Manuscrito bíblico é o termo utilizado para referir-se a qualquer cópia feita a mão de um texto bíblico. A palavra Bíblia vem do grego biblion (livro). Já a palavra manuscrito vem do latim manu (mão) e scriptum (escrito). Manuscritos bíblicos variam grandemente em tamanho, indo desde pequeníssimos rolos de pergaminho contendo versos da escrituras judaicas (ver: Tefilin) até grandes códices poliglotas contendo tanto o Antigo Testamento (ou Tanakh) quanto o Novo Testamento, assim como textos não canônicos.
O estudo de manuscritos bíblicos é de grande importância, pois cópias manuscritas de textos costumam apresentar erros e variações. A ciência da crítica textual (ver: Crítica da Bíblia) procura reconstruir o conteúdo dos textos a partir destes manuscritos, produzidos em geral antes da invenção da imprensa.
O Codex Aleppo (c. 920) e o Códice de Leningrado (c. 1008) eram as mais antigas cópias manuscritas completas do Antigo Testamento, no entanto, a descoberta de 500 manuscritos bíblicos que formam os Pergaminhos do Mar Morto em 1947 no sítio arqueológico localizado de Qumran (Cisjordânia) levou a história dos manuscritos judaicos a um milênio antes (geralmente datados entre 150 A.C. e 70 D.C., alguns são datados do século II a.C.).[1] Cerca de 220 desses manuscritos são referentes ao Antigo Testamento (Tanakh),[2] com exemplos de cada livro canônico da Bíblia Hebraica com exceção do livro de Ester, embora a maior parte seja fragmentária. Notavelmente foram encontradas em Qumran dois rolos de pergaminho contendo o livro de Isaías, um completo (1QIsa) e outro contendo 75% deste(1QIsb).[1] O Manuscrito de Isaías (1QIsb) representa o tipo de texto proto-massorético; no entanto, há 248 divergências com o Texto Massorético, indicando que a redação bíblica era fluída antes das padronizações.
A precisão das padronizações do texto hebraico foi fruto de técnicas desenvolvidas pelos antigos escribas judeus na Idade Média. O resultado destas técnicas é que erros significativos surgem apenas na taxa de uma consoante em cada 1500, em média.[3]
O Novo Testamento foi melhor preservado em manuscritos do que qualquer outro livro antigo, possuindo mais de 5400 manuscritos gregos completos ou fragmentos de manuscritos, 10 000 manuscritos em latim e 9300 manuscritos em diversos outros idiomas antigos incluindo siríaco, eslavo, gótico, copta e armênio. Esses manuscritos em sua maioria são cópias de cópias de outras cópias, podendo fortemente conter erros de escrita se pudessem ser comparados aos escritos originais; para comparação, há somente sete cópias manuscritas dos escritos de Platão, escritas aproximadamente 1 200 anos após os originais.[4]
Distribuição dos manuscritos por século[5]
Manuscritos mais antigos dos livros do Novo Testamento:
Livro
Manuscrito mais antigo
Data
Condição
Evangelho de Mateus
P64, P67, P104
c. 200
Fragmentos
Evangelho de Marcos
P45
c. 250
Fragmentos Grandes
Evangelho de Lucas
P4, P75
Fragmento
Evangelho de João
P52
c. 125-160
Atos dos Apóstolos
P38
3°/4° sec.
Epístola aos Romanos
P46
c. 175-225
Primeira Epístola aos Coríntios
Segunda Epístola aos Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
Primeira Epístola aos Tessalonicenses
Segunda Epístola aos Tessalonicenses
P92
Primeira Epístola a Timóteo
א
c. 350
Completo
Segunda Epístola a Timóteo
Epístola a Tito
P32
Epístola a Filémon
P87
3º sec.
Epístola aos Hebreus
Epístola de Tiago
P23, P20
Primeira Epístola de Pedro
P72
3º/4º sec.
Segunda Epístola de Pedro
Primeira Epístola de João
P9
Segunda Epístola de João
0232
Terceira Epístola de João
Epístola de Judas
Apocalipse
P98, P115
c. 275