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Seabórgio
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Aparência
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desconhecida
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Informações gerais
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Nome, símbolo, número
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Seabórgio, Sg, 106
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Série química
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metal de transição.
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Grupo, período, bloco
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6, 7, d
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Densidade, dureza
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35 000 (previsto)[1] kg/m3,
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Número CAS
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54038-81-2
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Número EINECS
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Propriedade atómicas
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Massa atómica
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(269) u
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Raio atómico (calculado)
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132 (est.)[1] pm
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Raio covalente
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143 (est.)[2] pm
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Raio de Van der Waals
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pm
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Configuração electrónica
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[Rn] 5f14 6d4 7s2 (previsto)[1]
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Elétrons (por nível de energia)
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2, 8, 18, 32, 32, 12, 2 (ver imagem)
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Estado(s) de oxidação
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6, 5, 4, 3 [1]
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Óxido
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Estrutura cristalina
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Propriedades físicas
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Estado da matéria
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Sólido (presumido)
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Ponto de fusão
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K
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Ponto de ebulição
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K
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Entalpia de fusão
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kJ/mol
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Entalpia de vaporização
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kJ/mol
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Temperatura crítica
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K
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Pressão crítica
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Pa
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Volume molar
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m3/mol
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Pressão de vapor
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Velocidade do som
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m/s a 20 °C
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Classe magnética
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Susceptibilidade magnética
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Permeabilidade magnética
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Temperatura de Curie
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K
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Diversos
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Eletronegatividade (Pauling)
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Calor específico
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J/(kg·K)
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Condutividade elétrica
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S/m
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Condutividade térmica
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W/(m·K)
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1.º Potencial de ionização
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757,5 (est.)[1] kJ/mol
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2.º Potencial de ionização
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1 732,9 (est.)[1] kJ/mol
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3.º Potencial de ionização
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2 483,5 (est.)[1] kJ/mol
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4.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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5.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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6.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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7.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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8.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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9.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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10.º Potencial de ionização
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kJ/mol
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Isótopos mais estáveis
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iso
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AN
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Meia-vida
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MD
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Ed
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PD
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MeV
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271Sg | Sin. | 1,9 min | α FS | 8,54 — | 267Rf — |
269Sg | Sin. | 2,1 min | α | 8,56 | 265Rf |
267Sg | Sin. | 1,4 min | α FS | 8,20 — | 263Rf — |
265mSg | Sin. | 16,2 s | α | 8,7 | 261mRf |
265Sg | Sin. | 8,9 s | α | 8,9 8,84 8,76 | 261Rf |
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Unidades do SI & CNTP, salvo indicação contrária.
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O seabórgio (em homenagem a Glenn T. Seaborg) ou eka-tungstênio ou "eka-wolfrâmio" (por estar localizado abaixo do tungstênio na tabela periódica) é um elemento químico sintético, símbolo Sg, número atômico 106 (106 prótons e 106 elétrons) com massa atómica 266 u. É um metal de transição pertencente ao grupo 6 da classificação periódica dos elementos.
É um elemento radioativo, transurânico, provavelmente metálico, sólido de aspecto prateado. O elemento foi sintetizado, em 1974, por uma equipe soviética em Dubna, e por uma equipe norte-americana em Berkeley. O isótopo mais estável é o 266Sg com uma meia-vida de 21 segundos. Nenhum uso é conhecido fora do âmbito da pesquisa.
História
O elemento 106 foi descoberto simultaneamente em dois laboratórios.
Em junho de 1974, uma equipe soviética liderada por G. N. Flerov no "Joint Institute for Nuclear Research" em Dubna relatou a produção do isótopo de seabórgio com massa 259 (meia-vida de 0.48 segundos) bombardeando isótopos de chumbo com íons Cr-54. Em setembro de 1974, uma equipe norte-americana liderada por Albert Ghiorso no "Lawrence Radiation Laboratory" da Universidade da Califórnia, Berkeley, relatou a criação de um isótopo de massa 263 (meia-vida de 1 segundo) bombardeando isótopos de Cf-249 com íons de O-18.
Os americanos sugeriram para o elemento o nome "seabórgio", em homenagem ao químico e físico norte-americano Glenn T. Seaborg. Criou-se uma controvérsia porque o homenageado ainda era vivo. A IUPAC resolveu adotar o nome temporário "unnilhexium" (símbolo Unh).
Um comitê internacional decidiu, em 1992, que os laboratórios de Berkely e Dubna levariam o crédito da descoberta.
