Plutónio

 Nota: Para outros significados de Plutónio, veja Plutónio (desambiguação).
Plutônio
NetúnioPlutônioAmerício
Sm
   
 
94
Pu
 
               
               
                                   
                                   
                                                               
                                                               
Pu
Tabela completaTabela estendida
Aparência
prateado metálico


Um anel de plutônio de pureza 99,96%, peso 5,3 kg, e aproximadamente 11 cm de diâmetro.
Informações gerais
Nome, símbolo, número Plutônio, Pu, 94
Série química Actinídeo
Grupo, período, bloco n/a, 7, f
Densidade, dureza 19816 kg/m3, dureza desconhecida
Número CAS 7440-07-5
Número EINECS
Propriedade atómicas
Massa atómica 244,0642 u
Raio atómico (calculado) 159 pm
Raio covalente 187±1 pm
Raio de Van der Waals pm
Configuração electrónica [Rn] 5f6 7s2
Elétrons (por nível de energia) 2, 8, 18, 32, 24, 8, 2 (ver imagem)
Estado(s) de oxidação 7, 6, 5, 4, 3
Óxido anfótero
Estrutura cristalina monoclínico
Propriedades físicas
Estado da matéria sólido
Ponto de fusão 912,5 K
Ponto de ebulição 3505 K
Entalpia de fusão 2,82 kJ/mol
Entalpia de vaporização 333,5 kJ/mol
Temperatura crítica  K
Pressão crítica  Pa
Volume molar m3/mol
Pressão de vapor 1 Pa a 1756 K
Velocidade do som 2260 m/s a 20 °C
Classe magnética paramagnético
Susceptibilidade magnética
Permeabilidade magnética
Temperatura de Curie  K
Diversos
Eletronegatividade (Pauling) 1,28
Calor específico J/(kg·K)
Condutividade elétrica S/m
Condutividade térmica 6,74 W/(m·K)
1.º Potencial de ionização 584,7 kJ/mol
2.º Potencial de ionização kJ/mol
3.º Potencial de ionização kJ/mol
4.º Potencial de ionização kJ/mol
5.º Potencial de ionização kJ/mol
6.º Potencial de ionização kJ/mol
7.º Potencial de ionização kJ/mol
8.º Potencial de ionização kJ/mol
9.º Potencial de ionização kJ/mol
10.º Potencial de ionização kJ/mol
Isótopos mais estáveis
iso AN Meia-vida MD Ed PD
MeV
236Pusintético2,86 aα5,867232U
237Pusintético45,2 dε
α
0,220
5,748
237Np
233U
238Pusintético87,7 aα5,593234U
239Putraços24,110 aα5,245235U
240Putraços6564 aα5,256236U
241Putraços14,35 aβ
α
0,021
5,14
241Am
237U
242Putraços375·103 aα4,984238U
243Putraços4,956 hβ0,579243Am
244Pu100%80·106 aα4,666240U
Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.

O plutónio (português europeu) ou plutônio (português brasileiro) (em homenagem ao corpo celeste Plutão) é um elemento químico representado pelo símbolo Pu e de número atômico igual a 94 (94 protões e 94 electrões). À temperatura ambiente, o plutônio encontra-se no estado sólido. Pertencente a família dos actinídeos, é um metal radioativo, frágil, muito denso e de cor prateada-branca, que embaça em contato com o ar, formando um revestimento amorfo quando oxidado. Tem o maior número atômico dentre os elementos primordiais, é encontrado em poucas quantidades junto a minérios de urânio, sendo formado naturalmente por capturas neutrônicas de átomos de urânio. O mais estável isótopo do plutônio é o plutônio-244, com uma meia-vida de cerca de 80 milhões de anos, grande o suficiente para que se encontre traços dele na natureza.[1] Plutônio é principalmente um produto de reações nucleares em reatores onde alguns nêutrons liberados em fissões nucleares são capturados por átomos de Urânio-238, que após uma série de decaimentos, finalmente torna-se Pu.[2] O elemento normalmente exibe seis alótropos e quatro estados de oxidação. Ele reage com carbono, halogênios, nitrogênio, silício e hidrogênio. Quando exposto ao ar úmido, forma óxidos e hidretos que expandem a amostra em até 70% do volume, podendo entrar em ignição espontaneamente como um pó. Como toda substância radioativa, o manuseio do plutônio é uma atividade perigosa.

Ele difere muito em suas características físico-químicas com os elementos do resto do grupo. Possui sete diferentes formas alotrópicas com base na temperatura e pressão aplicadas:α, β, γ, δ, δ', ε e ζ. Levando a níveis de oxidação de +2 a +7. A densidade varia de entre as formas alotrópicas de 19,8 g/cm³ (α-Pu) a 15,9 g / cm³ (δ-Pu).

Ambos o plutônio-239 e plutônio-241 são físseis, significando que eles podem sustentar uma reação em cadeia, levando a aplicações em armas nucleares e reatores nucleares. Plutônio-240 exibe uma grande taxa de fissão espontânea, elevando o fluxo de nêutrons de qualquer amostra que o contém. A presença de plutônio-240 limita usabilidade de uma amostra de plutônio em armas ou a sua qualidade em como um combustível em um reator, e a percentagem de Pu-240 determina o seu grau (grau para armas, combustível ou reator).

Plutônio-238 tem uma meia vida de 88 anos e é um emissor de partículas alfa. Ele é uma fonte de calor em geradores termoelétricos de radioisótopos, que são usados como fonte de energia para algumas sondas. Isótopos de plutônio são caros e inconveniente de se separar, sendo manufaturados em reatores especializados.

Uma equipe liderada por Glenn T. Seaborg e Edwin McMillan na Universidade da Califórnia, Berkeley, sintetizou plutônio pela primeira vez em 1940 bombardeando urânio-238 com deutério. Traços de Pu na natureza foram descobertos subsequentemente. Produzindo plutônio em quantidades utilizáveis pela primeira vez foi a maior parte do Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial, que desenvolveu armas nucleares pela primeira vez. O primeiro teste nuclear, a Experiência Trinity (julho de 1945) e a segunda bomba nuclear a ser usada contra humanos, na cidade de Nagasaki, em agosto de 1945, Fat Man, eram ambas bombas que tinham um núcleo de plutônio-239. Experimentos de radiação com humanos utilizando plutônio foram conduzidos sem o consentimento informado, e vários acidentes de criticidade, alguns letais, ocorreram durante e depois da guerra. A disposição de resíduos de Pu de usinas nucleares e armas nucleares desmanteladas construídas durante a Guerra Fria são uma preocupação ambiental e a respeito da proliferação nuclear. Outras fontes de Pu no ambiente são o fallout nuclear de numerosos testes nucleares acima do solo (agora banidos por tratado).

História

Descoberta

Glenn T. Seaborg e sua equipe foram os primeiros a sintetizar plutônio.

Enrico Fermi e uma equipe de cientistas da Universidade de Roma informaram que eles haviam descoberto o elemento 94 em 1934. Fermi chamou o elemento de hesperium e mencionou o nome em sua palestra em 1938. A amostra foi na verdade uma mistura de bário, criptônio e outros elementos, mas isso não era conhecido na época, porque a fissão nuclear ainda não havia sido descoberta.

Glenn T. Seaborg e sua equipe, em Berkeley, foram os primeiros a produzir plutónio.

Plutónio (especificamente, plutônio-238) foi produzido pela primeira vez e isolado em 14 de dezembro de 1940, e quimicamente identificado em 23 de fevereiro de 1941 por Glenn T. Seaborg, Edwin McMillan, Joseph William Kennedy, e Arthur Wahl. O elemento era originalmente produzido pelo bombardeio de urânio por deutério em um ciclotron de 150 centímetros na Universidade da Califórnia, Berkeley. No experimento de 1940, Neptúnio-238 foi criado diretamente pelo bombardeio, mas deteriorado por emissão beta, dois dias depois, o que indicou a formação do elemento 94.

Um trabalho documentando a descoberta foi preparado pela equipe e enviado à revista Physical Review em março de 1941. O artigo foi retirado antes de sua publicação, após a descoberta de que um isótopo desse novo elemento (plutônio-239) poderia sofrer fissão nuclear de maneira que possa ser utilizado na fabricação de uma bomba atômica. A publicação foi atrasada até um ano após o final da Segunda Guerra Mundial, devido a preocupações de segurança.

