Kimbanda ou Quimbanda é um conceito religioso afro-brasileiro com raízes na mitologia Bantu,[1] ainda controverso quanto a sua real definição na atualidade. Por vezes, é classificada como uma religião autônoma, e por vezes como uma Linha de Trabalho (Linha de Esquerda) da Umbanda e do Candomblé, ou seja, uma modalidade de atuação e conhecimento do mundo astral e espiritual onde Umbandistas têm a possibilidade de fazer o uso da magia e feitiços para atingir os objetivos, seja práticos, seja objetivos de evolução espiritual pregados pelo culto aos Orixás.[2][3][4]
Suas entidades, conhecidas como "Povo da Rua", dividem-se entre Exus (masculinos) e Pombagiras (femininas), os ambos mensageiros e guardiões, que vibram nas matas, cemitérios, encruzilhadas, etc
Etimologia
O nome vêm da palavra de língua Quimbundu (ou Mbundu) Kimbanda, que significa "curador" ou "xamã", também se refere a "aquele que se comunica com o além".[5]
Descrição
A Quimbanda trabalha diretamente com os Exus e com as Pambu ia-njila (Pombajiras), de uma forma não trabalhada na linha direita da Umbanda, pois esta trata do culto a Orixás.[6] De acordo com a cosmologia Umbandista, Exus e Pombajiras manipulam tanto forças negativas quanto positivas - o que não significa que sejam malignas: as raízes da cosmovisão da Kimbanda não adota a divisão maniqueísta entre bem e mal.[7][4] Os Exus e Pombajiras de Quimbanda diferenciam-se de (e atuam contra) as Kiumbas, que são espíritos obsessores que mantêm-se presos à terra por atrasos em sua evolução, e que por vezes podem mesmo se manifestar fantasiados de falsos Exus e Pombajiras.[8] Os Exus e Pombajiras trabalham basicamente para o desenvolvimento espiritual das pessoas, com o intuito de evolução espiritual, além de proteção de seu médium. Como são as entidades mais próximas à faixa vibratória dos encarnados, apresentam muitas semelhanças com os humanos.
A entrega de oferendas é comum na Kimbanda, assim como na Umbanda, mas variam de acordo com cada entidade.[3] Podem ser oferecidas bebidas alcoólicas, tais como cachaça (Marafo), uísque, vinho, sidra, conhaque, entre outras, além de velas, charutos e cigarros.
História
O termo "Quimbanda" (da mesma forma que o termo "Umbanda") tem origem na língua Mbundu, e dentro do Candomblé de Angola designa, desde o período pré-colonial, um rito próprio, cujo sacerdote que o pratica é chamado de "Tata Kimbanda".[9]
No Brasil, com o advento da Umbanda enquanto religião organizada pela tradição de Zélio, o termo "Quimbanda" passou a ser usado para descrever pejorativamente todos aqueles trabalhos espirituais que eram negados pelos preceitos desta Umbanda de corte espírita e católico, que utiliza mesmo termos como "fariseus"[6] para se referir a Umbandistas que fazem trabalhos com Exus de Umbanda[6]; trabalhos que, de acordo com a cosmovisão africana alheia ao maniqueísmo ocidental, não são necessariamente "malignos".[4] Não se pode confundir a Quimbanda (culto de Exus e Pombajiras) com "Quiumbanda", que é outro nome para os Kiumbas.[9]
Ver também
Referências
Bibliografia
- BANDEIRA, Cavalcanti. O que é a Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Eco, 1973;
- FONSECA, José Alves. Umbanda, religião brasileira. Rio de Janeiro, 1978;
- FREITAS, João de. Exu na Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Espiritualista, 1970.
- SOUZA, Ortiz Belo. Umbanda na Umbanda. São Paulo: Editora Portais de Libertação, 2012.