Jandira Carvalho de Oliveira Café (Natal, 17 de setembro de 1903 — Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1989) foi a primeira-dama do país de 1954 a 1955 como esposa do 18.º presidente do Brasil, João Café Filho. Ela também foi segunda-dama brasileira de 1951 até o suicídio de Getúlio Vargas em 1954.
Biografia
Família
Jandira Carvalho de Oliveira nasceu na capital do Rio Grande do Norte, Natal, sendo a sexta filha do casal Ovídio Fernandes de Oliveira (1873–1928) e Joana Hercília Teixeira de Carvalho (1881–1969). Ela pertence a uma família com raízes na conhecida linhagem Teixeira de Moura. Ao longo de sua vida, Jandira compartilhou a experiência de crescer com seus irmãos, que incluíam Jurandir (1896–falecido), Maria Isabel (1898–falecida), Raimundo (1899–falecido), Iara (1900–falecida), João (1902–1956), Jurandy (1907–1981), Anália (1911–1973), Ájaro (falecido) e outro irmão Raimundo (falecido).
Casamento
Jandira conheceu o jovem atleta João Café Filho nos gramados dos campos de futebol em 1919. O casal se casou em 17 de setembro de 1921 e teve um único filho, Eduardo, que nasceu em 1943, mas faleceu tragicamente em um acidente aeronáutico em 1974.[1] Durante grande parte de suas vidas, Jandira e Café Filho residiram em Copacabana, Rio de Janeiro.
Desde os primórdios de sua união, Jandira esteve ao lado de seu marido, apoiando-o em suas transições de carreira. Café Filho abandonou o esporte em 1920 para se dedicar ao jornalismo, o que o expôs à perseguição por parte das oligarquias da época.[2] Sua coragem e determinação foram evidentes em várias situações, incluindo um episódio notável em 1923, quando Café Filho participou de um manifesto em favor de aumentos salariais para estivadores,[3] resultando em uma greve geral em Natal. Jandira, que o acompanhava, teve que fugir junto com ele de um cerco policial, buscando abrigo em Bezerros, Pernambuco.[4]
A vida de Jandira foi marcada por sua constante presença ao lado do marido em momentos críticos, incluindo sua ascensão à presidência da República. Ela se tornou uma figura importante no contexto político do Brasil, acompanhando as complexidades e os desafios da vida pública. Seu papel como esposa de um político influente ilustra as dificuldades enfrentadas pelas mulheres da época, que muitas vezes eram obrigadas a equilibrar a vida familiar com as exigências do envolvimento político.
Futebol feminino
Jandira em sua juventude, foi atleta e uma das jogadoras que atuava como volante no Centro Esportivo Natalense, primeira agremiação do Rio Grande do Norte que montou uma equipe feminina, tendo como fundador o seu futuro marido Café Filho.
Na sua juventude, Jandira se destacou como atleta, atuando como volante no Centro Esportivo Natalense.[5] Essa foi a primeira equipe de futebol feminino do Rio Grande do Norte, uma iniciativa que teve como fundador o seu futuro marido, João Café Filho. A participação de Jandira no esporte demonstrou seu talento e refletiu uma época em que as mulheres começavam a conquistar espaços em atividades consideradas tradicionalmente masculinas.[6]
O envolvimento de Jandira com o Centro Esportivo Natalense é emblemático, pois ela se tornou parte de um movimento que desafiava normas sociais e promovia a inclusão feminina no futebol.[7] Esse contexto esportivo também foi um precursor da trajetória política de Café Filho, mostrando como suas aspirações pessoais e profissionais estavam interligadas desde o início. O apoio mútuo entre Jandira e Café Filho, que se iniciou nos campos de futebol, perdurou ao longo de suas vidas, com Jandira sempre ao lado dele em suas várias fases, desde o jornalismo até a presidência da República.
Primeira-dama do Brasil
Jandira ascendeu ao papel de primeira-dama do Brasil em 24 de agosto de 1954, após o suicídio de Getúlio Vargas, sucedendo Darcy Vargas. Embora inicialmente não tivesse interesse na política, a experiência como primeira-dama despertou nela um novo apetite por ação social e política. Jandira se tornou uma figura significativa na vida e na carreira de seu marido, João Café Filho, contribuindo de maneira ativa em sua administração.[5]
Um exemplo de sua dedicação às causas sociais foi sua participação, em 6 de janeiro de 1955, na distribuição do programa Natal de 1954, realizado na Faculdade Santa Úrsula em colaboração com a Organização das Voluntárias. Esse programa tinha como objetivo beneficiar famílias carentes do Distrito Federal e contou com donativos fornecidos por católicos norte-americanos. A primeira edição da distribuição havia alcançado cerca de 50 mil crianças e entidades assistenciais, evidenciando o impacto positivo de suas iniciativas.[8]
Além disso, Jandira demonstrou seu comprometimento com a comunidade ao patrocinar um churrasco no Forte de Copacabana, em 16 de junho de 1955, cujo objetivo era arrecadar fundos para a construção da Igreja de Nossa Senhora de Copacabana. Essa ação reflete seu engajamento nas questões sociais e sua habilidade em mobilizar recursos e apoio para causas que beneficiavam a sociedade.[8]
Viuvez e morte
Jandira faleceu em 28 de fevereiro de 1989, no Rio de Janeiro, aos 85 anos. Sua morte ocorreu 19 anos após a perda de seu marido, Café Filho, que faleceu em 1970.
Ver também
Referências
Ligações externas