Edwin McMillan havia recentemente aplicado ao primeiro elemento transurânico o nome em homenagem ao planeta Netuno, e sugeriu que o elemento 94, sendo o elemento seguinte na série, deveria ser nomeado para o que era, até então, considerado o próximo planeta, Plutão. Seaborg originalmente considerou o nome "plutium", mas depois pensou que não tinha som tão bom quanto "plutónio." Ele escolheu as letras "Pu" como uma piada, que passou sem aviso prévio para a tabela periódica. Outros nomes alternativos considerados por Seaborg e outros foram "ultimium" ou "extremium" devido à crença errônea de que tinham encontrado o último possível elemento na tabela periódica.

Primeiras pesquisas

Após alguns meses de estudo inicial, concluiu-se que as propriedades químicas do plutónio eram semelhantes à do urânio. As pesquisas iniciais foram mantidas em segredo no Laboratório Metalúrgico da Universidade de Chicago. Em 18 de agosto de 1942, uma quantidade deste elemento foi isolado e medida pela primeira vez. Cerca de 50 microgramas de plutónio-239 combinado com produtos da fissão do urânio foram produzidos e apenas cerca de 1 micrograma foi isolado. Esta amostra permitiu aos químicos que determinassem o peso do novo elemento químico.

Em 1942 os E.U.A havia acumulado 500 gramas de sais de plutónio, e formou grupos de cientistas para realizar análises mais profundas no elemento, além de vários outros menores, três deles eram os mais importantes:

  • Grupo para fornecer plutónio puro por métodos químicos (Los Alamos: J. W. Kennedy, C. S. Soares, A. C. Wahl, C. S. Garner, I. B. Johns);
  • Grupo para estudo do comportamento de plutónio em soluções, incluindo um estudo de seus estados de oxidação, potenciais de ionização e da cinética de reação (Berkeley: W. M. Latimer, E. D. Eastman, R. E. Connik, J. W. Gofman, etc.);
  • Grupo para estudo da química dos complexos de íons de plutónio (Iowa: F. H. Spedding, W. H. Sullivan, F. A. Voigt, como Newton).

Em novembro de 1943, trifluoreto de plutónio foi reduzido para criar a primeira amostra de plutónio metálico, resultando em alguns microgramas de deste composto. Foi o primeiro elemento transurânico sintetizado artificialmente com uma amostra pura visível a olho nu. As propriedades nucleares de plutónio-239 também foram estudadas, os pesquisadores descobriram que quando ele é atingido por um nêutron ele pode sofrer um processo de fissão nuclear, liberando mais nêutrons e energia. Esses nêutrons podem atingir outros átomos de plutónio-239 e assim por diante, e formar uma reação em cadeia. Isso pode resultar em uma explosão grande o suficiente para destruir uma cidade, se o isótopo estiver concentrado o suficiente para formar uma massa crítica.

Na antiga URSS as primeiras experiências para criar Pu-239 ocorreram entre 1934 e 1944, sob a liderança de Igor Kurchatov e B. Khlopin. Em pouco tempo, a União Soviética realizou amplos estudos sobre as propriedades de plutónio. No início de 1945, o primeiro cíclotron da Europa foi construído em 1937 no Instituto Radium, a primeira amostra de plutónio foi obtida ao irradiar urânio no cíclotron. Na cidade de Ozersk em 1945 foi iniciada a construção do primeiro reator nuclear comercial para produzir plutónio, a planta nuclear Mayak, finalizada em 19 junho de 1948.

Produção durante o Projeto Manhattan

Locais de pesquisa do Projeto Manhattan.

A origem do Projeto Manhattan é frequentemente associada à carta de Albert Einstein a Franklin Roosevelt, então presidente dos E.U.A. A carta dizia da preocupação de Einstein de que a Alemanha Nazista pudesse vir a desenvolver armas nucleares. O projeto de programa nuclear, dos quais formados no Projeto Manhattan, foi aprovado e estabelecido por decreto presidencial.[3] Sua atividade do Projeto Manhattan começou a 12 de agosto de 1942. Seus três objetivos principais eram:

O primeiro reator que tornou possível a obtenção de Pu foi o Chicago-Pile-1, comissionado em 2 de dezembro de 1942. Ele consistia de 6 toneladas de urânio metálico, 34 toneladas de óxido de urânio e 400 toneladas de grafite em blocos.[5] As únicas coisas que poderiam parar a reação nuclear em cadeia eram as barras de cádmio, que possuíam uma grande capacidade de captura dos nêutrons térmicos necessários para a manutenção da reação em cadeia. Devido à ausência de proteção contra as radiações e resfriamento, a sua potência de operação era limitada em 200 Watts, porém, graças ao Chicago-Pile-1, foi possível produzir plutónio em uma quantidade maior do que os ciclotrons. Meses depois, o reator experimental X-10 continuou o trabalho iniciado pelo Chicago-Pile-1 na produção de Pu para o projeto, porém se descobriu que a porcentagem do isótopo Pu-240 no plutónio produzido por esses reatores era grande, sendo necessária sua separação do Pu-239 através de um enriquecimento para que não ocorresse a detonação acidental de armas nucleares.

A forma de detonação de armas nucleares de plutónio (por implosão) era de baixa confiabilidade, por isso testes anteriores eram necessários para comprovar o seu funcionamento. Sendo assim foi criado um artefato pouco antes do uso destas armas em guerra. A Trinity detonou em 16 de Julho de 1945, com um poder explosivo equivalente a 20 quilotons de TNT.

Tendo certeza do sucesso destas armas, foi logo feito uma bomba para ser usada em guerra, o Fat Man, esta bomba tinha três alvos, o primário era Kokura, o secundário Nagasaki, Kokura estava encoberta por nuvens, e portanto era quase certo de que a bomba erraria o alvo. Então os B-29 Superfortress rumaram para Nagasaki, que apesar de também estar sob nuvens e ventos, dissipou-se logo, então foi ordenado que a cidade deveria ser atacada. A bomba foi lançada, mas se deslocou durante a queda, caindo em um vale ao lado e parte da explosão foi contida, mesmo assim a bomba dizimou a cidade.

Disponibilidade e produção

Quantidades pequenas, traços, de ao menos três isótopos de plutônio (Pu 238, 239 e 244) podem ser encontrados na natureza. Pequenas quantidades de Pu-239, em algumas partes por milhão, e seus produtos de decaimento são naturalmente encontrados em minérios concentrados de urânio.[6] assim como no reator nuclear natural de fissão em Oklo, Gabão.[7] A razão de Pu-239 para o urânio no depósito de urânio Cigar Lake Mine varia de 2,4×10−12 para 44×10−12.[8] Mesmo pequenas quantidades de nuclídeos primordiais de Plutônio-244 ocorrem naturalmente devido a sua relativa meia-vida longa de cerca de 80 milhões de anos.[9] Esses traços de 239Pu originam de três formas diferentes: em raras ocasiões, 238U sofre fissão espontânea, e no processo, o núcleo emite 2 ou 3 nêutrons livres com algumas energia cinética. Quando um desses nêutrons atinge o núcleo de outro átomo de 238U, ele é absorvido pelo átomo, que torna-se 239U. Com uma relativa meia-vida curta,239U decai para netúnio-239 (239Np), e então em 239Np decai em 239Pu.

Devido a relativa longa meia-vida do plutônio-240, ele ocorre na cadeia de decaimento do plutônio-244, ele também deve estar presente, embora em 10 000 vezes mais raro. Finalmente, pequenas amostras de Pu-238 foram achadas em amostras de urânio natural, devido ao raro decaimento beta do U-238 em Pu-238.[10]

Pequenos traços de plutônio são usualmente encontrados no corpo humano devido aos mais de 550 testes nucleares atmosféricos e aquáticos que foram feitos, e um número pequeno de acidentes nucleares com reatores civis. A maioria dos testes nucleares aquáticos e atmosféricos foram parados pelo Tratado de banimento parcial dos testes, em 1963, que foi ratificado pelos Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética, e outras nações. Testes nucleares atmosféricos ocorreram depois de 1963 por nações que não assinaram o tratado, incluindo aquelas da República Popular da China (teste com bomba atômica sobre o Deserto de Gobi em 1964,teste com bomba de hidrogênio em 1967, e testes seguintes) e França (testes tão recentes como da década de 1990). Devido à fabricação deliberada para armas nucleares e reatores nucleares, plutônio-239 é o isótopo mais abundante do plutônio até agora.[11] Também a hipotético a possibilidade de quantidades realmente muito pequenas de plutônio produzido pelo bombardeamento de minério de urânio por raios cósmicos.

