Maria de Borgonha (em francês: Marie de Bourgogne; Dijon, setembro de 1386 – Castelo de Thonon-les-Bains, 2 ou 8 de outubro[1] de 1422)[2] foi uma nobre francesa. Ela foi condessa, e, após a ascensão do marido, Amadeu VIII, tornou-se a primeira duquesa de Saboia. Anos após a morte de Maria, o duque de Saboia governou como o Antipapa Félix V, de 1439 a 1449.
Desde que Maria nasceu, o seu pai, o duque Filipe II, tinha a intenção de casá-la com Amadeu VIII, filho do conde Amadeu VII de Saboia e de Bona de Berry, com o objetivo de aproximar os dois principados vizinhos. Após a morte de Amadeu VII em 1391, houve um conflito pelas rédeas do governo entre a avó do novo conde, Bona de Bourbon, e a mãe dele, Bona de Berry. Assim, Filipe II também interveio na resolução da questão da regência do jovem conde Amadeu, considerando este último como seu genro.[3]
O contrato de casamento foi assinado no ano de nascimento de Maria, em 1386, no dia 11 de novembro, na atual cidade neerlandesa de Sluis,[2] na província da Zelândia, quando a bebê tinha apenas dois meses de idade, e Amadeu, 3 anos. Eles se casaram por procuração em 30 de outubro de 1393,) no dia de São Miguel, em Chalon-sur-Saône,[2] na Borgonha, quando a noiva tinha apenas 7 anos, e o noivo tinha 10. A cerimônia oficial de casamento aconteceu pessoalmente, contudo, apenas em maio de 1401, na comuna de Arras,[2] quando Maria contava com 14 anos de idade, e Amadeu, 17. Contudo, Maria a penas chegou em Saboia quando tinha 17 anos, em setembro de 1403.[4]
O dote acordado foi de 100.000 francos dourados, os quais seriam pagos em quatro parcelas. Porém, apenas em 1434, 48 anos depois do noivado, o valor integral foi pago.[5] Além do dinheiro em espécie, o dote incluía 1 coroa nupcial, mais de 10 casacos forrados de arminho, 1 cruz de prata, e mais de 6 tapeçarias preciosas, totalizando o valor estimado do enxoval em 13.364 francos.[6]
No ano de 1416, Amadeu VIII teve sua posição de conde elevada à de duque pelo imperador Sigismundo do Sacro Império Romano-Germânico. Assim, Maria tornou-se a primeira duquesa de Saboia.
Maria, manteve instalado, por um tempo, um pombal no Castelo de Ripaille, em Thonon-les-Bains, que atraiu vários animais, entre eles, mais de 10 pombas, cervos e ovelhas, e, inclusive um guepardo. [5][7]
A duquesa recebeu uma ótima educação do avô, o rei João II de França, que lhe ensinou falcoaria. Maria aparece nos selos de Saboia à cavalo, segurando um falcão. Ela também era interessada em música, e sabia tocar o órgão. O duque de Saboia, um homem conhecido por sua religiosidade, costumava levar vários cantores e músicos para a capela da corte.[5]
Maria e Amadeu tiveram nove filhos juntos, cinco meninos e quatro meninas.
A duquesa de Saboia faleceu no dia 2 ou 8 de outubro de 1422, aos 36 anos de idade, e foi enterrada na Abadia de Hautecombe,[2][8] local de enterro de outros membros da família da Casa de Saboia.
Amadeu VIII reivindicou o Papado de 1439 a 1449 com o nome de Félix V, em oposição aos papas Eugênio IV e Nicolau V, sendo, por isso, considerado um antipapa. Ele não se casou novamente, e faleceu em 7 de janeiro de 1451, aos 67 anos.
Descendência
Margarida de Saboia (13 de maio de 1405 – 1418);
Antônio de Saboia (1407 – antes de 12 de dezembro de 1407);
Antônio de Saboia (1408 – após 10 de outubro de 1408);
Maria de Saboia (final de janeiro de 1411 – 22 de fevereiro de 1479), foi a segunda esposa do duque de Milão, Filipe Maria Visconti, após o mesmo ter orquestrado a execução da primeira esposa, Beatriz Lascaris de Tenda, sob acusações falsas de adultério. Não teve descendência, mas foi madrasta da filha ilegítima do duque, Bianca Maria Visconti, esposa de Francisco I Sforza, fruto de seu relacionamento com a amante, Inês del Maino. Após a morte de Filipe, em 1447, Maria virou freira em Turim;[9]
Amadeu de Saboia (26 de março de 1412 – 17 de agosto de 1431), foi príncipe do Piemonte a partir de 1424, além de príncipe titular de Acaia. Ficou noivo de Ana de Lusinhão, mas morreu antes do casamento, e ela se casou com o irmão dele;[9]
Bona de Saboia (setembro de 1415 – 25 de setembro de 1430), não se casou e nem teve filhos;
Margarida de Saboia (7 de agosto de 1420 – 30 de setembro de 1479), deteve vários títulos através de seus três casamentos. Primeiro foi esposa de Luís III, Duque de Anjou, e após a sua morte, casou-se com o eleitor Luís IV do Palatinado, com quem teve um filho, Filipe, Eleitor Palatino. Por fim, foi casada com o conde Ulrico V de Württemberg, com quem teve três filhas;
Filipe de Saboia (1417 – 3 de março de 1444), foi conde de Genebra e barão de Faucigny, pelo testamento do pai datado de 6 de dezembro de 1439. Não se casou e nem teve filhos;[9]
Ascendência
Ancestrais de Maria de Borgonha, Duquesa de Saboia