A formação rochosa, caracterizada por uma extrusão vulcânica que avança sobre o mar, é também um marco geológico mundial por representar o último ponto de ruptura entre a América do Sul e a África — que até então eram unidas em uma única e imensa massa continental denominada Gondwana (a parte sul da Pangeia).[4]
De acordo com diversos historiadores, o cabo de Santo Agostinho foi o local exato do descobrimento do Brasil.[5][1][2][6][3]
Entretanto, a navegação de navios castelhanos ao longo da costa brasileira não produziu consequências. A chegada de Pinzón pode ser vista como um simples incidente da expansão marítima espanhola. Por isso, considera-se que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.[7]
Uma esquadra espanhola composta por quatro caravelas zarpou de Palos de la Frontera no dia 19 de novembro de 1499. Após cruzar a linha do Equador, o navegador Vicente Yáñez Pinzón enfrentou uma forte tempestade, e então, no dia 26 de janeiro de 1500, avistou o cabo e ancorou suas naus num porto abrigado e de fácil acesso a pequenas embarcações, com 16 pés de fundo, segundo as indicações da sonda. O referido porto era a enseada de Suape, localizada na encosta sul do promontório, que a expedição denominou cabo de Santa María de la Consolación. A Espanha não reivindicou a descoberta, minuciosamente registrada por Pinzón e documentada por importantes cronistas da época como Pietro Martire d'Anghiera e Bartolomeu de las Casas, devido ao Tratado de Tordesilhas, assinado com Portugal.[5][1]
O mapa de Juan de la Cosa, carta do século XV, mostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente. Ali figura um texto que diz "Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians" ("Este cabo foi descoberto em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Pinzón em finais de janeiro de 1500 ao cabo de Santo Agostinho.[8]
Em 1501, partiu de Portugal uma expedição de reconhecimento da costa brasileira, expedição esta confiada a Américo Vespúcio e comandada por Gonçalo Coelho. A frota atingiu o cabo em 28 de agosto, dia da morte de Agostinho de Hipona. O promontório foi então batizado como "cabo de Santo Agostinho".[9]
O cabo foi a primeira porção de terra avistada pelo aventureiro alemão Hans Staden em sua viagem ao Brasil no ano de 1549, cujo desembarque se deu no porto do Recife.[11]
Características
Acidente geográfico com mais de 100 milhões de anos, o cabo de Santo Agostinho representa, geologicamente, a única região onde afloram rochas graníticas de idade cretácica em todo o Brasil. Constitui ainda o último ponto de ruptura entre a América do Sul e a África, que até então eram unidas em uma única e imensa massa continental denominada Gondwana (a parte sul da Pangeia).[3][6][4]
Por muito tempo se achou que o cabo de Santo Agostinho era o ponto mais oriental do Brasil e das Américas, porém medições cartográficas recentes, feitas com o uso de tecnologias modernas, atestaram que a Ponta do Seixas na Paraíba é o extremo leste do continente americano.[3][6]
Costa nordeste do Brasil pelo renomado cartógrafo holandês Nicolaes Visscher (1618-1679). O cabo de Santo Agostinho é retratado como o extremo leste do continente americano.
Litoral de Pernambuco no Atlas do Brasil (1640) de João Teixeira Albernaz, o Velho, mais prolífico cartógrafo português do século XVII.
Cabo de Santo Agostinho como extremo oriental da América do Sul no Mapa do Mundo de Joan Blaeu, publicado por volta de 1664.