Até 2002, 1 200 toneladas de plutônio[12] tinham sido produzidas em reatores nucleares, e pelo reprocessamento nuclear. Durante a produção e teste de armas nucleares, uma certa quantidade de plutônio foi liberada no ambiente, uma estimativa de 12,7 toneladas somente para o programa nuclear dos E.U.A. sozinho.[13] Em adição, durante a produção do plutônio em reatores nucleares civis, o plutônio foi liberado por acidentes de design e escapou para a biosfera, e tem sido encontrado em camadas sedimentares e em espécies aquáticas.

De forma artificial, o plutônio-239 é produzido em reatores nucleares por sucessivos decaimentos beta pelo U-239 e Np-239 expressos por essa equação:

O Pu-238, utilizado em geradores termoelétricos de radioisótopos, foi o primeiro a ser sintetizado, ele é criado quando o U-238 é bombardeado por um deuterio produzindo netunio (intermediário) e depois Pu-238.

Os demais isótopos são produzidos quando o Pu-239 captura um nêutron mas não sofre fissão nuclear

Características

Propriedades físicas

Plutônio, como a maioria dos metais, tem um brilho prateado ao início, sendo muito semelhante ao níquel, mas quando ele se oxida muito rápido, assumindo um revestimento cinza, embora amarelo e verde oliva já tenham sido também reportados.[14][15] A temperatura ambiente o plutônio está em sua forma α (alfa). Essa, é a mais comum forma estrutural do elemento (alótropo), e é duro e quebradiço assim como o ferro fundido, a não ser que seja ligado a outros metais para torná-lo mais macio e dúctil. Diferente dos outros metais, ele não é um bom condutor de calor ou eletricidade. Ele tem um baixo ponto de fusão (640 °C) e um não usual alto ponto de ebulição (3 228 °C).[14]

Decaimento alfa, que libera núcleos de hélio de alta energia cinética, é a mais comum forma de decaimento radioativo para o plutônio.[16] Uma massa de 5 kg de 239Pu contêm cerca de 12,5 X 1024 átomos. Com uma meia vida de 24 100 anos, cerca de 11,5 X 1012 de seus átomos decaem a cada segundo, emitindo uma partícula alfa de 5 157 MeV de energia. Isso gera cerca de 9,68 watts de energia. Calor produzido pela desaceleração daquelas partículas alfas, tornando-o morno ao toque.[17][18]

Resistividade é a medida do quão forte um material se opõe ao fluxo de corrente elétrica. A resistividade do plutônio a temperatura ambiente é muito grande para um metal, e torna-se ainda maior a temperaturas menores, o que é uma característica não usual nos metais.[19] e tende a continuar a cair até 100 K, abaixo disso a resistividade rapidamente diminui para as amostras. A resistividade então começa a aumentar com o tempo perto de 20 , devido ao dano da radiação, que com o ritmo ditado pela composição isotrópica da composição da amostra.[19]

Devido a auto-irradiação, uma amostra de Pu fatiga-se através ada sua estrutura cristalina, significando que o arranjo dos seus átomos torna-se desordenado pela radiação com o tempo.[20] Auto-irradiação também pode levar ao recozimento que neutraliza os efeitos da fatiga, causados pela radiação, de acordo com o aumento da temperatura acima de 100 K.[21]

Também diferente dos outros metais, o plutônio aumenta a sua densidade quando derretido, em cerca de 2,5% para ser mais preciso. Mas o metal líquido exibe uma diminuição linear da densidade com a temperatura.[19] Perto do ponto de fusão, o plutônio líquido tem também uma alta viscosidade e tensão superficial quando comprado a outros metais.[20]

Alótropos

A graph showing change in density with increasing temperature upon sequential phase transitions between alpha, beta, gamma, delta, delta' and epsilon phases
Plutônio tem seis alótropos à CNTP:alfa (α), beta (β), gama (γ), delta (δ), delta prime (δ'), & epsilon (ε)[22]

Plutônio normalmente tem seis alótropos e forma uma sétima (zeta, ζ) a alta temperatura com uma faixa de pressão limitada.[22] Esses alótropos, que são diferentes modificações estruturais ou formas de um elemento, tem energias internas muito similares, entretanto variando significativamente de densidade e estrutura de cristal. Isso faz do plutônio sensitivo a mudanças de temperatura, pressão, ou química, e permite mudanças de volume dramáticas durante a transição de uma fase alotrópica à outra.[20] As densidades dos alótropos variam de 16,00 g/cm3 para 19,86 g/cm3.[23]

A presença desses vários alótropos fazem da usinagem do plutônio muito difícil, uma vez que ele muda muito de um estado a outro. Por exemplo, a forma α existe em CNTP no plutônio não ligado. Tendo características de usinagem semelhantes as do ferro fundido mas muda para a forma plástica e maleável β (beta) com uma pequena mudança de temperatura.[24] As razões para o complicado diagrama de fase ainda não são inteiramente compreendidas. A forma α tem uma estrutura de cristal monoclínico de baixa simetria, por isso a sua fragilidade, força, compressibilidade e pobre condutividade térmica.[22]

Plutônio na forma δ normalmente existe entre 310 °C à 452 °C mas é estável à temperatura ambiente quando ligado a pequenas porcentagens de gálio, alumínio, ou cério, melhorando o seu manuseio e permitindo-o a sua soldagem.[24] A forma Delta tem uma característica mais metálica, e é rudemente mais forte e maleável que o alumínio.[22] Em armas de fissão, as ondas de choque usadas para comprimir um núcleo de plutônio causarão também uma transição da fase Delta usual para a densa fase Alfa, significativamente ajudando-o a atingir a super criticidade.[25] A fase ε, o alótropo sólido com a maior temperatura, exibe anormalmente uma alta autodifusão atômica comparado com os outros metais.[20]

Fissão nuclear

A rusty metal cylinder
Um anel de plutônio com 99,96% de pureza eletrorefinado, suficiente para ser utilizado em um núcleo de arma nuclear. O anel pesa 5.3 kg, diâmetro de 11 cm e o seu formato ajuda com a segurança de criticidade.

Plutônio é um metal actinídeo radioativo cujo um dos isótopos, plutônio-239, é um dos três isótopos físseis primariamente utilizados.[26] Urânio-233 e Urânio-235 são os outros dois.[27] Plutônio-241 é também altamente físsil. Para ser considerado físsil, um núcleo atômico de isótopo deve ser capaz de quebrar-se, ou seja, sofrer fissão nuclear quando bombardeado com um nêutron lento e liberar nêutrons adicionais suficientes para sustentar uma reação nuclear em cadeia para quebrar outros núcleos atômicos.

Plutônio-239 puro, pode ter um fator de multiplicação (keff) maior que um, o que significa que se o metal está presente em quantidades suficientes e com uma geometria apropriada (exemplo: uma esfera de tamanho suficiente), ele pode formar uma massa crítica.[28] Durante a fissão, uma fração da energia de ligação, que segura o núcleo unido, é liberada como uma grande quantidade de energia eletromagnética e cinética (das quais, uma grande parte é posteriormente convertida em energia térmica). A fissão de um quilograma de plutônio-239 pode produzir uma explosão equivalente a 21 quilotons (21 000 toneladas de TNT).[17] Essa é a energia que faz do Pu-239 utilizável em armas nucleares e reatores nucleares.

