Octávio da Veiga Ferreira nasceu em 28 de Março de 1917, sendo natural da cidade de Lisboa.[2] Foi o mais velho de seis irmãos, tendo o seu pai sido um antigo militar que tinha sido afastado das forças armadas por participar na Revolução monárquia falhada de 1919.[2] Fez o serviço militar primeiro em Tancos e no Algarve, e depois como oficial telegrafista na marinha mercante.[2] Inicialmente procurou continuar a sua carreira na marinha de guerra, mas foi impedido pelos familiares, de simpatias monárquicas, que consideravam que aquele ramo das forças armadas estava dominado pelos republicanos.[2]
Em 1965 concluiu o doutoramento em Ciências Naturais na Universidade de Paris,[2] com a tese La culture du vase campaniforme au Portugal.[3] Foi o primeiro arqueólogo em Portugal a tirar um doutoramento sobre uma temática ligada à pré-história nacional.[2]
Carreira profissional
Após o final do curso de engenharia, empregou-se na Comissão Reguladora do Comércio de Metais, em 1941.[2] Em 1944 passou para a Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos, e no ano seguinte esteve a fazer trabalhos para aquele organismo na zona das Caldas de Monchique, durante os quais fortaleceu as suas ligações à comunidade arqueológica portuguesa, através dos vários grupos que estavam a fazer escavações no local.[3] Nessa altura conheceu o arqueólogo Abel Viana,[3] tendo ambos feito várias pesquisas junto à estância termal, em conjunto com José Formosinho, incluindo o estudo de vários monumentos funerários.[4] Também na década de 1940, aquele grupo identificou o sítio do Cerro do Castelo da Nave, igualmente no concelho de Monchique.[5] Além de participar em escavações, Veiga Ferreira também começou nessa altura a escrever trabalhos arqueológicos.[3]
Em 1950 começou a trabalhar nos Serviços Geológicos de Portugal, principalmente no ramo da paleontologia, no estudo do espólio do museu daquele organismo, e à cartografia geológica.[3] Nessa década, Octávio da Veiga Ferreira continuou a sua colaboração com Abel Viana, tendo ambos estudado o sítio arqueológico do Povoado das Mesas do Castelinho, no Alentejo.[6] Também trabalhou com outras importantes individualidades da arqueologia nacional, como António Mendes Correia, Vera Leisner, Jean Roche, Manuel Afonso do Paço e Albuquerque e Castro.[3] Morou em Oeiras nos anos 50 e 60, tendo nessa altura feito um importante contributo para a arqueologia naquele concelho.[2] Em 1970, apresentou a comunicação Estudo do Campaniforme na Península de Lisboa, no âmbito do grupo Amigos de Lisboa.[7]
Destacou-se principalmente pela sua participação na série de televisão Do Paleolítico ao Romano, que foi emitida pela Rádio Televisão Portuguesa entre 1982 e 1983.[3] Publicou igualmente um grande número de trabalhos arqueológicos, que ultrapassaram as quatro centenas.[3] Integrou-se na Universidade Nova de Lisboa por convite de António Henrique Rodrigo de Oliveira Marques,[2] tendo ensinado na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais entre 1977 a 1987, ensinando na cadeira de pré-história, que fazia parte da licenciatura em história.[3] Em 1987 jubilou-se daquele estabelecimento, por ter atingido o limite de idade.[3]
Como geólogo, trabalhou principalmente em paleontologia e cartografia, tendo concluído mais de trinta obras sobre o primeiro tema, tanto sozinho como com outros autores.[3] Em termos de cartografia, colaborou na publicação de cerca de setenta notícias explicativas, e na criação de 36 cartas geológicas, nas escalas 1:50 000 e 1:25 000.[3] Também estudou o vulcanismo, tendo publicado alguns trabalhos sobre este tema e participado em diversas missões científicas dos Serviços Geológicos ao Arquipélago dos Açores, durante os quais colaborou com outros investigadores, como Georges Zbyszewski.[3] Dedicou-se igualmente ao estudo da estratigrafia.[3]
Falecimento e família
Em 1941 casou com Maria Luísa Fernandes Bastos, com quem teve duas filhas, Seomara (1942) e Ana Maria (1945).[2]
Faleceu na cidade de Lisboa, 14 de Abril de 1997.[2]
Homenagens
Recebeu as medalhas de Mérito Municipal de Rio Maior e Cascais, e já após o seu falecimento, a medalha de ouro de Mérito Municipal de Oeiras.[3] Também foi-lhe dedicado um monumento relativo à arquitectura, erigido num jardim de Rio Maior.[3]
CARDOSO, João Luís; RAPOSO, Luís; FERREIRA, Octávio da Veiga (2002). A Gruta Nova da Columbeira: Bombarral. Bombarral: Câmara Municipal do Bombarral. 142 páginas. ISBN972-8561-04-0
PEREIRA, Eurico; FARINHA, João B.; SILVA, A. M. Vieira da; FERREIRA, Octávio da Veiga (2007). Notícia explicativa da folha 13-D Oliveira de Azeméis. Col: Carta geológica de Portugal. Lisboa: Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação. 55 páginas
VIANA, Abel; FERREIRA, Octávio da Veiga; SERRALHEIRO, P. A. (1957). «Apontamentos arqueológicos dos concelhos de Aljustrel e Almodôvar». XXIII Congresso Luso‐Espanhol para o progresso das ciências. Coimbra: Associação Portuguesa para as Ciências Históricas e Filológicas. p. 461 a 470
SAAVEDRA, João L.; MONTEIRO, J. Almeida; FERREIRA, Octávio da Veiga (2012). Trabalhos arqueológicos no castelo de D. Framundo em Famalicão da Nazaré. Nazaré: Biblioteca da Nazaré. 57 páginas. ISBN978-972-99736-1-1
Referências
↑Cardoso, Jão L. (1997). In Memoriam, O. da Veiga Ferreira (1917—1997). Lisboa: Comunicações do Instituto Geológico e Mineiro.