Mais do que uma reorganização administrativa, a criação da pasta em 1822 significava a unificação do comando das forças terrestres, antes dispersas entre os vice-reis e capitães-generais das capitanias.[6] Na República, Pandiá Calógeras foi o único civil a ocupar o cargo, de 1919 a 1922.[7] Desde a criação do Estado-Maior do Exército (EME) em 1899, não era claro quem, seu chefe ou o ministro da Guerra, comandaria o Exército. Teoricamente o ministro da Guerra nomeava o chefe do EME, mas na prática o presidente da República nomeava ambos. A chefia do EME era um cargo mais técnico, e o Ministério da Guerra, político. Os ministros da Guerra consideravam-se comandantes do Exército e buscavam centralizar as decisões.[8] O Estado Novo confirmou em 1938 o comando prático do Ministério da Guerra, tornando seu Gabinete o órgão principal do Exército. O EME foi relegado a órgão auxiliar.[9] Nessa época o presidente Getúlio Vargas também submeteu ao Exército as Forças Públicas, os antigos “pequenos exércitos estaduais”, colocando-os sob controle do Ministério da Guerra.[10]
O Ministério do Exército foi organizado em 1967, ao início das reorganizações militares da ditadura, com órgãos de assessoramento (destacando-se o Centro de Inteligência do Exército, o CIEx), direção geral (destacando-se o Alto Comando do Exército e o EME) e direção setorial e a Força Terrestre, na qual estavam os comandos de tropa. As diretorias e departamentos eram apenas burocráticas. A criação do CIEx esvaziou o poder político que ainda restava com o EME.[12]
↑BRASIL, Decreto de 2 de maio de 1822. Divide em duas a Secretaria de Estado dos Negocios Estrangeiros e da Guerra, ficando a Repartição dos Negocios Estrangeiros debaixo da direcção do Ministro e Secretario dos Negocios do Reino.
↑BRASIL, Decreto-lei de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sôbre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências.
↑Pechman, Robert (2015). «CALÓGERAS, Pandiá»(PDF). In: CPDOC FGV. Dicionário da Elite Política Republicana (1889-1930). Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil
↑McCann, Frank (2009). Soldados da Pátria: história do Exército Brasileiro, 1889–1937. Traduzido por Motta, Laura Pereira. Rio de Janeiro e São Paulo: Biblioteca do Exército e Companhia das Letras. p. 304.
↑Magalhães, João Batista (1998). A evolução militar do Brasil 2ª ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército. p. 359-360.
↑Carvalho, José Murilo de (2006). Forças Armadas e Política no Brasil 2ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.. p. 88.