John Edward Williams (29 de agosto de 1922 – 3 de março de 1994) foi um autor, editor e professor americano. Williams se destacou no universo literário por seus romances Butcher's Crossing (1960), Stoner (1965) e Augustus (1972),[1] que ganhou o US National Book Award.[2]
Vida
Williams nasceu em Clarksville, Texas.[1] Quando ainda era criança sua família se mudou para Wichita Falls, Texas, em busca de trabalho nas reservas de petróleo descobertas na região.[3] Seus avós eram fazendeiros; seu pai, J. E. Jewell, trabalhava em uma loja de rações. Jewell desapareceu em circunstâncias misteriosas quando Williams tinha apenas dois anos, e sua mãe se casou novamente com George Williams, um trabalhador local. John Williams frequentou a faculdade, mas desistiu depois de reprovar em inglês do primeiro ano e, em seguida, trabalhou na mídia antes de ingressar no esforço de guerra no início de 1942, alistando-se na Força Aérea do Exército dos Estados Unidos. Ele passou dois anos e meio como sargento na Índia, China e Birmânia.
Carreira
Durante seu período de permanência em Calcutá ele escreveu algumas páginas de um romance, que mais tarde se tornaria o livro Nothing But the Night, publicado em 1948 pela Swallow Press, e reeditado pela New York Review Books Classics.[4]
Depois da guerra, Williams se mudou para Denver, Colorado, e se matriculou na Universidade de Denver, onde recebeu os graus de Bacharel em Artes (1949) e Mestre em Artes (1950). Durante seu tempo na Universidade de Denver seus dois primeiros livros foram publicados, Nothing But the Night (1948), um romance que descreve o terror e as consequências de uma experiência traumática precoce, e The Broken Landscape (1949), uma coletânea de poesias. Ao concluir o mestrado, Williams se matriculou na University of Missouri, onde lecionou e concluiu o doutorado em literatura inglesa, em 1954. No outono de 1955, Williams retornou à Universidade de Denver como professor assistente, tornando-se diretor da cátedra de escrita criativa. Seu segundo romance, Butcher's Crossing (Macmillan, 1960) retrata a vida na fronteira na década de 1870 no Kansas.[5]
Em 1963, Williams editou e escreveu a introdução da antologia English Renaissance Poetry: A Collection of Shorter Poems from Skelton to Jonson (Doubleday). A publicação provocou uma reação do poeta e crítico literário Yvor Winters, que afirmou que a antologia de Williams se sobrepunha ao seu cânone, e a introdução copiava seus argumentos. Os editores incluíram um agradecimento a Winters no livro.[4]
A segunda coleção de poemas de Williams, The Necessary Lie (1965), foi lançada pela Verb Publications. Williams também foi o editor fundador da University of Denver Quarterly[1] (que posteriormente se tornou Denver Quarterly), publicada pela primeira vez em 1965. Ele permaneceu como editor até 1970.
Seu terceiro romance, Stoner (1965), tem como enredo a trágica vida de um professor assistente de inglês da Universidade de Missouri, e foi publicado pela Viking Press. Em 2005 foi relançado pela NYRB Classics.[6] Posteriormente, foi traduzido e publicado na Europa e, a partir de 2011, tornou-se um best-seller na França, Holanda, Itália, Israel e Reino Unido.[4]
Sua quarta obra, Augustus (Viking Press, 1972), é um romance histórico sobre o imperador de Roma Augusto César. No ano de seu lançamento dividiu o National Book Award for Fiction com Chimera, de John Barth. Foi a primeira vez que o prêmio foi dividido.[2]
Williams se aposentou da Universidade de Denver em 1985, e morreu, de insuficiência respiratória, em 1994, em sua casa em Fayetteville, Arkansas. Williams deixou esposa e filhos.[1] Um quinto romance, The Sleep of Reason, estava inacabado no momento de sua morte, mas dois longos trechos foram publicados nas revistas Plowshares e Denver Quarterly em 1981[7] e 1986, respectivamente.
