Guerra cultural ou conflito cultural é um termo que tem significados diferentes, dependendo do tempo e lugar onde o termo é usado, e como se relaciona com os conflitos pertinentes a uma determinada área e época.
Originalmente, refere-se ao conflito entre tradicionalistas, liberais clássicos ou valoresconservadores, e democracia social, progressista ou valores sociais liberais no mundo Ocidental, assim como em outros países. Guerras culturais vem influenciando o debate sobre a história, a ciência e a outros programas e em todas as sociedades ao redor do mundo.
O uso do termo "guerra cultural" pode sugerir um conflito entre os valores considerados tradicionalistas ou conservadores, contra aqueles considerados progressistas ou liberais. Originou-se na década de 1920, quando os valores urbanos e rurais norte-Americanos entraram em conflito evidente.[2] A isto seguiu-se várias décadas de imigração para os Estados, por pessoas que anteriormente imigrantes Europeus considerados "estrangeiros". Também foi resultado das transformações culturais e tendências de modernização dos Loucos Anos Vinte, culminando com a campanha presidencial de Al Smith[3] , em 1928. No entanto, o livro Guerras culturais: A Luta para Definir a América redefiniu o termo "guerra cultural" nos Estados Unidos. Hunter traça o conceito de 1960.[4] A percepção do foco da guerra cultural Norte-Americana e a sua definição tem tomado diversas formas desde então.[5]
Em 1990, o comentarista Pat Buchanan montou uma campanha de nomeação para Presidente Republicano, competindo contra George H. W. Bush, em 1992. Ele recebeu um tempo na Convenção Republicana de 1992, para dar o seu discurso sobre a guerra cultural.[6] Ele argumentou: "Existe uma guerra religiosa que se passa no nosso país para a alma da América. É uma guerra cultural, fundamental para o tipo de nação que seremos, assim como foi a Guerra Fria em si."[7] Além de criticar os ambientalistas e o feminismo, ele retratou a moralidade pública como um problema:
A agenda [que Bill e Hillary Clinton ] imporiam na América, aborto a pedido, um teste decisivo para o Supremo Tribunal de Justiça, direitos homossexuais, a discriminação contra as escolas religiosas, mulheres em unidades de combate—que é de fato uma mudança. Mas, esta não é o tipo de mudança que a América quer. E não é o tipo de mudança que a América precisa. E não é o tipo de mudança que devemos tolerar em um país que ainda podemos chamar de um país deDeus.
Um mês depois, Buchanan caracterizou o conflito como poder sobre a definição do que é certo e errado na sociedade. Ele disse que aborto, orientação sexual e a cultura popular como principais frentes—e falou de outras controvérsias, incluindo embates sobre a bandeira Confederada, feriado de natal e do arte financiada por impostos. Buchanan também disse que a atenção negativa que seu discurso sobre a "guerra cultural" recebeu foi a própria evidência da polarização nos Estados Unidos.[8]
A guerra cultural teve um impacto significativo na política norte-americana, na década de 1990. A retórica da Coalizão Cristã da América pode ter enfraquecido as chances do presidente George H. W. Bush ganhar a reeleição, em 1992, e ajudou o seu sucessor, Bill Clinton, em 1996.[9] Por outro lado, a retórica dos guerreiros conservadores culturais ajudou os Republicanos ganhar o controle do Congresso, em 1994.[10]
A guerra cultural influenciou o debate sobre os currículos nas escolas estaduais nos Estados Unidos, na década de 1990. Em particular, os debates sobre o desenvolvimento de padrões nacionais, em 1994, girava em torno de se o estudo da história Americana deve ser uma "comemoração" ou "crítico".[11][12]
Anos 2000
