O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) é uma instituição ligada ao ensino, à pesquisa e à extensão universitária, voltado à produção artística nacional e estrangeira.[2]
O museu está localizado instalado na Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301 no Ibirapuera em um complexo arquitetônico criado nos anos 1950 pelo arquiteto Oscar Niemeyer e equipe, além de seu espaço histórico no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, constitui um importante centro de pesquisa e de formação educacional.[3]
O MAC possui a mais importante coleção da América Latina especializada na produção ocidental do século XX. Conta com cerca de 10 mil obras - entre óleos, desenhos, gravuras, esculturas, objetos e trabalhos conceituais - consistindo em um grande patrimônio cultural com decorrências nacionais e internacionais.[4]
História
Antecedentes
A criação do Museu de Arte Contemporânea da USP encontra-se ligada à história da primeira coleção especializada em arte moderna da América Latina, a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e, por conseguinte, à instituição da Bienal Internacional de Arte de São Paulo.[5] Fundado em 1948 por Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo Matarazzo, o Museu de Arte Moderna de São Paulo surge em um contexto de expansão industrial e de acelerado processo de metropolização.[6] Nesse cenário, o mecenato privado – sobretudo o de Ciccillo e de Assis Chateaubriand (fundador do Museu de Arte de São Paulo) – cumpre papel decisivo na criação de diversas instituições culturais do período. No campo das artes visuais, o MAM/SP e a Bienal expressam a atenção despertada pelas novas tendências construtivas na arte.[7][8][9]
Reivindicação antiga de artistas e intelectuais, como Mário de Andrade e Sérgio Milliet, o projeto de um museu dedicado à Arte Moderna no Brasil tem por modelo o Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque (1929) e sua tentativa de articulação das diferentes artes: cinema, teatro e artes visuais. Com o apoio de Nelson Rockfeller (responsável por uma importante doação de obras feita ao MAM/SP em 1949), Carlos Pinto Alves e Alberto Magnelli, Ciccillo consegue ampliar a coleção, contando para isso com o auxílio técnico do crítico belga Leon Dégand, primeiro diretor da instituição.[10] A criação da Bienal Internacional de São Paulo cumpre importante papel na ampliação do acervo: as obras premiadas nas mostras internacionais realizadas a partir de 1951 são incorporadas à coleção do museu, até 1962, quando ocorre a separação jurídica entre as instituições.[11]
Os sucessivos conflitos entre a diretoria - ávida por autonomia - e Ciccillo, além da excessiva ligação do museu à Bienal (que fez dele quase um apêndice desta), levaram o empresário a decidir unilateralmente pela extinção do MAM, em 1962, e a efetivar a doação de seu acervo à Universidade de São Paulo no ano seguinte.[6] Amigo do reitor da universidade, Ulhôa Cintra, Ciccillo havia recebido deste a promessa de que o acervo ganharia uma sede própria no campus da Cidade Universitária.[12] Os membros do conselho recorreram judicialmente da decisão de Ciccillo e tentaram recuperar, em vão, o patrimônio da instituição. Conseguiram, no entanto, reaver a personalidade jurídica do MAM/SP. Passam a organizar exposições pela cidade até que, em 1969, o museu retoma suas atividades regulares em sua nova sede, na marquise do Parque do Ibirapuera.
Histórico
O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo é instituído em 8 de abril de 1963. Além das obras transferidas do Museu de Arte Moderna de São Paulo, somam-se ao seu acervo as obras advindas das coleções particulares de Ciccillo Matarazzo e de sua esposa, Yolanda Penteado, bem como a doação de obras internacionais realizada pela Fundação Nelson Rockefeller e os Prêmios das Bienais Internacionais de São Paulo. Concomitantemente, parte do antigo museu e de sua história migra para a universidade, o que confere a ele feições particulares associadas ao caráter da instituição que o acolhe. Entre outras coisas, observa-se o destaque, a partir de então, ao caráter educacional e formador do MAC, dirigido por professores universitários.[13]
A herança das obras-primas amealhadas pelo MAM/SP fez com que o novo museu logo ganhasse destaque na América Latina e espaço nas discussões sobre os rumos das artes no século XX. Walter Zanini, primeiro diretor do MAC, assumiu pouco antes do golpe militar de 1964. Em tempos de intensa repressão política, Zanini foi o responsável por fazer do MAC um fórum do pensar e do fazer artísticos. Vários trabalhos expostos no museu refletiam a presença militar no cotidiano, ocasionando ameaças freqüentes dos órgãos repressores institucionais. As administrações posteriores de Wolfgang Pfeifer (1978-1982), Aracy Amaral (1982-1986) e Ana Mae Barbosa (1986-1990) foram de grande importância na definição dos novos rumos da instituição.[16]
Investido das atribuições recorrentes ao fato de se posicionar como um museu da arte do nosso tempo, o MAC serviu de laboratório à primeira experiência museológica brasileira voltada à produção contemporânea. Ela se afirmou em meados dos anos de 1960, no exato momento em que se projetava internacionalmente a discussão sobre mudanças que estavam ocorrendo na arte, ocasião em que se discutia a re-conceituação dos seus paradigmas.[carece de fontes?]
O MAC USP projetava já nesse momento, ações e exposições que mostravam a arte contemporânea ao público. A incorporação de obras fundamentadas na experimentação de novas linguagens e no uso de novos meios foi a base do crescimento do acervo, nas décadas posteriores à sua fundação. A contemporaneidade será a marca principal das décadas de 70 a 90, quando as doações de obras realizadas pelos próprios artistas colocaram-se como fator principal para a atualização e ampliação qualitativa do acervo do museu.[carece de fontes?]
