Apesar de ter nascido, crescido e se formado no Rio de Janeiro, passou a maior parte da vida adulta em Brasília e em Salvador. Formou-se arquiteto pela Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ), em 1955 e sob influência de Oscar Niemeyer e Nauro Esteves, mudou-se para Brasília ainda recém-formado, em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da cidade.[1] Trabalhou na Universidade de Brasília de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade.[4][5] A necessidade de racionalização na construção de Brasília, despertou em Lelé o interesse na tecnologia de racionalização do uso do concreto armado, levando-o ao leste europeu para conhecer as tecnologias de construções pré-fabricadas aplicadas em países como União Soviética, Tchecoslováquia e Polônia, em meados da década de 1960.
A obra arquitetônica de Lelé caracteriza-se especialmente pela busca da racionalização e da industrialização da arquitetura. Durante sua trajetória chegou a propor métodos e processos de pré-fabricação de elementos construtivos inéditos no país, sendo inclusive dono de uma fábrica de pré-fabricados (a qual não mais existe). A forma como a argamassa armada, em especial, e o aço foram explorados em sua obra também é fato revelador de tal preocupação.
Lelé atuou como diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), onde desenvolveu os projetos e a execução dos novos hospitais da rede. Trabalhando para a CTRS, também desenvolveu projetos de mobiliário hospitalar, entre os quais destaca-se uma cama-maca móvel utilizada bastante pelos hospitais da rede. Com a CTRS, trabalhou ainda na construção de sedes do Tribunal de Contas da União em diversas cidades, como Salvador, Aracaju, Cuiabá, Teresina, Natal, Rio Grande do Norte, Vitória e Belo Horizonte.[6][7] Em muitas de suas obras verificam-se painéis e outras obras do artista plástico Athos Bulcão, com quem Lelé estabeleceu uma parceria criativa durante bastante tempo.
Além dos hospitais de Rede Sarah, destacam-se também em sua obra os projetos do Palácio Tomé de Sousa, sede provisória da Prefeitura de Salvador (a qual, apesar de ter sido construída na década de 1980 é usada até hoje), o Centro Administrativo da Bahia e de várias passarelas de Salvador.[2] Muitas das obras desenvolvidas pela prefeitura de Salvador nos anos de 1979-81 e 1986-88 saíram de sua prancheta, uma vez que Lelé se tornou uma espécie de arquiteto oficial da cidade nas gestões do prefeito Mário Kertész. Nesses dois períodos, desenvolveu um conjunto extenso de obras de infraestrutura urbana (micro e macrodrenagem, acessibilidade etc), mobiliário urbano, equipamentos públicos, entre outros, elaborados no Escritório de Projetos da prefeitura e produzidos nas fábricas públicas da RENURB e da FAEC.[8]
Foi reintegrado à Universidade de Brasília em 1990, quando se aposentou.[4]