Reflexões sobre a Vaidade dos Homens é um livro de Matias Aires. Publicado pela primeira vez em 1752, a obra conheceu mais três edições ainda na segunda metade do século XVIII (1761, 1778 e 1786). A obra apresenta inúmeros exemplos, em linguagem clara e fluente, em que os períodos compostos por subordinação raramente assumem estrutura labiríntica, o que parece decorrência da feição sentenciosa da sua frase: muitas orações ou períodos simples de Matias Aires são verdadeiras máximas.[2]
Apesar de tão notável êxito editorial, a obra mergulhou no ostracismo durante toda a centúria seguinte e os princípios da atual.[3] Até que Solidônio Leite (Clássicos Esquecidos, Rio de Janeiro, 1914) repôs Matias Aires no interesse público e dos estudiosos.[3]
Nestor Vítor, atendendo ao chamado de Solidônio Leite, publicou ao jornal carioca Correio da Manhã (janeiro de 1914) três artigos acerca do autor de Reflexões.[3] Uma edição fac-similar da obra veio completar a ressurreição do prosador paulista.[3] Outra edição, com ortografia atualizada e inteligentemente prefaciada por Tristão de Ataíde, dada à estampa em 1942, ao mesmo tempo que outros estudiosos lhe dedicavam atenção, principalmente no que tange à biografia, consegrou-o em definitivo.[3]
As Reflexões, em que se evidencia o impacto do Eclesiastes, de La Rochefoucauld, Pascal, La Bruyère, Bossuet e Massillon, compõem-se de 163 fragmentos subordinados ao tema geral da vaidade.[3] O moralista discute-o sob os mais variados pontos de vista, a saber: a vaidade é um vício, parece-se com o amor-próprio, a vaidade de ter juízo, de ter razão, de ter malícia, da solidão, a vaidade do medíocre, a vaidade do herói, da glória, da fortuna, do renome, do rei, da mulher, da beleza, etc.[3] [4]
As vaidades podem, portanto, ser construtivas ou destrutivas; quando são construtivas, fundam-se no afeto, que em si mesmo é positivo, só se deturpandoo pela orientação vaidosa que recebe da inteligência; as vaidades destrutivas são as vaidades da inteligência orgulhosa, que levam o homem a uma pseudo-sabedoria e se reduzem a posturas pretensiosas. [5]
As múltiplas vaidades que Matias Aires enumera podem, ser reduzidas a modalidades das vaidades positiva ou negativa, e distribuídas do seguinte modo:
Vaidades positivas ou construtivas: