João Uchôa Cavalcanti Netto

João Uchôa Cavalcanti Netto
Joao Uchôa Cavalcanti Netto

João Uchôa Cavalcanti Netto
Nome completo João Uchôa Cavalcanti Netto
Nascimento 12 de outubro de 1933 (91 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Morte 05 de julho de 2012
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileira
Progenitores Mãe: Heloisa de Medeiros
Pai: Mirabeau Souto Uchoa
Cônjuge
  • Lilian Penna (1956-1970)
  • Maria Luísa Bittencourt (1973 - 1983)
  • Sandra Milanez (1996- 2012)
Filho(a)(s)
  • Monique Uchoa Cavalcanti de Vasconcelos
  • André Uchoa Cavalcanti
  • Marcel Uchoa Cavalcanti
  • Debora Uchoa Cavalcanti
Ocupação
Website joaouchoacavalcantinetto.com

João Uchôa Cavalcanti Netto (Rio de Janeiro, 12 de outubro de 1933Rio de Janeiro, 5 de julho de 2012) fundador da Universidade Estácio de Sá, formou-se em Direito pela antiga Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, atual UERJ, e foi advogado, juiz de direito, professor universitário, escritor, cineasta, pintor e empresário de referência solar na educação brasileira. Fundou também a Editora Rio e o Hotel Village Le Canton.

É autor de vários livros, dentre romances, contos e peças de teatro. Dedicou-se também à pintura e dirigiu o filme de longa-metragem Mesa de Bar, composto de seis episódios do cotidiano sobre temas como racismo, sequestro, mentiras, falta de ética e traição. Este filme tem várias curiosidades, dentre as quais as seguintes: nenhum dos atores é profissional e num dos episódios um dos atores é o professor e escritor Deonísio da Silva no papel de advogado.

Família e formação

Dr. João Uchôa, como era mais conhecido, carioca de pais pernambucanos, foi o filho primogênito de Mirabeau Souto Uchôa, respeitado delegado de polícia no Rio de Janeiro. Sua mãe, Heloisa de Medeiros, grande inspiração para os filhos, foi jornalista, pintora e decoradora de interiores, tendo alcançado êxito como empreendedora, principalmente em Brasília, onde se estabeleceu depois de divorciar-se.

Na infância e na adolescência, João Uchôa morou com sua família e seus avós paternos, todos na mesma casa, na Rua Montenegro, em Ipanema, atualmente rua Vinicius de Moraes. Uma de suas tias, Ida Souto Uchôa, bacharel em Direito, que adorava poesia e literatura, também teve muita influência em sua formação, o que o motivou pela vida afora a gostar de livros, seu presente favorito.

Muito jovem, João Uchôa foi trabalhar como repórter policial no jornal A Manhã, ocupação que o levou ao convívio com importantes jornalistas e radialistas, um dos quais, Heron Domingues, era locutor do Repórter Esso, na Rádio Nacional. Na famosa emissora, ele trabalhava como redator e era sua responsabilidade receber os noticiosos da United Press e da Asa Press e transformá-los em despachos radiofônicos a ser levados ao ar por Heron Domingues.

Cursou a Escola de Cadetes de Barbacena (MG), mas não gostou da vida militar e voltou para o Rio, onde concluiu o ensino médio, chamado então segundo grau. Por indicação do pai, tornou-se escrevente juramentado no Fórum do Rio, seu primeiro emprego. Tinha apenas 18 anos quando estreou como escritor com o romance então inédito intitulado João, tendo recebido o prêmio Orlando Dantas, em concurso nacional promovido pelo Diário de Notícias.

Em 1956, conheceu a jovem paulistana Lilian Marone quando estavam ambos em São Lourenço (MG) para passar o Carnaval: ela, com sua avó; ele com um grupo de amigos. O encanto foi mútuo e à primeira vista, tanto que o casamento deu-se logo no ano seguinte, tendo resultado desta união seus três filhos: a paulistana Monique Uchôa de Vasconcelos e os cariocas André Uchôa e Marcel Uchôa.

Na capital de São Paulo, onde o casal morou os primeiros anos, João Uchôa trabalhou no Banco Bradesco, tendo sido auxiliar muito próximo de Amador Aguiar, fundador e superintendente, sem, entretanto, deixar de colaborar com o jornal Diários Associados como repórter, com o fim de complementar o sustento da sua família. Dois anos depois voltou a morar no Rio de Janeiro, desligando-se do banco.

Aos 29 anos, João Uchôa passou em concurso público, tonando-se Juiz de Direito, trabalho conciliado com o de professor de Direito Penal na PUC e na Universidade Gama Filho.

Em 1969, de novo de forma pioneira, abriu um curso particular em seu apartamento na Rua Rainha Guilhermina, no Leblon, com o objetivo de ensinar a prática forense a advogados e recém-formados em Direito, discorrendo sobre problemas que as faculdades não abordavam nas aulas, então talvez excessivamente teóricas.