O ano de 1985 marca o começo da construção da sede definitiva do MAC, na Cidade Universitária. O projeto original foi elaborado pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Jorge Wilheim em 1975, mas com o início dos trabalhos, foram descobertas limitações técnicas que impossibilitaram a continuação da obra, fazendo com que a direção do museu optasse por um segundo projeto, inaugurado em 1992. A partir de 1999, por iniciativa de seu diretor Teixeira Coelho, a sede do museu no campus passou por ampla reforma que a dotou de aprimoramentos tecnológicos atualizados e importantes, uma nova distribuição do espaço expositivo interior, uma nova fachada e aspecto exterior e um novo jardim de esculturas no qual se sobressaía uma obra de Tomie Ohtake; a sede-campus, inteiramente reformada, foi reinaugurada em 2000.[carece de fontes?]
A condição de museu universitário confere ao MAC/USP características diferenciadas em relação às instituições congêneres. O museu conta com um corpo permanente de docentes e pesquisadores que desenvolvem pesquisas científicas nas diversas áreas de atuação do museu, resultando em amplo acervo de publicações e expertises. Também oferece cursos de extensão universitária, de graduação e de pós-graduação aos estudantes da USP, de instituições conveniadas e à comunidade em geral.[carece de fontes?]
A coleção
Caracterização do acervo
A coleção do MAC é de singular importância no contexto nacional e internacional e oferece uma experiência significativa do que foi e é a arte do início do século XX até os dias de hoje. São mais de oito mil obras – entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias, objetos e trabalhos conceituais – de artistas exponenciais, brasileiros e estrangeiros, capazes de ilustrar todos os principais movimentos artísticos dos últimos cem anos. Recentemente, o MAC recebeu, por determinação judicial, a guarda e a administração provisória de 1478 obras da coleção do Banco Santos, que abrange um significativo conjunto de fotografias contemporâneas, vindo cobrir uma lacuna no acervo da instituição.[17][18]
O período do pós-guerra torna-se um terreno fértil para o surgimento de novas experiências estilísticas e para a reconfiguração dos temas e objetos de análise no campo das artes visuais.[33] A diversificação e a profusão de estilos e valores levam à incorporação de questionamentos bastante diversos das rupturas propostas pelos movimentos de vanguarda do período anterior. Esta tendência, iniciada na década de 1950, torna-se mais evidente já no decênio seguinte.[34] O abstracionismo mantém sua relevância como corrente estilística na arte contemporânea.[35] Entre seus representantes, destacam-se, no acervo do MAC, Pierre Soulages, Luciano Minguzzi, Simon Beneton, Alfred Leslie e Jean Otth. A produção surrealista pós-moderna se faz presente nas obras de Joan Ponç, Eduardo Paolozzi, Alan Davie e, sobretudo, Antoni Tàpies (Ásia, 1951).[carece de fontes?]
A Biblioteca do Museu de Arte Contemporânea da USP, fundada juntamente com o museu, recebeu, em sua criação, doado pela USP, o acervo de livros que pertencera ao pintor Paulo Rossi Osir.[50] Em 1969, o Conselho Administrativo decidiu que a biblioteca teria o nome de Lourival Gomes Machado, homenageando um dos primeiros professores a ministrar cursos de História da Arte na USP. Em 1971, a então Biblioteca Lourival Gomes Machado foi cadastrada no Conselho Regional de Biblioteconomia – CRB/SP e em 1973 obteve cadastro no Instituto Nacional do Livro. Possui um acervo de aproximadamente 60.000 volumes entre livros, catálogos de exposições, periódicos, pastas de artistas, slides, vídeos e cartazes – abrangendo temas como artes plásticas, arquitetura, design, museologia, conservação, restauração, etc.[carece de fontes?]
Exposições
Visões da Arte no Acervo do MAC USP 1900 - 2000
Em uma sede nova, o MAC USP apresenta a exposição "Visões da arte no acervo do MAC USP 1900-2000". A partir disso, o museu vai passar a ampliar, consideravelmente, o número de obras em suas exposição de longa duração.[52]
Essa mostra conta com mais de 160 obras, e são consideradas as mais expressivas do acervo que o Museu abriga. Se localiza no 7º andar com peças da primeira metade do século XX e se expande até o 6º andar com obras da segunda metade do século XX. Deste modo o visitante tem a oportunidade de desfrutar dos últimos cento e poucos anos da história da arte de acordo com a curadoria das docentes Ana Magalhães, Helouise Costa e Carmen Aranha (todas curadoras do MAC USP). Esta exposição tem como objetivo apresentar as obras em conjuntos definidos pelas principais escolas e movimentos artísticos deste período, dando destaque às suas crises e rupturas.
Monumentos Temporários
Essa mostra está exposta desde 1 de Abril de 2017 e vai até 13 de Agosto de 2017. Fyodor Pavlov-Andreevich, nasceu na Rússia e vive entre Moscou, Londres e São Paulo. Nessa exposição o artista tenta passar sua visão do mundo.[53]
Ele aborda a escravidão em suas diversas formas por meio de sete atuações que fez entre 2014 e 2017. Essas ações formam aquilo que ele denomina de "monumentos temporários". Os monumentos de Fyodor não são para celebração, pelo contrário, nos lançam de frente a sete situações de flagelo que trazem o passado e o presente da história do Brasil misturados.[54]
Bibliografia
Comissão de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo; Guia de Museus Brasileiros; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo / Editora da Universidade de São Paulo, 2000.