Nordeste oriental

O Nordeste Oriental (em azul) era uma das regiões da divisão territorial do Brasil de 1945.[1]

O Nordeste oriental[nota 1] é uma subdivisão geográfica do Nordeste brasileiro que engloba os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará e se refere não apenas à semelhança geográfica da área, mas também às culturais, históricas, humanas e econômicas.[2][3][nota 2][6] É nela onde se situam cinco das nove capitais da região Nordeste (Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Maceió) e onde é gerada mais da metade da riqueza regional.

O conceito inclui ainda a região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental, uma das doze regiões hidrográficas do território brasileiro segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).[6]

História

Escravos cortando cana no século XIX

Em fins do século XV Vicente Pinzón explorou essa região do Brasil antes da descoberta oficial por Cabral. Antes de rumar para a foz do Amazonas, Pinzón navegou entre dois dos cabos que mais se projetam na costa — o Cabo de Santo Agostinho, na costa leste, e o de São Roque, que divide as costas norte e leste do Brasil.

Nos séculos XVI e XVII o Nordeste oriental torna-se a potência econômica do país em virtude das exportações de cana-de-açúcar, mercadoria mais valiosa do comércio da época. Os principais núcleos urbanos de então eram as cidades de Recife e Filipeia, assim como as vilas de Olinda e Goiana.[nota 3] É então que a migração expansionista e pecuarista sobe o rio São Francisco e os sertões nordestinos no século XVIII e dá impulso à economia local com a conquista das “terras devolutas” dos tapuias. A saturação do ciclo da cana e a emergência do ciclo algodoeiro relacionado à industrialização se projeta no século XIX. A abolição da escravatura em 1888 provoca grandes mudanças sociais.

Com a entrada do século XX, o setor primário perde força na região e seu PIB passa a contar mais com a produção industrial e, sobretudo, o setor terciário. Finalmente, a partir dos fins do século XX a urbanização e a modernização se espalha pelas metrópoles regionais e os pólos do interior.

A região sofreu ao longo da história brasileira grandes pressões antrópicas, as quais foram responsáveis não só pela derrubada da Mata Atlântica para implantação da cultura de cana-de-açúcar e degradação dos manguezais e lagoas da zona costeira, em virtude do avanço urbano, como também pela devastação da caatinga em virtude da expansão da atividade pecuária no sertão brasileiro.[6]

Geografia

A região tem uma área de 384.115 km², abrangendo em seu território os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, ou seja, em torno de um quarto da superfície da região Nordeste, que apresenta 1.558.196 km². O seu maior rio a leste é o Paraíba, que deságua na zona da mata, enquanto no setor centro-oeste e norte destacam-se o Jaguaribe e o Piranhas-Açu.

A Bacia do Atlântico Nordeste oriental caracteriza-se pela ausência de grandes rios, configurando-se num cenário de baixa disponibilidade hídrica com relação às demandas, principalmente em períodos de estiagem. Dentre as principais baciais, destacam-se os rios Acaraú, Jaguaribe, Piranhas–Açu, Paraíba, Capibaribe e Una.

Ver também

Notas e referências

Notas

  1. Prescreve-se o uso do "O" maiúsculo apenas para a denominação com fins político-administrativos ("Região Administrativa do Nordeste Oriental"), enquanto que para a área geográfica em si (isto é, ponto cardeal), que compreende seis estados, deve-se usar "o" minúsculo ("cultura da região do Nordeste oriental").
  2. Politicamente, era a divisão territorial compreendida entre Alagoas e Ceará. Contudo, apesar de estar ao sul do São Francisco, o estado de Sergipe é também geograficamente incluído por suas semelhanças culturais, históricas e econômicas em comum com os demais estados mencionados.[4] Toda essa região, incluindo-se Sergipe, é uma área de clima quente e úmido, dotada de ricos massapês.[5]
  3. No século XVIII, o Nordeste oriental é invadido pelos neerlandeses e se torna a mais próspera e lucrativa colônia batava no mundo.

Referências

  1. «Divisão Regional Brasileira». Portal Brasil Escola. Consultado em 17 de Janeiro de 2012 
  2. Gilberto Osório de O. Andrade e Manuel Correia de O. Andrade (1959). Os Rios-do-açúcar do Nordeste Oriental. [S.l.]: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. 154 páginas 
  3. Brasil. Departamento Nacional da Produção Mineral (1984). Principais depósitos minerais do Nordeste oriental. [S.l.]: DNPM. 437 páginas 
  4. Joaquim do Amor Divino Caneca (2001). Coleção Formadores do Brasil. [S.l.]: Editora 34. 643 páginas. ISBN 9788573262131 
  5. Aziz Nacib Ab'Sáber (2004). São Paulo: ensaios entreveros. [S.l.]: EdUSP. 518 páginas. ISBN 9788531407215 
  6. a b c Adm. do portal (2008). «Regiões Hidrográficas». Agência Nacional de Águas – ANA. Consultado em 24 de fevereiro de 2014 

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