Uma visão de mundo chamado de neo-conservadorismo mudou os termos do debate no início da década de 2000. Os neo-conservadores diferem de seus oponentes em que eles interpretaram os problemas enfrentados pela nação como questões morais, ao invés de incluir econômica ou questões políticas. Por exemplo, o declínio da estrutura familiar tradicional era visto como uma crise espiritual por neo-conservadores que exigia uma resposta espiritual. Os críticos acusaram os neo-conservadores de confundir causa e efeito.[13]
A expressão "guerra cultural" (ou "guerras culturais") no Canadá, descreve a polarização entre os diferentes valores dos Canadenses. Isso pode ser Ocidente versus Oriente, rural versus urbano, ou valores tradicionais versus valores progressistas.[15][não consta na fonte citada] "Guerra cultural" é um termo relativamente novo na discussão política do Canadá. Ainda pode ser usado para descrever eventos históricos no Canadá, tal como a Rebelião de 1837, soberania do Quebec, conflitos indígenas, mas é mais relevante para os eventos atuais, como o disputa de terras no Rio Grand e a crescente hostilidade entre conservadores e liberais Canadenses. Polêmica surgiu em 2010, quando Frank Graves sugeriu que o Partido Liberal iniciasse de uma "guerra cultural" contra o Partido Conservador. "Eu disse a eles que eles devem invocar uma guerra cultural. O cosmopolitismo versus paroquialismo, o secularismo versus moralismo, Obama versus Palin, a tolerância versus racismo e a homofobia, democracia versus autocracia. Se os homens velhos mal-humorado em Alberta não gostam, que seja. Vá para o sul e vote Palin."[16] A frase "guerras culturais" também tem sido usada para descrever a atitude do governo de Harper para com a classe artística. Andrew Coyne denominou essa política negativo para com a comunidade artística de 'luta de classes'.[17]
Dois primeiros-ministros australianos, Paul Keating (no cargo entre 1991 e 1996) e John Howard (entre 1996 e 2007), tornaram-se os principais participantes nestas "guerras". De acordo com a análise de Mark McKenna encomendada pela Parliamentary Library of Australia,[19] John Howard acredita que Paul Keating retratou a Austrália pré-Whitlam (primeiro-ministro entre 1972 e 1975) de forma indevidamente negativa; enquanto Keating procurou distância do moderno movimento do Partido Trabalhista, e de seu apoio histórico da monarquia e da política da Austrália Branca, argumentando que ele era conservador australiano que tinham colocado obstáculos ao progresso nacional e eram excessivamente leais ao Império Britânico. Ele acusou a Grã-Bretanha de ter abandonado a Austrália durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Keating apoiou firmemente o pedido de desculpas simbólico aos povos indígenas pelos erros do passado, e delineou a sua perspetiva das origens e possíveis soluções para as desvantagens aborígenes contemporâneas.[20]
Em 2006, John Howard disse num discurso para marcar o 50.º aniversário da revista Quadrant que o "politicamente correto" morreu na Austrália, mas que "não devemos subestimar o grau em que a centro-esquerda ainda reina, tendo até uma posição dominante, especialmente nas universidades australianas". Também em 2006, no Sydney Morning Herald,, o editor político Peter Hartcher informou que o porta-voz de assuntos estrangeiros da oposição, Kevin Rudd, estava entrando no debate filosófico ao argumentar em resposta que "John Howard é culpado de perpetrar uma 'fraude' na sua guerra cultural... concebido de forma a não tornar a mudança real, mas para mascarar os danos causados pelas políticas econômicas do governo".[21]
A derrota do governo de Howard na eleição federal de 2007 e a sua substituição pelo governo de Kevin Rudd alterou a dinâmica do debate. Rudd fez um pedido de desculpas oficial ao povo aborígene, por conta da gerações roubadas[22] com apoio bipartidário.[23] Assim como Keating, Rudd apoiou uma república australiana, mas declarou ser a favor da bandeira australiana e da comemoração do dia de ANZAC; ele expressou ainda admiração pelo fundador do Partido Liberal, Robert Menzies.[24][25]
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