Em 1994 a IUPAC recomendou para o elemento 106 o nome Rutherfórdio adotando a regra que nenhum elemento pode ser nomeado em homenagem a uma pessoa viva. Esta regra foi ferozmente criticada pela "American Chemical Society", alegando que um precedente já tinha ocorrido quando foi nomeado um elemento de einstênio em homenagem a Albert Einstein enquanto vivo. Em 1997, como parte de um acordo que envolveu os elementos 104 e 108, o nome "seabórgio", símbolo "Sg", foi reconhecido internacionalmente.
Isótopos
11 isótopos de seabórgio são conhecidos, sendo o de mais longa vida o isótopo 269Sg, cujo modo de decaimento ocorre através de emissão alfa e fissão espontânea. Apresenta uma meia-vida de 22 segundos. O de vida mais curta é o isótopo 258Sg com decaimento alfa e fissão espontânea. A meia-vida deste isótopo é de apenas 2.9 milissegundos.
Propriedades Físicas
Espera-se que o seabórguio seja um elemento sólido nas condições normais de temperatura e pressão, e assuma uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado, semelhante ao seu tungstênio, seu homólogo mais leve. Deverá ser um metal muito denso com uma densidade de cerca de 35,0 g/cm3, que seria a quarta maior de qualquer um dos 118 elementos conhecidos, inferior apenas à do bóhrio (37,1 g/cm3), meitnério (37,4 g/cm3) e hássio (41 g/cm3), os três elementos seguintes na tabela periódica. Em comparação, o elemento mais denso conhecido que teve a sua densidade medida, o ósmio, tem uma densidade de apenas 22,61 g/cm3. Isto resulta da elevada massa atômica do seabórguio, as contrações lantanídicas e actinídicas e os efeitos relativísticos, embora a produção de Sg suficiente para medir esta quantidade seria impraticável, sendo que a amostra decairia rapidamente.
Propriedades Químicas
O seabórguio é o quarto membro da série 6d de metais de transição e o membro mais pesado do grupo 6 da tabela periódica, abaixo de cromo, molibdênio e tungsténio. Todos os membros do grupo formam uma diversidade de oxoânions. Os elementos desta família apresentam prontamente o seu estado de oxidação do grupo +6, embora este seja altamente oxidante no caso do cromo. Este estado se torna mais e mais estável à redução à medida que se desce pelo grupo: de fato, o tungstênio é o último dos metais de transição 5d, e todos os seus quatro electrões 5d participam na ligação metálica. Como tal, o seabórguio deve ter o estado +6 como seu estado de oxidação mais estável, tanto na fase gasosa quanto em solução aquosa, e este é o único estado de oxidação que foi atingido experimentalmente. Os estados +5 e +4 devem ser menos estáveis e o estado +3, o mais comum para o Cr, seria o menos estável para o Sg. As investigações químicas experimentais têm sido dificultadas devido à necessidade de produzir um átomo de seabórguio de cada vez, a sua meia-vida curta e a dureza necessárias, resultante das condições experimentais.
Esta estabilização do estado de oxidação mais elevado ocorre nos elementos 6d precoces devido à semelhança entre as energias dos orbitais 6d e 7s, uma vez que os orbitais 7s são relativisticamente estabilizados e os orbitais 6d são relativisticamente desestabilizados. Este efeito é tão grande no sétimo período que o átomo de Sg deverá perder elétrons 6d antes dos elétrons 7s (Sg = [Rn]5f146d47s2; Sg+ = [Rn]5f146d37s2; Sg+2 = [Rn]5f146d37s1; Sg+4 = [Rn]5f146d2; Sg+6 = [Rn]5f14). Devido à grande desestabilização dos orbitais 7s, Sg+4 devem ser ainda menos estável do que W+4 e por isso deve ser muito facilmente oxidado a Sg+6. O raio iônico previsto do íon Sg+6 hexacoordenado é de 65 pm, enquanto o raio atômico previsto do seabórguio é de 128 pm. No entanto, a estabilidade do estado de oxidação mais elevado ainda é esperado para diminuir na ordem Lr+3 > Rf+4 > Db+5 > Sg+6. Alguns potenciais padrão de redução previstos para íons de seabórguio em solução aquosa ácida são os seguintes:
2 SgO3 + 2 H+ + 2 e− |
Sg2O5 + H2O |
E0 = −0.046 V
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Sg2O5 + 2 H+ + 2 e− |
2 SgO2 + H2O |
E0 = +0.11 V
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SgO2 + 4 H+ + e− |
Sg3+ + 2 H2O |
E0 = −1.34 V
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Sg3+ + e− |
Sg2+ |
E0 = −0.11 V
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Sg3+ + 3 e− |
Sg |
E0 = +0.27 V
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Seabórguio deve formar um hexafluoreto
SgF6 muito volátil, bem como um hexacloreto moderadamente volátil
SgCl6, um pentacloreto
SgCl5, oxicloretos
SgO2Cl2 e
SgOCl4.