A presença do isótopo Plutônio 240 em uma amostra limita o seu potencial como arma nuclear, como o Pu-240 tem uma relativa alta taxa de fissão espontânea (~440 fissões por segundo por grama, mais de 1 000 nêutron por segundo por grama),[29] aumentando o nível de nêutrons e portanto, aumentando o risco de pré-detonação ou fiasco.[30] Plutônio classificado quando a sua potencialidade de usos em reatores ou armas nucleares, baseado na porcentagem de plutônio-240 que ela contém. Para ser utilizável em armas nucleares o Pu deve conter menos de 7% de Pu-240. grau combustível contém de 7% a 19% de Pu-240, e grau para uso em reator contém 19% ou mais de plutônio-240. Plutônio-239 supergrade com menos de 4% de Pu-240, é utilizado em armas nucleares da Marinha dos Estados Unidos, devido à proximidade com as tripulações de navios e submarinos, devido a sua radiatividade.[31] O isótopo plutônio-238 não é físsil, entretanto é fissionável, o que significa que ele pode sofrer fissão nuclear quando bombardeado com nêutrons rápidos, no entanto os nêutron liberados pela sua fissão são lentos e não podem fazer outros átomos sofrerem fissão, assim sendo, ele é incapaz de sustentar uma reação em cadeia, um exemplo de outro isótopo com essa capacidade é um isóbaro do Pu-238, o urânio-238.[17]

Química e componentes

Five liuids in glass bottles: violet, label Pu(III); dark brown, label Pu(IV)HClO4; light purple, label Pu(V); light brown, label Pu(VI); dark green, label Pu(VII).
Vários estados de oxidação do plutônio em amostras.

À temperatura ambiente, plutônio puro é prateado em cor, mas torna-se embaçado quando oxidado.[32] O elemento demonstra quatro estados de oxidação comuns em solução aquosa e uma rara:[23]

  • Pu(III), como Pu3+ (azul lavanda);
  • Pu(IV), como Pu4+ (amarelo ou castanho);
  • Pu(V), como

PuO+
2
(rosa claro);[nota 1]

  • Pu(VI), como

PuO2+
2
(rosa alaranjado);

  • Pu(VII), como

PuO3−
5
(verde)- o íon heptavalente é raro.

A cor mostrada pelo plutônio em soluções depende do estado de oxidação e da natureza do ânion ácido.[33] É o ânion ácido que influencia no grau de complexação, como átomos se conectam ao átomo central da espécie do plutônio.

Plutônio metálico é produzido ao reagir tetrafluoreto de plutônio com bário, cálcio ou lítio a 1 200 °C.[34] Ele é atacado por ácidos, oxigênio, e vapores mas não por alcalinos e dissolve-se facilmente em ácido clorídrico concentrado, hiodeto de hidrogênio e ácido perclórico.[35] O metal fundido deve ser mantido no vácuo ou numa atmosférica inerte, para evitar reações com o ar.[24] À 135 °C o metal entrará em ignição com o ar e explodirá se colocado com tetracloreto de carbono.[11]

A black block on a table with red spots on top and yellow powder around it.
A piroforicidade do plutônio pode fazê-lo parecer uma brasa crescente sobre certas condições.
Cross-section of a glass vial showing brownish-white snow-like precipitation on the bottom.
Vinte microgramas de hidróxido de plutônio puro.[36]

Plutônio é um metal reativo. No ar úmido ou no argônio úmido, o metal oxida-se rapidamente, produzindo uma mistura de óxidos e hidretos.[14] Se o metal é exposto o suficiente para uma quantidade limitada de vapor de água, uma poeirenta superfície de PuO2 é formada. Também forma hidreto de plutônio mas um excesso de vapor de água apenas forma PuO2.[35]

Plutônio mostra enormes, e reversíveis, taxas de reação com hidrogênio puro, formando hidreto de plutônio.[20] Ele também reage prontamente com oxigênio, formando PuO e PuO2 também como óxidos intermediários. óxido de Pu preenche 40% mais volume que o plutônio metálico. O metal reage com os halogênios, dando lugar à componentes químicos com fórmula geral PuX3 onde X pode ser F, Cl, Br ou I e PuF4 também são vistos. Os seguintes componentes são observados: PuOCl, PuOBr e PuOI. Ele reagirá com carbono para formar PuC, nitrogênio para formar Pu N e silício para PuSi2.[11][23]

Pós de plutônio, seus hidretos e cetos óxidos como o Pu2O3 são pirofóricos, o que significa que eles podem espontaneamente entrar em ignição à temperatura ambiente e são portanto manuseadas em uma atmosfera inerte, seca e feita de nitrogênio ou argônio. Massas de plutônio somente entrar em ignição quando são aquecidas a mais de 400 °C. Pu2O3 espontaneamente aquece-se e transforma-se em PuO2,, que é estável no ar seco, mas reage com vapor d´água quando aquecido.[37]

Cadinhos usados para conter plutônio precisam ser capazes de resistir ao suas poderosas propriedades redutivas. Metais refratários como tântalo e tungstênio juntamente com óxidos mais estáveis, boretos, carbonetos, nitretos e silicietos podem tolera-lo. Derreter em um forno elétrico à arco, podem ser usados para produzir pequenos lingotes de metal sem a necessidade de um cadinho.[24]

Cério é utilizado como um simulador químico do plutônio para o desenvolvimento da contenção, extração e outras tecnologias.[38]

Estrutura eletrônica

Plutônio é um elemento no qual os seus elétrons 5f estão na fronteira de transição entre localizados e deslocalizados. Portanto ele é considerado um dos elementos mais complexos.[39] O comportamento anômalo do plutônio é causado por sua estrutura eletrônica. A diferença de energia entre os subníveis 6d e 5f é muito pequena. O tamanho da 5f é o suficiente para permitir a formação de ligações dentro da rede. A proximidade dos níveis de energia leva a multiplicação de configurações de elétrons de baixa energia com níveis de energia parecidos. Isso leva a competição pelas configurações 5fn7s2 ae 5fn−16d17s2, que causa a complexidade do seu comportamento químico. A natureza direcional das orbitais 5f é responsável pela direção das ligações covalentes em moléculas e complexos de plutônio.[20]

Ligas

Plutônio pode formar ligas e intermediar componentes com a maioria dos outros metais. Exceções incluem Lítio, sódio, potássio, rubídio e césio dos metais alcalinos, e magnésio, cálcio, estrôncio e bário, dos metais alcalinos terrosos, e európio, e itérbio dos metais terras raras.[35] Exceções parciais incluem os metais refratários crômio, molibdênio, nióbio, tântalo e tungstênio, que são solúveis em plutônio líquido, mas insolúveis ou apenas levemente solúvel em plutônio sólido.[35] Gálio, alumínio, amerício, escândio, e cério podem estabilizar a fase delta do plutônio para a temperatura ambiente. Silício, índio, zinco e zircônio permitem a formação do estado metaestável δ (delta) quando rapidamente resfriado. Grandes quantidades de háfnio, hólmio e tálio também permitem reter a fase δ à temperatura ambiente. Netúnio é o único elemento que pode estabilizar a fase α a temperaturas maiores.[20]

Plutônio permite ser produzidos ao adicionar um metal par. a fundir o plutônio. Se o metal permitido é suficientemente redutivo, plutônio pode ser adicionado na forma de óxidos ou haletos. A fase δ na forma das ligas plutônio-gálio e plutônio-alumínios são produzidas ao adicionar plutônio(III) fluoreto para fundir o gálio ou alumínio, que tem a vantagem de evitar lidar-nos diretamente com o plutônio metálico altamente reativo.[40]