A boa fama deste curso incentivou novas inscrições e, por falta de espaço em casa, Uchôa resolveu alugar outras salas no Colégio Vieira Machado, na Visconde de Albuquerque, no Leblon perto de sua residência, onde seus filhos faziam o primário, salas então desocupadas aos sábados, uma vez que as aulas normais iam de segunda a sexta-feira. Os cursos fizeram sucesso, a demanda por aulas não parava de crescer.

João Uchôa Cavalcanti Netto resolveu abrir cursos jurídicos de pós-graduação no centro Rio de Janeiro e para isso convidou para ser sócio no empreendimento o também juiz de direito e seu colega no fórum, José Lisboa da Gama Malcher.

Fundação da Universidade Estácio de Sá


No segundo semestre de 1969, os sócios transformaram esse curso na Faculdade de Direito Estácio de Sá (FADES), mas em seguida Uchoa comprou as cotas do parceiro, tornando-se o único dono.

Em 1978, ele deu forte impulso à área acadêmica da Estácio, criando convênios com faculdades na França, sobretudo em Strasbourg, possibilitando a implementação de cursos de pós-graduação em várias áreas. Aos poucos, os convênios se estenderam a outros países, como Alemanha e Suíça, em parcerias de muito bom desempenho.

Foi em 1988, uma data marcante a assinalar, que as Faculdades Integradas Estácio de Sá se transformaram em Universidade Estácio de Sá. A partir desta data, novos campi foram abertos em diversos bairros e municípios do Rio de Janeiro, estendendo-se mais tarde por todo o Brasil.

João Uchôa assim se expressou sobre aqueles primeiros passos, em entrevista concedida em 1999: 

“Não posso dizer que o crescimento da Estácio superou as expectativas. Não havia expectativa. O que a gente fazia era [...] acordar de manhã, colocar os sapatos, a gravata e trabalhar. O que a gente esperava era fazer isto bem feito. Quando a gente levantou os olhos, olhou em volta e disse - Meu Deus, olha de que tamanho está isso! Foi um pouco assim. Em 1998, a Estácio tinha 14 mil alunos e, em 1999, ela tinha 27 mil”.
— João Uchôa em uma entrevista para o jornal acadêmico da faculdade em 1999.

A Universidade Estácio de Sá alcançou dimensão extraordinária e tornou-se uma das maiores do Brasil e em 2007 deu um passo audacioso e inédito, que nenhuma outra instituição universitária tinha feito até então: abriu capital na Bovespa. Já contava com 220 mil alunos distribuídos por 64 unidades. Em 2008, a GP Investimentos tornou-se sócia da Estácio ao adquirir 20% das quotas.

Outro destaque da entrevista já citada foi esta declaração, igualmente esclarecedora:

“Desde que comecei a faculdade de Direito, por intuição, já sentia o seguinte: preciso preparar o aluno para trabalhar e poder ganhar a vida. A linha tem sido essa até hoje. O objetivo da nossa graduação é tentar fazer desse homem um trabalhador num nível X. Já, no Politécnico, é tentar fazer dele um trabalhador num nível mais segmentado. E no mestrado, doutorado, entre outros, é preparar eruditos para nível mais alto. E se tem gente querendo ser erudita, eu vou ajudar a ser. Depois, tem uma coisa: se o MEC acha que, para o Brasil, é bom formar doutores, mesmo que eu seja contra, eu obedeço ao governo. Se tenho alguma ideia, faço em paralelo”.
— João Uchôa em uma entrevista para o jornal acadêmico da faculdade em 1999.

Em 2010, Uchoa vendeu toda a sua participação na empresa nascida desta iniciativa pioneira.

Outros empreendimentos

João Uchôa dedicou-se ainda a outros empreendimentos culturais, como a Editora Rio, cujo catálogo tem publicações exclusivas, e a Casa de Cultura da Universidade Estácio de Sá, que organizou vários eventos no estado do Rio de Janeiro. Também o Monumento ao Surfe, na Barra da Tijuca no Rio, contou com o apoio deste homem, sempre atento ao mundo jovem, preocupado com o futuro desta faixa etária. Sobretudo para este novo Brasil que surgia de tantas mudanças velozes, ele deixou seu legado mais importante, a Estácio, uma vez que o saber e a qualificação profissional compõem o único patrimônio de cada pessoa que não pode ser saqueado.

Um de seus empreendimentos marcantes foi também o Hotel Village Le Canton, cujo nome e características homenageiam a cultura suíça, por ele fundado em sítio que tinha adquirido em Teresópolis (RJ).

Obras literárias

  • João
  • Entre o mar e as estrelas
  • O Menino
  • Contos Bandidos
  • Prezados Canalhas
  • Como se advoga no Cível
  • O Direito, Um Mito
  • A Democracia, Um Mito

Morte

Os últimos anos de sua vida foram dedicados ao Hotel Village Le Canton e à pesquisa e composição de “A Democracia, Um Mito”, que deixou pronto, mas inédito, e foi publicado postumamente por sua filha Monique Uchôa Cavalcanti de Vasconcelos (Rio de Janeiro, Editora Ibis Libris, 2016).


João Uchôa sofria de câncer no esôfago e faleceu aos 78 anos devido a complicações da doença. Estava internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.

Notas

Ver também

Strategi Solo vs Squad di Free Fire: Cara Menang Mudah!