5