  • Plutônio-Gálio é usado para estabilizar a fase δ do plutônio, evitando negócios ligados as fases α e α-δ. Seu principal uso é em fossos de armas implosivas;[41]
  • Liga Plutônio-Alumínio é uma alternativa a liga Pu-Ga. Ela foi o elemento original considerado para a estabilização da fase delta, mas ela a sua tendência em reagir com as partículas alfa e liberar nêutrons reduz a sua usabilidade como fosso em armas nucleares. Plutônio-Alumínio também pode ser um componente do combustível nuclear;[42]
  • Liga Plutônio-Gálio-Cobalto (PuCoGa5) é um supercondutor não convencional, mostrando supercondutividade abaixo de 18,5 kelvin, uma ordem de magnitude maior que a maior entre os sistema de férmion pesado, e tem uma grande corrente crítica;[39][43]
  • Liga Plutônio-Zircônio pode ser usada como combustível nuclear;[44]
  • Liga Plutônio-cério e Plutônio-cério-cobalto são usadas como combustíveis nucleares;[45]
  • Plutônio-Urânio, como cerca de 15–30 mol.% de plutônio, ele pode ser usado como combustível nuclear para reatores de reprodução rápida. A sua natureza pirofórica e alta susceptibilidade à corrosão ao ponto de pegar fogo sozinha ou desintegrar-se após exposição ao ar requere a ligação com outros componentes. Adição de alumínio, carbono ou cobre não melhoram muito o índice de desintegração, zircônio e ferro quando adicionados têm melhor resistência à corrosão, mas eles se desintegram no ar também. A adição de titânio e/ou zircônio, aumenta significativamente o ponto de fusão da liga;[46]
  • Liga plutônio-urânio-titânio e Plutônio-urânio-zircônio foram investigados para o uso como combustíveis nucleares. A adição do terceiro elemento aumenta a resistência a corrosão, reduz a inflamabilidade, e melhora a ductibilidade, fabricabilidade, resistência, e expansão térmica;
  • Plutônio-urânio-molibdênio tem a melhor resistência à corrosão, formando uma película de óxidos protetiva, mas o titânio e zircônio são preferidos por razões físicas;[46]
  • Liga de tório-urânio-plutônio foi investigada como combustível nuclear para reatores de rápida reprodução.[46]

Isótopos

Fat Man, utilizada em Nagasaki contra os japoneses utilizava um núcleo de Pu-239.

Existem mais de 20 isótopos de plutônio sintetizados e catalogados até hoje. Todos eles são radioativos (radioisótopos) e possuem meias-vidas que variam bastante. Os isótopos com as maiores meias-vidas são o Pu-244, Pu-242 e Pu-239, respectivamente, com os demais apresentando meias-vidas inferiores a 7 000 anos. Os isótopos de plutônio variam em número de massa entre 228 e 247. Os modos de decaimento primários dos isótopos com número de massa inferior ao do isótopo mais estável, plutônio 244, são fissão espontânea e emissão alfa, formando principalmente isótopos de urânio (92 prótons) e netúnio (93 prótons) como produtos de decaimento (negligenciando a vasta gama de núcleos filhos criados pelo processo de fissão). Já para aqueles que possuem massa superior ao do Pu244 é emissão beta, formando principalmente isótopos de amerício (95 prótons) como produto. Plutônio-241 é o isótopo pai da série de decaimento do netúnio, decaindo para amerício-241 por emissão beta ou captura eletrônica.[16][47]

Ciclo nuclear do urânio e do plutônio que possibilita a criação de isótopos mais pesados.
  • Pu-238 é largamente usado em gerador termoelétrico de radioisótopos de sondas espaciais e submarinos nucleares sendo que esteve nos RTGs das sondas Voyager 1, Voyager 2, Cassini e New Horizons, por causa de sua baixa radioatividade e por emitir apenas partículas alfa que são as menos perigosas formas de radiação ao contrário do Pu-239 que além de físsil é emissor de outras formas de radiação.
  • Pu-239 é usado como material físsil em armas nucleares produzindo 20 quilotons de TNT por quilo, essas armas têm que ter uma taxa acima de 93% de Pu-239 e menos de 7% de Pu-240 pelo fato desse ter 450 000 fissões por segundo em um quilo, produzindo U-238, impróprio para essas armas.[carece de fontes?]

Em reatores nucleares, sonda espaciais e submarinos movidos a energia nuclear ele é utilizado. Foi importante no final da Segunda Guerra Mundial quando foi utilizado como o material físsil da bomba atômica estadunidense Fat Man, sendo que ainda é o elemento predileto para se fazer fossos para os primários de bombas de hidrogênio pela sua densidade e potência elevada.

Plutônio-239 Supergrade

W80 a principal ogiva que utiliza o Pu-239 Supergrade.

O Pu-239 supergrade é um composto de uma excepcional porcentagem de Pu-239 (+95%) e pouco de Pu-240 (-5%), este composto tem pouca radioatividade, e é utilizado na maioria das ogivas nucleares operadas pela Marinha dos Estados Unidos em comparação ao plutônio enriquecido utilizado pelas ogivas da Força Aérea dos Estados Unidos, a principal e mais difundida ogiva que usa o supergrade é a W80. Ele é produzido a partir de barras de plutónio em reatores que foram irradiadas fazendo o Pu-240 que é um contaminante do Pu-239, ficar em extremidades das barras tirando grande parte desse contaminante, porém sua produção é mais cara que a produção do Plutônio enriquecido normal.

  • Pu-240 formado pela captura neutrônica de Pu-239, o Pu-239 sofre fissão em 62-73% das capturas o resto forma átomos de Pu-240. Pu-240 não é físsil, sua taxa de fissão é baixa e quase sempre forma Pu-241. Ele tem a peculiaridade de apresentar uma grande porcentagem de fissão espontânea, e por estar quase sempre junto ao Pu-239 é considerado um contaminante em armas nucleares, a taxa de Pu-240 em armas nucleares deve ser inferior a 7% para que a fissão espontânea dele não inicia uma fissão em cadeia que acabará com a detonação prematura da arma, a separação do Pu-240 do Pu-239 requer mais de 90 dias de reprocessamento contínuo.[48]
  • Pu-241 é produzido quando um átomo de Pu-240 absorve um nêutron, também pode ser usado em armas nucleares pois é físsil uma vez que em 73% de suas capturas neutrônicas acabam em fissões nucleares, nas outras 27% das capturas ele acaba formando um átomo de Pu-242. Porém devida a sua curta meia-vida de 14,4 anos (o que diminuiria em muito a vida operacional da arma) e sua maior dificuldade em ser produzido, nunca foi empregado em larga escala para armas nucleares. Decorrido os 14,4 anos ele se transforma num átomo de amerício-241 através de decaimento beta.
  • Pu-242, produzido pela captura neutrônica de Pu-241 sem resultar em uma fissão (27% dos casos como visto anteriormente). Tem a segunda maior meia-vida dentre os isótopos de plutônio, com 373 300 anos, 15 vezes mais longa que o do Pu-239.[49] Não é físsil, mas como o Urânio-238 ele é fissionável por nêutrons rápidos (nêtrons com energia superior a 1 MeV, ou seja saem a mais de 14 000 km por hora), poderiam ser empregados em armas termonucleares para serem fissionados pelos nêutrons criados pela fusão nuclear de deutério e trítio que liberam nêutrons de 14,1 MeV(atingindo 52 000 km por hora, 17,3% da velocidade da luz.
  • Pu-243, produzido pela captura neutrônica de Pu-242. Ele tem uma meia-vida de aproximadamente 4,9 horas. Por isso muitos átomos de Pu-243 não têm tempo suficiente para realizar uma captura neutrônica para criar Pu-244 acabando com a cadeia de sucessivas capturas neutrônicas gerando novos isótopos cada vez mais pesados de plutônio. Decorrido a meia-vida Pu-243 decai para Amerício-243 por decaimento beta.
  • Pu-244 é isótopo de plutônio de maior meia-vida com 80 milhões de anos, curiosamente é seguinte a um isótopo de meia-vida muito pequena, Pu-243. Ele não é produzido em quantidades consideráveis pelo ciclo de combustível nuclear devido a pouca meia-vida do que seria o seu isótopo pai, o Pu-243. Mas ele aparece muitas vezes em vestígios de detonações nucleares, a onda de nêutrons criada por uma reação em cadeia pode induzir átomos de plutônio a sofreremmúltiplas capturas neutrônicas e também são encontrados em vestígios de supernovas criados pelo mesmo processo. Tem a quarta maior meia-vida entre actinídeos perdendo apenas para o tório-232, U-238 e U-235 respectivamente.
Calor gerado pelo decaimento de alguns isótopos de plutônio[50]
Isótopo modo de decaimento/produto Meia-vida (em anos) Calor Dissipado (W/kg) Fissão espontânea nêutrons (1/(g·s)) Comentário
238Pu alfa / 234U 87,74 560 2600 Grande quantidade de calor dissipado. Mesmo em pequenas quantidades pode causar significativo auto-aquecimento, muito utilizado em geradores termoelétricos.
239Pu alfa / 235U 24 100 1,9 0,022 Principal isótopo físsil de plutônio em uso hoje.
240Pu alfa / 236U(logo após sofre fissão espontânea) 6 560 6,8 910 Altas taxas de fissões espontâneas. Principal contaminante do 239Pu. Altas porcentagens de 240Pu em armas nucleares favorece detonações prematuras.
241Pu beta negativa / 241Am 14,4 4,2 0,049 Físsil mas pouco utilizado. Seu rápido decaimento em 241Am deixa amostras velhas com quantidades grandes de amerício.
242Pu alfa / 238U 376 000 0,1 1700

Precauções

O Demon Core (Núcleo Demoníaco) foi um fosso de plutónio que recebeu esse nome após matar dois cientistas em acidentes de criticidade, ele foi utilizado no teste Able

Riscos à saúde

O plutónio é o elemento químico mais nocivo a saúde, por ser um grande emissor de radioatividade, se ingerido pouco mais 0,04% do material vai ser absorvido pela ingestão, mas essa quantidade vai se acumular nos ossos, e só passará a ser retirada do organismo após 200 anos.

