As operações recebem este nome porque se iniciaram nas primeiras horas da manhã do Tết Nguyên Đán, o primeiro dia do ano no calendário lunar tradicional usado no Vietnã, e o feriado mais importante do país. Tanto o Vietnã do Norte quanto o do Sul haviam anunciado em transmissões nacionais de rádio que haveria um cessar-fogo de dois dias durante a ocasião. Em vietnamita a ofensiva é conhecida como Cuộc Tổng tiến công và nổi dậy ("Ofensiva e Insurreição Geral"), ou Tết Mậu Thân ("Tet, ano do macaco").[4][5][6][7]
Em 1967 parecia ter ocorrido um impasse na guerra do Sudeste Asiático. Em decorrência da massiva intervenção norte-americana, as forças do Vietnã do Norte haviam sido contidas. Amparados na sua superioridade em blindados, aviões, helicópteros e sistemas de armas sofisticados, os estrategistas norte-americanos acreditavam que o conflito seria vencido a seu favor, em algum momento.[4][5][6][7]
Por sua vez, a liderança política e militar norte-vietnamita, apostava que o ponto fraco da ameaça dos EUA era sua frente interna, ou seja, a opinião pública. Para romper o impasse, foi convocada em Hanói, em julho de 1967, uma reunião cujo objetivo era traçar uma estratégia que retomasse a iniciativa do conflito para o Vietnã do Norte. O resultado desta reunião ficou claro no ano seguinte, quando, surpreendentemente, as forças americanas foram confrontadas pela ação conjunta de guerrilheiros vietcongs e do Exército do Vietnã do Norte.[4][5][6][7]
A ofensiva deveria ser a mais ampla possível. Em nível militar esperava-se que o ARVN (Exército do Vietnã do Sul) entrasse em colapso quando os norte-americanos vissem subir, de forma acentuada, suas baixas em combate, aumentando simultaneamente a oposição antiguerra nos E.U.A.[4][5][6][7]
Deslocando forças do ENV para o sul, e sendo apoiadas em sua ofensiva pelos vietcongs, todas as províncias seriam envolvidas nos combates, aí incluindo todas as cidades do Vietnã do Sul, começando pela capital Saigon. O golpe final seria um levante geral que demoliria o ARVN e seus aliados norte-americanos.[4][5][6][7]
Os ataques foram marcados para o final de Janeiro e teve entre os preparativos uma série de ataques cujo objetivo foi o de afastar as guarnições sul vietnamitas de suas bases nos centros urbanos de porte médio e grande. Duas semanas antes do ataque, o ENV lançou duas divisões contra a base de Khe Sahn, que ficou sob cerco por cerca de 11 semanas.[4][5][6][7]
O ataque foi desfechado em 30 de janeiro e, só em Saigon, havia mais de 4 mil vietcongs, misturados à população urbana. Nesta, um dos principais alvos foi a embaixada dos EUA e o campo de pouso de Tan Son Nhut. Na embaixada, um grupo de 15 guerrilheiros infiltrou-se após explodir uma parede e levaram seis horas para ser neutralizados.[4][5][6][7]
Excetuando os combates em Huế (antiga cidade imperial) e em Khe Sahn, os combates terminaram em cerca de uma semana, iniciando-se então um balanço da ofensiva. Para os governos do Vietnã do Sul e dos EUA, havia sido uma vitória política a não adesão da população aos atacantes - demonstrando o isolamento dos vietcongs. No campo militar, também foi uma vitória a resistência do ARVN, abrindo a perspectiva de uma "vietnamização" do conflito, com a retirada dos EUA da linha de frente do conflito, o que viria a ter início em Janeiro de 1973.[4][5][6][7]
Para a liderança norte-vietnamita, a perda de cerca de 79 117 baixas, dentre mortos (+- 35 000), feridos (+-38 117) e aprisionados (+-6 000), não era dramática, pois em sua maioria pertenciam aos vietcongues, o que os enfraquecia diante de Hanói. E se o resultado militar foi frustrante para eles, o impacto provocado na opinião pública norte-americana foi enorme, minando a determinação deles em permanecer no conflito. O "colapso político" do governo norte-americano foi tão violento que levou o General Giap, que já reconsiderava o retraimento de suas forças, a um novo e mais agressivo planejamento de suas operações de guerra. Somando-se às baixas norte-vietnamitas, deveremos acrescentar as perdas fatais dos perto de 7 721 civis, 1 100 norte-americanos e aproximadamente 2 900 soldados sul-vietnamitas. Neste ponto do conflito, contava-se o expressivo número de 1 500 000 refugiados internos, sob a coordenação do governo do Vietnã do Sul.[4][5][6][7][8]
Bibliografia
Guerra na Paz, vol.3 páginas 697 a 701.
Referências
↑Smedberg, Marco (2008). Vietnamkrigen: 1880–1980. [S.l.]: Historiska Media. ISBN91-85507-88-1
↑ abcdefghiHammond, William H. (1988). The United States Army in Vietnam, Public Affairs: The Military and the Media, 1962–1968. Washington, D.C.: United States Army Center of Military History
↑ abcdefghiMilitary History Institute of Vietnam (2002). Victory in Vietnam: A History of the People's Army of Vietnam, 1954–1975. trans. Pribbenow, Merle. Lawrence KS: University of Kansas Press. ISBN 0-7006-1175-4
↑ abcdefghiLaurence, John (2002) The Cat from Hue: a Vietnam War Story, Public Affairs Press (New York), ISBN 1891620312
↑ abcdefghiLewy, Guenter (1980). America in Vietnam. Internet Archive. [S.l.]: Oxford ; Toronto : Oxford University Press
↑«Tet Offensive». www.u-s-history.com. Consultado em 17 de março de 2024