A Parábola do Semeador é uma das parábolas de Jesus encontradas nos três evangelhos sinópticos (Mateus 13:1–9, Marcos 4:3–9 e Lucas 8:4–8) e no apócrifo Evangelho de Tomé [1]. Nesta história, um semeador deixou cair uma semente no caminho, em terreno rochoso e entre os espinhos, e ela se perdeu, mas quando a semente caiu em boa terra, cresceu, multiplicando por trinta, sessenta e cem a colheita.
No Evangelho de Mateus, a narrativa é:
No Evangelho de Marcos:
No Evangelho de Lucas:
O trecho em Tomé é:
O Evangelho de Tomé, como de costume, não fornece qualquer contexto narrativo, nem qualquer explicação, mas nos sinópticos essa parábola aparece como parte de um conjunto proferido por Jesus enquanto ele estava em um barco à beira de um lago. A parábola fala de sementes que foram irregularmente dispersas, algumas caindo na estrada e conseqüentemente, foram consumidas por aves, algumas caindo sobre a rocha e foram incapazes de se enraizarem, e alguns caindo nos espinhos, que sufocaram a semente e os vermes comeram. Foram, de acordo com a parábola, apenas as sementes que caíram em boa terra que foram capazes de germinar, produzindo uma safra de trinta, sessenta ou até cem vezes mais, do que havia sido semeada.
Embora o Evangelho de Tomé não explique a parábola de forma alguma, os sinópticos dizem que os discípulos não entenderam e questionaram por que Jesus estava ensinando através de parábolas, e também que Jesus esperou até muito mais tarde, após a multidão ter saído, antes de explicar o motivo das parábolas, dizendo aos seus discípulos:
Segundo os evangelhos, o próprio Jesus explica a parábola:
A maior parte dos acadêmicos acredita que a parábola tinha um tom otimista originalmente, no sentido de que a "semente" eventualmente sucederá, enraizando-se e produzindo uma grande colheita[3]. É a primeira parábola a ocorrer em Marcos, que, de acordo com a hipótese da fonte Q, teria sido o primeiro livro a ser escrito. Marcos a utiliza para sublinhar a reação aos ensinamentos anteriores de Jesus pelo povo e também a reação que a mensagem cristã tinha tido no mundo nas três décadas que separam o final do ministério de Jesus e a composição do evangelho[4].
Jesus afirma estar ensinando em parábolas por que ele não quer que todos o compreendam, apenas os que o seguem. Por isso, um ouvinte já deve estar comprometido a seguir Jesus para compreender completamente a mensagem e sem esse compromisso, não a compreenderá. E se alguém não compreende completamente a parábola, é um sinal de que não é um discípulo de fato[5]. Jesus cita Isaías 6:9–10, que também pregou em Israel, sabendo que esta passagem passaria despercebida (ou não compreendida) de modo que os pecados dos israelitas não seriam perdoados e eles seriam punidos por Deus por eles[4]. Existe um debate sobre se este seria o significado original desejado por Jesus ou se foi Marcos quem deu ao trecho essa conotação[5]. A explicação completa do significado da parábola reafirma que haverá dificuldades para a mensagem de Jesus se fixar, talvez uma tentativa por parte de Marcos de reforçar a fé de seus leitores, talvez frente a alguma perseguição[6]. Esta parábola é possivelmente essencial para a compreensão de todas as demais parábolas de Jesus, pois ela deixa claro, o que é necessário para entender Jesus é a fé anterior em sua mensagem e, que Ele não irá tentar iluminar os que se recusam a acreditar e irá apenas confundi-los[7].
A parábola também já foi interpretada como revelando que há (pelo menos) três "níveis" de progresso e salvação divinos. Ireneu escreveu:
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