Inflamabilidade

O Pu se oxida muito rápido e aumenta em 70% o seu volume durante esse processo, gerando uma rápida expansão e logo após combustão.

Criticidade

O plutónio é altamente crítico, e quando fica crítico começa a produzir nêutrons (podendo gerar uma reação em cadeia e detonar) e raios gama (que são altamente letais para seres humanos), um fosso de plutónio ficou famoso após matar cientistas em dois acidentes de criticidade, o Demon Core:

  • Em 21 de agosto de 1945, o núcleo foi cercado por tijolos refletores de nêutrons para experiências, esses tijolos refletiram os nêutrons e deixaram o núcleo crítico, o cientista Harry Daghlian retirou rapidamente os tijolos impedindo uma reação em cadeia, porém ele recebeu uma dose fatal de radiação e morreu 25 dias após o incidente.
  • Em 21 de maio de 1946 o físico Louis Slotin e outros sete cientistas cercaram o núcleo novamente com tijolos, para uma experiência visando saber até onde a massa poderia ser considerada subcrítica, quando Slotin foi fazer um teste chamado de fazer cócegas na cauda do dragão devido a sua periculosidade, que consistia em retirar o núcleo com uma chave de fenda, ele escorregou a chave de fenda fazendo o núcleo ficar supercrítico e liberar uma explosão de nêutrons e raios gama (que foram descritos como um flash azul por observadores) atingiu Slotin, que rapidamente fechou a duas metades dos refletores de nêutrons, salvando a vida dos outros cientistas, porém Slotin sofreu uma dose letal de radiação e morreu 9 dias depois do incidente.

Decaimento

O plutônio-239 decai, depois de 24 200 anos, em urânio-235 através de emissão alfa liberando 5,245 MeV.

O Pu-238 decai em U-234 depois de 87,74 anos, quando ele fica instável e sofre uma emissão alfa para se estabilizar.

O Pu-240 decai através da emissão alfa depois de 6 563 anos, esse decaimento gera 5,255 MeV e um átomo de U-236 que logo após sofre fissão.

A meia-vida do Pu-241 é de 14 anos, o modo de decaimento é o decaimento beta, e então um átomo de amerício-241 será formado.

Ver também

Notas

  1. T O íon PuO+
    2
    é instável em solução e se transformará em Pu4+ e PuO2+
    2
    . o Pu4+ oxidará então o PuO+
    2
    restante para PuO2+
    2
    , sendo reduzido por sua vez para Pu3+. Assim, soluções aquosas de PuO+
    2
    tendem com o tempo se tornarem uma mistura de Pu3+ e PuO2+
    2
    . UO+
    2
    é instável pela mesma razão.
    Crooks, William J. (2002). «Nuclear Criticality Safety Engineering Training Module 10 – Criticality Safety in Material Processing Operations, Part 1» (PDF). Consultado em 15 de fevereiro de 2006. Arquivado do original (PDF) em 20 de março de 2006 