Williams tinha um sentimento de amor para com o estudo da literatura. Em uma entrevista concedida em 1986, ele foi questionado: "A literatura é escrita para entreter?". Sua respondeu foi enfática: "Absolutamente. Meu Deus, ler sem alegria é estúpido."[8]
Recepção e Legado
O crítico Morris Dickstein escreveu que, embora Butcher's Crossing, Stoner e Augustus sejam "surpreendentemente diferentes no que tange o tema", todos "mostram um arco narrativo semelhante: a iniciação de um jovem, rivalidades masculinas cruéis, tensões mais sutis entre homens e mulheres, pais e filhas e, finalmente, uma sensação sombria de decepção, até futilidade."[9] Dickstein chamou Stoner de "um romance perfeito, tão bem contado e lindamente escrito, tão profundamente comovente que te deixa sem fôlego".
Na introdução de Stoner, o autor John McGahern escreveu: "O entretenimento em Stoner é de uma ordem elevada, que o próprio Williams descreveu como 'uma fuga para a realidade', bem como dor e alegria. A clareza da prosa é em si uma alegria autêntica."[8]
Steve Almond também elogiou Stoner na The New York Times Magazine: "Nunca encontrei um trabalho tão implacável em sua devoção às verdades humanas e tão tenro em sua execução."[10]
Em 2018, uma biografia de Williams, escrita por Charles J. Shields e intitulada The Man Who Wrote the Perfect Novel: John Williams, Stoner, and the Writing Life, foi publicada pela University of Texas Press.[11][12]
Em uma entrevista a The Paris Review, em 2019, a viúva de Williams, Nancy Gardner, falou sobre o serviço de guerra, métodos de trabalho e alcoolismo do marido.[13]
Traduções
Stoner foi traduzido para vários idiomas, incluindo espanhol, francês, italiano, alemão, holandês, croata e português.[14]
Obras
- Romances
- Poesia
- The Broken Landscape: Poems (1949)
- The Necessary Lie (1965)
- Antologia
- English Renaissance Poetry: A Collection of Shorter Poems from Skelton to Jonson (1963)
Referências
- ↑ a b c d Saxon, By Wolfgang (5 de março de 1994). «John Williams, 71, a Novelist, Editor and Professor of English». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ a b
"National Book Awards – 1973". National Book Foundation. Retrieved 2012-03-30.
(An essay by Harold Augenbraum from the Awards 60-year anniversary blog. (from Internet Archive) The Williams essay includes Augenbraum's discussion of the split award.)
- ↑ Shields, Charles J. (15 de outubro de 2018). The Man Who Wrote the Perfect Novel John Williams, Stoner, and the Writing Life By Charles J. Shields. [S.l.: s.n.] ISBN 9781477317389. Consultado em 18 de novembro de 2022
- ↑ a b c Nast, Condé (11 de março de 2019). «John Williams and the Canon That Might Have Been». The New Yorker (em inglês). Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑
"Butcher’s Crossing: John Williams, introduction by Michelle Latiolais". Retail sales page for NYRB Classics. New York Review Books. Retrieved 2012-03-30.
- ↑ «How the NYRB Chooses Its Reissues: The Story of Stoner». Literary Hub (em inglês). 4 de abril de 2016. Consultado em 26 de março de 2019
- ↑ Williams, John (1981). «The Sleep of Reason». Ploughshares. 7 (3/4): 23–60. ISSN 0048-4474. JSTOR 40348734
- ↑ a b
Stoner: John Williams, introduction by John McGahern". Retail sales page for NYRB Classics. New York Review Books. Retrieved 2012-03-30.
- ↑ Dickstein, Morris (17 de junho de 2007). «The Inner Lives of Men». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑
Almond, Steve (9 de maio de 2014). «You Should Seriously Read 'Stoner' Right Now». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 6 de abril de 2023
- ↑ The Man Who Wrote the Perfect Novel John Williams, Stoner, and the Writing Life By Charles J. Shields. [S.l.: s.n.] 2 de outubro de 2018. Consultado em 3 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 8 de outubro de 2021
- ↑ «Nonfiction Book Review: The Man Who Wrote the Perfect Novel: John Williams, 'Stoner,' and the Writing Life by Charles J. Shields». Publishers Weekly. 18 de junho de 2018. Consultado em 3 de agosto de 2020
- ↑ «MRS. Stoner Speaks: An Interview with Nancy Gardner Williams». 20 de fevereiro de 2019
- ↑ «Decades Later And Across An Ocean, A Novel Gets Its Due». NPR.org (em inglês). Consultado em 26 de março de 2019
Ligações Externas