SgO2Cl2 está previsto para ser o mais estável das oxicloretos de seabórguio e o oxicloreto menos volátil do grupo 6, seguindo a sequência:
MoO2Cl2 >
WO2Cl2 >
SgO2Cl2.
Os compostos voláteis de seabórguio (VI), como
SgCl6 e
SgOCl4, são previstos para serem instáveis à decomposição para compostos de Seabórguio(V) a elevadas temperaturas, de forma análoga aos homólogos mais leves
MoCl6 e
MoOCl4; isso não deve acontecer com
SgO2Cl2, devido à diferença de energia muito maior entre os orbitais moleculares mais ocupados e desocupados, apesar das forças de ligação semelhantes Sg-Cl (à semelhança do molibdênio e tungstênio). Assim, nos primeiros estudos experimentais da química do seabórgio, em 1995 e 1996, átomos de Sg foram produzidos na reação de fusão nuclear entre 248Cm (22Ne, 4n) 266Sg. Esses átomos foram feitos reagir termicamente com uma mistura
O2/HCl. As propriedades de adsorção do oxicloreto resultante foram medidas e comparadas com as dos compostos de molibdênio e tungstênio. Os resultados indicaram que o Sg formou um oxicloreto volátil similar aos dos outros elementos do grupo 6 e confirmou a tendência decrescente da volatilidade dos oxicloretos no grupo 6:
Sg +
O2 + 2HCl →
SgO2Cl2 +
H2
Em 2001, uma equipe continuou o estudo da química em fase gasosa de seabórgio fazendo reagir o elemento com
O2 em ambiente aquoso. De forma semelhante à formação do oxicloreto, os resultados da experiência indicaram a formação de óxido-hidróxido de seabórgio, uma reação bem conhecida entre os homólogos mais leves do grupo 6, bem como o pseudo-homólogo urânio.
2Sg + 3
O2 → 2
SgO3
SgO3 + H2O →
SgO2(OH)2
Molibdênio e tungstênio são muito semelhantes entre si e mostram diferenças importantes em relação ao cromo, e o seabórguio deverá seguir uma química muito próxima à do tungstênio e molibdênio formando uma variedade ainda maior de oxoânions, o mais simples dentre eles, sendo o seaborgato,
SgO4−2, que se formam a partir da hidrólise rápida do íon hipotético [
Sg(H2O)6]+6, embora isso ocorreria menos facilmente do que com molibdênio e tungstênio, conforme o esperado devido ao maior tamanho do átomo de Sg. Seabórgio deve hidrolisar menos rapidamente do que o tungstênio em ácido fluorídrico a baixas concentrações, porém mais facilmente a concentrações elevadas, também formando complexos, tais como
SgO3F- e
SgOF5-: a formação do complexo compete com a hidrólise em ácido fluorídrico. Estas previsões têm sido amplamente confirmadas. Em experimentos realizados em 1997 e 1998, Sg foi eluído em resina de troca catiônica usando uma solução
HNO3/HF, formando provavelmente o composto neutro
SgO2F2 ou o íon complexo aniônico [
SgO2F3]-, em vez de
SgO4−2. Em contraste, em 0,1 M de ácido nítrico, seabórgio não eluiu, ao contrário de molibdênio e tungstênio, o que indica que a hidrólise de [
Sg(H2O)6]+6 prossegue gerando o complexo catiónico [[
Sg(OH)4(H2O)2]]+2 ou [
SgO(OH)3(H2O)2]+, enquanto que a do molibdénio e tungsténio prossegue para o complexo neutro [
MO2(OH)2)].
O único outro estado de oxidação conhecido para o Sg diferente do +6 é o estado de oxidação zero. Da mesma forma que os seus três congêneres mais leves, que formam carbonilas metálicas tais como hexacarbonilo de cromo (
Cr(CO)6), hexacarbonilo de molibdênio (
Mo(CO)6) e hexacarbonilo de tungstênio (
W(CO)6), em 2014 foi mostrado que o seabórguio também forma um complexo carbonílico, hexacarbonilo de seabórguio,
Sg(CO)6. Tal como os seus homólogos de molibdênio e tungstênio, o hexacarbonilo de seabórguio é um composto volátil que reage rapidamente com o dióxido de silício.
Referências
Ligações externas