Referências

  1. Hoffman, D. C.; Lawrence, F. O.; Mewherter, J. L.; Rourke, F. M. (1971). «Detection of Plutonium-244 in Nature». Nature. 234 (5325): 132–134. Bibcode:1971Natur.234..132H. doi:10.1038/234132a0 
  2. "Contaminated Water Escaping Nuclear Plant, Japanese Regulator Warns". The New York Times.
  3. LANL contributors. «Site Selection». LANL History. Los Alamos, New Mexico: Los Alamos National Laboratory. Consultado em 23 de dezembro de 2008 
  4. Hammel, E.F. (2000). «The taming of "49"  – Big Science in little time. Recollections of Edward F. Hammel, pp. 2–9. In: Cooper N.G. Ed. (2000). Challenges in Plutonium Science» (PDF). Los Alamos Science. 26 (1): 2–9. Consultado em 15 de fevereiro de 2009 
    Hecker, S.S. (2000). «Plutonium: an historical overview. In: Challenges in Plutonium Science». Los Alamos Science. 26 (1): 1–2. Consultado em 15 de fevereiro de 2009 
  5. Sublette, Carey. «Atomic History Timeline 1942–1944». Washington (DC): Atomic Heritage Foundation. Consultado em 22 de dezembro de 2008 
  6. Miner 1968, p. 541
  7. DOE contributors (2004). «Oklo: Natural Nuclear Reactors». U.S. Department of Energy, Office of Civilian Radioactive Waste Management. Consultado em 16 de novembro de 2008. Arquivado do original em 20 de outubro de 2008 
  8. Curtis, David; Fabryka-Martin, June; Paul, Dixon; Cramer, Jan (1999). «Nature's uncommon elements: plutonium and technetium». Geochimica et Cosmochimica Acta. 63 (2): 275–285. Bibcode:1999GeCoA..63..275C. doi:10.1016/S0016-7037(98)00282-8 
  9. Hoffman, D. C.; Lawrence, F. O.; Mewherter, J. L.; Rourke, F. M. (1971). «Detection of Plutonium-244 in Nature». Nature. 234 (5325): 132–134. Bibcode:1971Natur.234..132H. doi:10.1038/234132a0. Nr. 34 
  10. Peterson, Ivars (7 de dezembro de 1991). «Uranium displays rare type of radioactivity». Science News 
  11. a b c Emsley 2001
  12. Overview of Plutonium and Its Health Effects by Casey Burns April, 2002
  13. "Quality Status Report 2000 for the North East-Atlantic (Regional QSR III, Chapter 4 Chemistry, p66" (http:/ / www. ospar. org/ eng/ doc/ pdfs/ R3C4. pdf) (PDF). OSPAR Commission. Retrieved 3 June 2007.] Plutonium Wastes from the U.S. Nuclear Weapons Complex
  14. a b c NIH contributors. «Plutonium, Radioactive». Wireless Information System for Emergency Responders (WISER). Bethesda (MD): U.S. National Library of Medicine, National Institutes of Health. Consultado em 23 de novembro de 2008  (public domain text)
  15. ARQ staff (2008). «Nitric acid processing». Los Alamos (NM): Los Alamos National Laboratory. Actinide Research Quarterly (3rd quarter). Consultado em 9 de fevereiro de 2010. While plutonium dioxide is normally olive green, samples can be various colors. It is generally believed that the color is a function of chemical purity, stoichiometry, particle size, and method of preparation, although the color resulting from a given preparation method is not always reproducible. 
  16. a b Sonzogni, Alejandro A. (2008). National Nuclear Data Center, Brookhaven National Laboratory, ed. «Chart of Nuclides». Upton. Consultado em 13 de setembro de 2008 
  17. a b c Heiserman 1992, p. 338
  18. Rhodes, Richard (1986). The Making of the Atomic Bomb. New York: Simon & Schuster. pp. 659–660. ISBN 0-671-65719-4  Leona Marshall: "When you hold a lump of it in your hand, it feels warm, like a live rabbit"
  19. a b c Miner 1968, p. 544
  20. a b c d e f g Hecker, Siegfried S. (2000). «Plutonium and its alloys: from atoms to microstructure» (PDF). Los Alamos Science. 26: 290–335. Consultado em 15 de fevereiro de 2009 
  21. Hecker, Siegfried S.; Martz, Joseph C. (2000). «Aging of Plutonium and Its Alloys» (PDF). Los Alamos, New Mexico: Los Alamos National Laboratory. Los Alamos Science (26): 242. Consultado em 15 de fevereiro de 2009 
  22. a b c d Baker, Richard D.; Hecker, Siegfried S.; Harbur, Delbert R. (1983). «Plutonium: A Wartime Nightmare but a Metallurgist's Dream» (PDF). Los Alamos National Laboratory. Los Alamos Science: 148, 150–151. Consultado em 15 de fevereiro de 2009 
  23. a b c Lide 2006, pp. 4–27
  24. a b c d Miner 1968, p. 542
  25. «Plutonium Crystal Phase Transitions». GlobalSecurity.org 
  26. Stwertka 1998
  27. EPA contributors (2008). «Fissile Material». Radiation Glossary. United States Environmental Protection Agency. Consultado em 23 de novembro de 2008 
  28. Asimov, Isaac (1988). «Nuclear Reactors». Understanding Physics. [S.l.]: Barnes & Noble Publishing. p. 905. ISBN 0-88029-251-2 
  29. Samuel Glasstone and Leslie M. Redman, An Introduction to Nuclear Weapons Arquivado em 27 de agosto de 2009, no Wayback Machine. (Atomic Energy Commission Division of Military Applications Report WASH-1038, June 1972), p. 12.
  30. Gosling, F.G. (1999). The Manhattan Project: Making the Atomic Bomb (PDF). Oak Ridge (TN): United States Department of Energy. p. 40. ISBN 0-7881-7880-6. DOE/MA-0001-01/99. Consultado em 15 de fevereiro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 24 de fevereiro de 2009 
  31. DOE contributors (1996). Plutonium: The First 50 Years (PDF). [S.l.]: U.S. Department of Energy. DOE/DP-1037. Consultado em 3 de janeiro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 18 de fevereiro de 2013  (public domain text)
  32. Heiserman 1992, p. 339
  33. Matlack, George (2002). A Plutonium Primer: An Introduction to Plutonium Chemistry and its Radioactivity. [S.l.]: Los Alamos National Laboratory. LA-UR-02-6594 
  34. Eagleson, Mary (1994). Concise Encyclopedia Chemistry. [S.l.]: Walter de Gruyter. p. 840. ISBN 978-3-11-011451-5 
  35. a b c d Miner 1968, p. 545
  36. Pure plutonium hydroxide in capillary tube Arquivado em 22 de março de 2012, no Wayback Machine., LBNL Image Library
  37. U.S. Department of Energy, Office of Nuclear Safety, Quality Assurance and Environment, ed. (1994). «Primer on Spontaneous Heating and Pyrophoricity – Pyrophoric Metals – Plutonium». Washington (DC). Cópia arquivada em 28 de abril de 2007 
  38. Crooks, W. J.; et al. (2002). «Low Temperature Reaction of ReillexTM HPQ and Nitric Acid». Solvent Extraction and Ion Exchange. 20 (4–5): 543. doi:10.1081/SEI-120014371 
  39. a b Dumé, Belle (20 de novembro de 2002). «Plutonium is also a superconductor». PhysicsWeb.org 
  40. Moody, Kenton James; Hutcheon, Ian D.; Grant, Patrick M. (2005). Nuclear forensic analysis. [S.l.]: CRC Press. p. 169. ISBN 0-8493-1513-1 
  41. Kolman, D. G. and Colletti, L. P. (2009). «ECS transactions». Electrochemical Society. 16 (52): 71. ISBN 978-1-56677-751-3 
  42. Hurst, D. G. and Ward, A. G. Canadian Research Reactors (PDF). [S.l.]: Los Alamos National Laboratory [ligação inativa]
  43. Curro, N. J. (primavera de 2006). «Unconventional superconductivity in PuCoGa5» (PDF). Los Alamos National Laboratory 
  44. McCuaig, Franklin D. "Pu-Zr alloy for high-temperature foil-type fuel" Patente E.U.A. 4 059 439, Issued on November 22, 1977
  45. Jha, D.K. (2004). Nuclear Energy. [S.l.]: Discovery Publishing House. p. 73. ISBN 81-7141-884-8 
  46. a b c plutonium 1965. [S.l.]: Taylor & Francis. 1965. p. 456 
  47. Heiserman 1992, p. 340
  48. «TOXNET HAS MOVED». www.nlm.nih.gov. Consultado em 23 de fevereiro de 2022 
  49. «PLUTONIUM ISOTOPIC RESULTS OF KNOWN SAMPLES USING THE SNAP GAMMA SPECTROSCOPY ANALYSIS CODE AND THE ROBWIN SPECTRUM FITTING ROUTINE» (PDF). Consultado em 17 de dezembro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 25 de fevereiro de 2009 
  50. «Can Reactor Grade Plutonium Produce Nuclear Fission Weapons?». Council for Nuclear Fuel Cycle Institute for Energy Economics, Japan. Maio de 2001 

Outras fontes

  • CRC contributors (2006). David R. Lide, ed. Handbook of Chemistry and Physics 87th ed. Boca Raton (FL): CRC Press, Taylor & Francis Group. ISBN 0-8493-0487-3 
  • Emsley, John (2001). «Plutonium». Nature's Building Blocks: An A–Z Guide to the Elements. Oxford (UK): Oxford University Press. pp. 324–329. ISBN 0-19-850340-7 
  • Greenwood, N. N.; Earnshaw, A. (1997). Chemistry of the Elements 2nd ed. Oxford (UK): Butterworth-Heinemann. ISBN 0-7506-3365-4 
  • Heiserman, David L. (1992). «Element 94: Plutonium». Exploring Chemical Elements and their Compounds. New York (NY): TAB Books. pp. 337–340. ISBN 0-8306-3018-X 
  • Miner, William N.; Schonfeld, Fred W. (1968). «Plutonium». In: Clifford A. Hampel (editor). The Encyclopedia of the Chemical Elements. New York (NY): Reinhold Book Corporation. pp. 540–546. LCCN 68-29938 
  • Stwertka, Albert (1998). «Plutonium». Guide to the Elements Revised ed. Oxford (UK): Oxford University Press. ISBN 0-19-508083-1 

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Plutónio
Wikcionário
Wikcionário
O Wikcionário tem o verbete plutonium.

Read other articles:

Ratnayake Mudiyanselage Gunasekera was a Sri Lanka member of parliament in 1960, from Bibile.[1][2] Born in the village of Medagam Pattuwa in Bibile, his father was the Ratnayake Mudiyanselage Kiribanda was the Village Headman. Gunasekera was elected to parliament from the United National Party in the March 1960 general election from Bibile, but lost his seat in the July 1960 general election to D. M. Gunasekera.[3] He was shot dead by an unknown assassin and his broth...

 

Taiwanese politician In this Chinese name, the family name is Liu. Christina LiuLiu Yih-ju劉憶如Minister of Finance of the Republic of ChinaIn office6 February 2012 – 30 May 2012Preceded byLee Sush-derSucceeded byChang Sheng-fordMinister of Council for Economic Planning and Development of the Republic of ChinaIn office20 May 2010 – 6 February 2012Preceded byTsai Hsun-hsiungSucceeded byYiin Chii-mingMember of the Legislative YuanIn office1 February 2002 – 20...

 

Typischer Hochdachkombi: Renault Kangoo – die Form ergibt sich aus der Funktion Ein Hochdachkombi ist ein PKW mit überdurchschnittlicher Innenraumhöhe, der vom Konzept des Kleintransporters ausgehend zur Personenbeförderung entwickelt wurde. Der Begriff wird heute für die Fahrzeugklasse verwendet, die 1996 durch den Citroën Berlingo geschaffen wurde und hauptsächlich in Europa vertreten ist. Inhaltsverzeichnis 1 Allgemeines 2 Abgrenzung 3 Modelle 3.1 Vertreter mit Fahrzeughöhe zwisch...

Church in Florencia, ColombiaOur Lady of Lourdes CathedralCatedral de Nuestra Señora de LourdesLocationFlorenciaCountry ColombiaDenominationRoman Catholic Church Internal view Our Lady of Lourdes Cathedral (Spanish: Catedral de Nuestra Señora de Lourdes), also called Florencia Cathedral, is a Catholic cathedral in the municipality of Florencia, in Colombia.[1] It is the principal church of the Roman Catholic Diocese of Florencia. Description The cathedral is dedicated to the Vi...

