Jornadas de maio de 1937 (Els Fets de maig em Catalão, Los Hechos de Mayo ou "Eventos de Maio", em espanhol) foi um período de violência civil na Catalunha, entre 3 de maio e 8 de maio de 1937, quando facções do lado republicano na Guerra Civil Espanhola se envolveram, uma contra a outra, em batalhas de rua na cidade de Barcelona.
Os confrontos começaram quando, em Barcelona, unidades da Guarda de Assalto (Guardia de Asalto) - sob o controle do chefe de polícia Eusébio Rodríguez Salas e sob a influência da Partido Comunista de Espanha suportado pela URSS e seu braço local, o Partido Socialista Unificado da Catalunha (PSUC), [1] tentaram tomar o controle do edifício da central telefônica sob o controle dos anarquistas. Isso foi parte de uma série de medidas semelhantes tomadas pelo governo catalão a mando da URSS para esmagar as forças socialistas anti-stalinista.[2]
Neste caso, os trabalhadores revidaram: controlar a central telefônica não era apenas uma questão de prestígio para os anarquistas, mas também um forte ponto em qualquer luta pelo poder na cidade. A chamada às armas foi emitida, e o conflito se espalhou por toda Barcelona.
Os combates de rua duraram cinco dias, onde os trabalhadores de denominações diferentes, muitas das quais simpatizantes do anti-stalinista Partido Operário de Unificação Marxista (POUM), construiram barricadas e trocaram tiros com a "guardias de asalto", e elementos do PSUC.
Os membros da Confederação Nacional do Trabalho (CNT) foram finalmente persuadidos a um compromisso por Juan García Oliver, entre outros. O governo republicano, fortemente influenciado pelo seu principal benfeitor internacional, a URSS,[3] enviou 10 000 soldados da Guarda de Assalto a Barcelona para assumir o controle da cidade.[4]
O escritor britânico George Orwell descreve esses eventos, em que tomou parte, no 10o capítulo de seu livro Homenagem à Catalunha.
Outros relatos em primeira mão incluem o do anarquista alemão Augustin Souchy que escreveu sobre os Dias de Maio, em seu livro A Trágica Semana de Maio e os socialistas suecos Ture Nerman e August Spångberg que também estavam presentes em Barcelona e escreveram sobre suas experiências em suas autobiografias. Os eventos também foram ilustrado no premiado filme Terra e Liberdade.
George Orwell, em seu livro Homage to Catalonia vê os dias de Maio como uma supressão da revolução por partidos apoiados pela URSS como o PSUC. Ele argumentou que Stalin não queria uma genuína revolução socialista na Espanha.
Ele descreve Barcelona em 1936 como uma cidade sob o controle dos trabalhadores - A polícia substituída por patrulhas de trabalhadores, locais de trabalho coletivizados – e a natureza igualitária das milícias em Barcelona (como a o POUM milícia em que ele atuou). Ele contrasta isso com o estado policial opressor que se desenvolveu a partir de Maio e a subseqüente supressão do POUM.
Emma Goldman, proeminente anarquista americana, acrescenta o relato de Orwell em sua Letter to the editor of the times on issues of current interest.[5]
Resultado do Conflito
O resultado final da batalha foi a maior erosão do controle operário da cidade e os primórdios da Contra-Revolução generalizada. O POUM foi disperso,[6] suas publicações proibidas, e seus líderes presos.[7] A República realizou prisões em massa de trabalhadores contrarios a eles e dissolveu as fazendas agrícolas coletivas em Aragón pela força das armas.[8] Alistamento das milícias de voluntários no exército da República da Frente Popular tornou-se obrigatório, seus membros foram absorvidos ou então declarados desertores.[9]
Ironicamente, apesar de os anti-estalinistas serem silenciados pela contra-revolução,[7] os inimigos fascistas da URSS derrotaram a República em 1939. Como Stéphane Courtois escreve, "[Stalin] jogou corajosamente contra a independência do povo espanhol, mas debilmente contra Franco. Ele foi bem sucedido em intrigas assassinas, mas não na guerra na Espanha.[10]
Referências
- ↑ Augustin Souchy. «The Tragic Week in May: the May Days Barcelona 1937» (em inglês). libcom.org. Consultado em 13 dezembro 2012
- ↑ Courtois, Stéphane (2000). Harvard UP, ed. "The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression". [S.l.: s.n.] p. 344
- ↑ Orwell, George. "Homage to Catalonia". New York: Harcourt, Brace, 1952. Print. Pg 53
- ↑ Orwell, George. "Homage to Catalonia". New York: Harcourt, Brace, 1952. Print. Pg. 142.
- ↑ Goldman, Emma (4 de julho de 1937). «LETTERS TO THE EDITOR OF THE TIMES ON ISSUES OF CURRENT INTEREST; Naive Anarchists». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 7 de maio de 2023
- ↑ Andrew Forrest (2000). «6». "The Spanish Civil War" (em inglês). London: Routledge. p. 93. ISBN 0-415-18211-5
- ↑ a b Courtois, Stéphane (2000). Harvard UP, ed. The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression. [S.l.: s.n.] p. 340
- ↑ Courtois, Stéphane. The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression. [S.l.: s.n.] p. 344
- ↑ Orwell, George; Homage to Catalonia; New York; Harcourt, Brace, 1952. Print. Pg. 27
- ↑ Courtois, Stéphane. The Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression. [S.l.: s.n.] p. 369
Notas
- ↑ Três grupos da Guardia de Asalto (3.000 efectivos) estavam disponíveis para as forças de segurança, ao qual devem ser adicionados 1.000 soldados da Guarda Nacional Republicana(GNR) e outras forças de segurança, como a Mossos d'Esquadra. Mais tarde, foram enviados 4.000 Guardias de Asalto como reforços, enquanto a Marinha enviou o Navio de Guerra Jaime I e 2 contratorpedeiros. Devem ser anotadas as forças auxiliares do PSUC, ERC e do Estat Català.
Ligações externas