Joaquim José de Queirós nasceu nas Quintãs, Eixo, filho de José Marcelino Próspero Teixeira de Queirós, escrivão, e de Joana Leonor de Sousa e Almeida, uma família ligada à aristocracia local, com origem em Verdemilho (Aradas).
Formado bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra no ano de 1804, ingressou na carreira da magistratura e em 1812 foi nomeado juiz de fora em Azurara da Beira (actualmente Mangualde). Em 1817 pediu transferência para o Brasil, sendo nomeado ouvidor em Recife, Pernambuco, onde tomou posse a 15 de Abril de 1818.[2] A 11 de Fevereiro de 1822 foi promovido a juiz desembargador do Tribunal da Relação da Bahia, mas com exercício no Tribunal da Relação do Porto.[3]
Casou no Brasil com Teodora Joaquina de Almeida, com a qual teve seis filhos, entre os quais José Maria de Almeida Teixeira de Queirós, pai do escritor José Maria de Eça de Queirós.[1]
Foi membro da loja maçónica Santos Mártires, situada no Alboi (Aveiro), da qual faziam parte muitos intelectuais e profissionais liberais aveirenses. Foi iniciado antes de 1821, tendo ascendido ao grau de rosa-cruz.[4]
Foi membro da Câmara dos Deputados vintista na legislatura de 1826-1828, tendo organizado um enérgico protesto contra a política anticonstitucional do regente D. Miguel, quando a a 13 de Março de 1828 este dissolveu as Cortes.
Após a restauração do regime absolutista, regressou a Verdemilho, onde, com outros maçons, esteve na origem das tentativas de revolução liberal que eclodiram nos dias 16 e 17 de Maio de 1828 em Aveiro e na cidade do Porto. Foi o autor da proclamação lida em Aveiro e de cartas solicitando a adesão ao movimento que foram expedidas por emissários para diversas unidades militares de várias cidades portuguesas.[5] Foi secretário da Junta Revolucionária do Porto.[4]
Apoiada no Batalhão de Caçadores n.º 10, a revolta eclodiu em Aveiro pelas 7 da manhã do dia 16 de Maio de 1828, mas foi rapidamente sufocada, sendo presos ou obrigados a fugir os seus mentores. Para além de Joaquim José de Queirós, de entre os presos foram condenados à morte, entre outros, Francisco Manuel Gravito Veiga e Almada, Francisco Silveira de Carvalho, Manuel Luiz Nogueira e Clemente da Silva Melo Soares de Freitas. Joaquim José de Queirós foi um dos que conseguiram fugir.
Julgado em absentia como rebelde pela participação numa conjura em Aveiro, a sentença proferida a 25 de Novembro de 1829 condenava Joaquim José de Queirós a ser conduzido pelas ruas do Porto com baraço e pregão, subindo depois a um cadafalso onde lhe seria decepada a cabeça, sendo depois o corpo reduzido a cinzas.[6]
Entretanto Joaquim José de Queirós tinha escapando para a Galiza e, depois, para Plymouth, procurado refúgio no exílio, primeiro em Inglaterra, depois na França (Laval - Mayenne, f. de 1830 - princ. de 1831) e na Bélgica. Apenas regressou a Portugal em 1834, no termo da Guerra Civil Portuguesa, nas vésperas da assinatura da Convenção de Évora-Monte.
Foi eleito deputado para a legislatura de 1834-1836 pela Província do Douro, prestando juramento a 23 de Agosto de 1834. Nesta legislatura integrou as comissões parlamentares de Estatística, Justiça e Legislação.[4]
Voltou a ser eleito deputado nas eleições gerais de 28 de Novembro de 1847, para a legislatura de 1848-1851, também pelo círculo eleitoral do Douro. Prestou juramento a 26 de Janeiro de 1848.[4] Faleceu durante a legislatura.
Após a sua passagem pelo governo recolheu-se à sua casa de Verdemilho, onde faleceu no dia 16 de Abril de 1850. É recordado na toponímia de Verdemilho, Aradas, onde existe a «Rua Conselheiro Queirós».
↑Reza a sentença: «Do infame, perverso e façanhoso réu Joaquim José de Queirós mostra-se o haver sido não só o mais atrevido e ousado conspirador, cabeça e principal autor das tramas e maquinações que urdiram e prepararam o horroroso atentado de 16 de Maio de 1828 nas duas cidades de Aveiro e Porto, mas também incansável e poderoso agente do seu desenvolvimento e acérrimo mantenedor da sua destruidora persistência e deplorável duração. Porquanto se acha provado e demonstrado até à evidência, como se ponderou na primeira sentença desta alçada pelas correspondências originais deste mesmo audacíssimo réu, apreendidas ao co-réu Francisco Silvério de Carvalho, já justiçado, as quais constituem a parte mais essencial da devassa da rebelião a que se procedeu naquela cidade de Aveiro, juntas ao apenso 33.º, que o réu, a quem devorava o espírito da soberba e ambição, e do ódio e vingança contra a augustíssima e sagrada pessoa de sua majestade e contra as instituições salutares e fundamentais da monarquia, que o mesmo senhor se propunha restabelecer, apenas dissolvida a câmara dos deputados em Lisboa, de que o réu havia sido membro muito pernicioso e desgraçadamente muito influente, recolhendo-se ao insignificante e obscuro lugar de Verdemilho, donde era natural e morador, nas vizinhanças de Aveiro, entrou logo a idear e forjar o diabólico e sacrílego plano de arrancar das reais mãos de sua majestade a felicíssima e gloriosíssima regência, / p. 5 / que legalmente exercitava nestes reinos, e a estorvar a reunião dos três estados, convocados para salvação e segurança comum, tudo isto manobrado e procurado à custa duma subversão geral e até de uma guerra civil, se tanto fosse necessário».