 

Наземні молюски на малюнку з «The Royal Natural History» Річарда Лідеккера 1893 року Виноградний равлик Helix pomatia Карпатський слимак Bielzia coerulans Наземні молюски — екологічна група тварин, що об'єднує всіх молюсків, які мешкають на суходолі. Включає близько 35 тисяч сучасних видів, всі з...

 

Keisha Castle-HughesCastle-Hughes at a press conference for The Vintner's Luck in September 2009Lahir24 Maret 1990 (umur 33)Donnybrook, Australia Barat, AustraliaPekerjaanAktrisTahun aktif2001–sekarangSuami/istriJonathan Morrison ​ ​(m. 2013; c. 2016)​ Donny Grahamer ​(m. 2021)​PasanganBradley Hull (2003–2010)Anak2 Keisha Castle-Hughes (lahir 24 Maret 1990) adalah seorang aktris Selandia Baru kelahiran ...

Territorial authority district in South Island, New ZealandWaimakariri DistrictTerritorial authority districtCouncil offices in Rangiora Coat of armsCoordinates: 43°18′S 172°18′E / 43.3°S 172.3°E / -43.3; 172.3CountryNew ZealandIslandSouth Island (Te Waipounamu)RegionCanterburyCommunitiesKaiapoi-TuahiwiWoodend-SeftonOxford-OhokaRangiora-AshleyWardsKaiapoi-WoodendOxford-OhokaRangiora-AshleyNamed forWaimakariri RiverSeatRangioraTowns List AshleyBurnt HillClarkvil...

 

1949 film by Lesley Selander Masked RaidersTheatrical poster of 1949 filmDirected byLesley SelanderWritten byNorman HoustonProduced byHerman SchlomStarringTim HoltMarjorie LordCinematographyGeorge E. DiskantEdited byLes MillbrookMusic byPaul SawtellDistributed byRKO Radio PicturesRelease date October 15, 1949 (1949-10-15) (US)[1] Running time59-60 minsCountryUnited StatesLanguageEnglish Masked Raiders is a 1949 American Western film.[2] It was originally cal...

 

Canadian economist (born 1960) A major contributor to this article appears to have a close connection with its subject. It may require cleanup to comply with Wikipedia's content policies, particularly neutral point of view. Please discuss further on the talk page. (August 2017) (Learn how and when to remove this template message) M. Scott TaylorM. Scott Taylor in 2011Born (1960-07-30) 30 July 1960 (age 63)NationalityCanadianAcademic careerInstitutionUniversity of CalgaryAlma materQu...

American digital media company About Group redirects here. For the English rock band, see About Group (band). Dotdash MeredithTypeSubsidiaryIndustryDigital mediaPredecessorsMeredith CorporationTime Inc.FoundedApril 21, 1997; 26 years ago (1997-04-21) (as The Mining Company)FounderScott KurnitHeadquartersNew York City, U.S.Key peopleBarry Diller, Neil Vogel (CEO)Alex Ellerson[1] (COO)OwnerPriMedia(2000–2005)The New York Times Company(2005–2012)IAC (2012–present)...

 

Political party in Romania Force of the Right Forța DrepteiAbbreviationFDPresidentLudovic OrbanSpokesmanIonel DancăLeader in the Chamber of DeputiesVioleta Alexandru[1]Founded14 December 2021Split fromNational Liberal Party (PNL)Membership~20,000 [2]IdeologyLiberal conservatism[3] Christian democracy[4] Civic nationalism[5][6]Right-wing populism[7]Pro-Europeanism[8]Political positionCentre-right[9] to righ...

 

Town within the city of Karachi, Pakistan Constituent Town of Karachi in Sindh, PakistanNorth Nazimabad Town نارتھ ناظم آباد ٹاؤننارٿ ناظم آباد ٽائون‎Constituent Town of KarachiNorth Nazimabad Town was divided into 10 Union CouncilsCountryPakistanProvinceSindhCity DistrictKarachiUnion Councils 10 Paposh NagarPahar GanjKhandu GothHyderiSakhi HassanFarooq-e-AzamNusrat Bhutto ColonyShadman TownBuffer ZoneBuffer Zone-I North Nazimabad Town (Urdu: نارتھ...

Роман Андрияшикукр. Рома́н Васи́льович Андрія́шик Имя при рождении Роман Васильевич Андрияшик Дата рождения 9 мая 1933(1933-05-09) Место рождения Королёвка, Тарнопольское воеводство,Польша Дата смерти 2 октября 2000(2000-10-02) (67 лет) Место смерти Киев, Украина Гражданство (подданств...

 

British politician Colonel Henry Blundell-Hollinshead-Blundell circa 1862 Colonel Henry Blundell-Hollinshead Blundell CB DL (24 January 1831 – 28 September 1906) was a British army officer and Conservative politician. He was the eldest son of Richard Benson Blundell-Hollinshead Blundell of Deysbrook and Jane Leigh. He was educated at Eton College and Christ Church, Oxford, graduating in 1854.[1] Early life Henry Blundell-Hollinshead-Blundell was born at Deysbrook, near Liverpool...

 

Grade I listed castle in the United Kingdom This article is about the castle. For the secondary school, see Caludon Castle School. Caludon CastleCoventry, England The lone sandstone wall, all that remains of Caludon Castle. Photographed in 2012.Caludon CastleCoordinates52°25′05″N 1°27′07″W / 52.418154°N 1.451822°W / 52.418154; -1.451822Grid referencegrid reference SP 37379 80159Site informationOwnerCoventry City CouncilControlled byCoventry City Counci...

Sporting event delegationNorthern Mariana Islands at the2019 World Championships in AthleticsWA codeNMIin DohaCompetitors1[1] (1 woman)Medals Gold 0 Silver 0 Bronze 0 Total 0 World Championships in Athletics appearances19911993199519971999200120032005200720092011201320152017201920222023 Northern Mariana Islands competed at the 2019 World Athletics Championships in Doha, Qatar, from 27 September–6 October 2019. Result Key Note–Ranks given for track events are for the entire ro...

 

Neighborhood in Atlanta, Georgia A view of Technology Square Technology Square, commonly called Tech Square, is a multi-block neighborhood located in Midtown Atlanta, Georgia, United States. Tech Square is bounded by 8th Street on the north, 3rd Street on the south, West Peachtree Street to the east, and Williams Street to the west. Tech Square includes several academic buildings affiliated with Georgia Tech and provides access to the campus via the Fifth Street Pedestrian Plaza Bridge, recon...

 

1931 film The Hot HeiressDirected byClarence G. BadgerScreenplay byHerbert FieldsStarringBen LyonOna MunsonWalter PidgeonTom DuganHolmes HerbertInez CourtneyCinematographySol PolitoEdited byThomas PrattMusic byLeon RosebrookProductioncompanyFirst National PicturesDistributed byWarner Bros.Release date March 28, 1931 (1931-03-28) Running time79 minutesCountryUnited StatesLanguageEnglish The Hot Heiress is a 1931 American pre-Code comedy film directed by Clarence G. Badger and wr...

This article relies largely or entirely on a single source. Relevant discussion may be found on the talk page. Please help improve this article by introducing citations to additional sources.Find sources: 1891 in Japan – news · newspapers · books · scholar · JSTOR (March 2019) List of events ← 1890 1889 1888 1891 in Japan → 1892 1893 1894 Decades: 1870s 1880s 1890s 1900s 1910s See also: Other events of 1891 History of Japan Timeline Years E...

 

Rekwisiten opslein yn it Nasjonaal Teäter yn it Dútske Mannheim. In rekwisyt (mt.: rekwisiten) is in foarwerp dat akteurs brûke yn in toanielfoarstelling, film of tillefyzjeproduksje. It wurd 'rekwisyt' komt fan it Frânske requisite, dat fereaske betsjut. Yn praktyske termen binne rekwisiten alles dat ferpleatsber is op it toaniel of de set, mei útsûndering fan 'e akteurs sels, it dekôr, de kostúms en elektryske apparatuer lykas de ferljochting. It kin dus gean om meubilêr, lykas in ...

 

Strategi Solo vs Squad di Free Fire: Cara Menang Mudah!