A Instituição Fiscal Independente (IFI) é um órgão vinculado ao Senado Federal do Brasil, criada no ano de 2016, com o objetivo de aumentar a transparência das contas públicas do país. Entre suas atribuições, está a divulgação de estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a construção de cenários fiscais e orçamentários, a análise de indicadores econômicos e do contexto socioeconômico, e a mensuração do impacto de eventos fiscais relevantes. Apesar disso, não cabe à IFI apreciar as contas do Presidente da República. Conforme indica a Constituição Brasileira, tal tarefa cabe ao Tribunal de Contas da União.[1]
A IFI foi instalada com a posse do primeiro diretor-executivo, o economista Felipe Salto, no dia 30 de novembro de 2016.[2] A primeira edição do Relatório de Acompanhamento Fiscal, publicação mensal do órgão, ocorreu em fevereiro de 2017.[3]
Sua criação se deu em um momento de intensos debates sobre as contas públicas. No ano de 2016 no Brasil, em especial, viu-se um crescimento das discussões sobre os rumos do país. O debate político interno foi vice-líder em engajamento mundial no Facebook[4], sendo que tópicos como "pedalada fiscal" e "contabilidade criativa" ganharam cada vez mais atenção.[5]
No mesmo ano, a instituição seria criada pela Resolução nº 42/2016[6], do Senado Federal, após rejeição da proposta de emenda à Constituição (PEC) 83/15, de iniciativa do então presidente do Senado, Renan Calheiros.[7] A redação da resolução enumera as seguintes finalidades:
As quatro atribuições da IFI são cumpridas na forma de publicações regulares, de livre acesso, detalhadas na próxima seção.
A Instituição Fiscal Independente divulga mensalmente os Relatórios de Acompanhamento Fiscal (RAF), que consistem em avaliações conjunturais e atualizações para os cenários fiscais, traçados com base em parâmetros orçamentários[8]. Eventualmente, a IFI também publica Notas Técnicas, que permitem reagir de maneira tempestiva a eventos que tenham efeitos fiscais relevantes na conjuntura econômica e demandam, por essa razão, posicionamento mais ágil da instituição[9]. A IFI também produz os Estudos Especiais, que abordam temas que exigem análise mais detalhada e aprofundada, aproximando-se de um estudo mais acadêmico, contendo revisão de literatura, exercícios econométricos e avaliações comparadas[10]. Em agosto de 2019, a IFI iniciou a publicação de outro produto, chamado Comentário da IFI (CI), que apresenta impressões iniciais sobre eventos da conjuntura econômica e fiscal ou posicionamentos gerais da IFI sobre tópicos a serem aprofundados em estudos futuros[11].
A IFI é dirigida por um Conselho Diretor, composto de três membros:
Atualmente, o Conselho Diretor da instituição composta por Marcus Pestana, diretor-executivo indicado pelo Presidente do Senado Federal[12], pela economista Vilma Pinto, indicada pela CAE[13] e pelo economista Alexandre Andrade, indicado pela CTFC[14]. A IFI também possui uma equipe técnica formada por pessoas com formação em economia e uma secretária.
A IFI também conta com um Conselho de Assessoramento Técnico (CAT), composto por Fabiana Rocha, professora titular do departamento de Economia da Universidade de São Paulo; Felipe Salto, ex-diretor-executivo da IFI e ex-secretário de Estado da Fazenda de São Paulo; José Roberto Afonso, doutor em Economia pela Unicamp; Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil; e Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.[15]
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mantém uma rede de consultorias parlamentares e instituições fiscais independentes ("Working Party of Parliamentary Budget Officials and Independent Fiscal Institutions" [1]) com o objetivo de aprimorar o monitoramento parlamentar sobre os processos orçamentários, além de dar suporte às instituições fiscais independentes.[2] Atualmente, a rede é liderada por Mark Hadley, Chief Operating Officer do Congressional Budget Office [3], órgão do Congresso dos Estados Unidos. Seu antecessor foi Robert Chote que, à época, também era Chair do Office for Budget Responsibility [4], órgão público não departamental vinculado ao HM Treasury [5], do Reino Unido.
A Instituição Fiscal Independente brasileira participa da rede desde 2018, na condição de key-partner da OCDE, uma vez que o país não é membro da organização. Naquele ano, ocorreu sua primeira participação no encontro anual da rede [6], em Seul, na Coreia do Sul.
No âmbito desta rede de IFIs, a OCDE publica documentos contendo recomendações, como o Recommendation on Principles for IFIs [7], estudos de caso relativos a países membros, e auditorias realizadas em IFIs de tais países, entre outros. Além disso, disponibiliza uma base de dados em formato de planilha eletrônica ("IFI database"[8]), na qual classifica diversas IFIs de acordo com critérios como base legal, modelo institucional, independência, publicações, etc. Até sua última atualização (2021), a base de dados cobria 36 IFIs e consultorias parlamentares nacionais, em 30 países (incluindo a IFI brasileira), além de quatro subnacionais e uma regional.
Mais recentemente, no contexto da pandemia de coronavírus, foi publicado um levantamento sobre a forma como as IFIs reagiram à nova situação, denominado Independent fiscal institutions: promoting fiscal transparency and accountability during the Coronavirus (COVID-19) pandemic [9]. O documento aborda a reação destas instituições, seja no que se refere ao conteúdo produzido e publicado, seja no que se refere às mudanças operacionais, necessárias durante a pandemia, implementadas pelas IFIs (como o trabalho remoto).