Flow Podcast é um podcastbrasileiro fundado por Bruno Monteiro Aiub (Monark) e Igor Rodrigues Coelho[6] (Igor 3K) em 2018. O podcast é dirigido e produzido por Gianluca Santana Eugenio (Gianzão).[7] O podcast já entrevistou várias pessoas, incluindo políticos, influencers digitais, entre outras celebridades.[8] É considerado um dos mais assistidos do país, com mais de 5 milhões de inscritos no YouTube.[8]
No dia 8 de fevereiro de 2022, o integrante Monark deixou de fazer parte do podcast devido a uma declaração que foi considerada por muitos como antissemita.[9]
História
Antes de criar o podcast, Bruno Monteiro Aiub (Monark — São Paulo, 17 de agosto de 1990) e Igor Rodrigues Coelho (Igor 3K — Rio de Janeiro, 26 de abril de 1985)[10] tinham canais de jogos eletrônicos.[11] Porém, conforme o primeiro, "gameplay nunca deu tanto dinheiro".[12] Em 2014, Igor criou um canal de jogos eletrônicos no qual jogava Grand Theft Auto, mas ele "[acabou] ficando maluco".[13] Monark e Igor estavam "putos com a vida", com ambos concordando que o Flow Podcast é "fruto do ódio" e "da depressão".[14] Para o nome do podcast, Monark inicialmente sugeriu o nome "Cult Flow", mas Igor disse que apenas Flow ficaria melhor.[15] Inicialmente o estúdio ficava em Curitiba, porém em 2019 Igor e Monark se mudaram para São Paulo para facilitar a vinda dos convidados.[16]
No início, Monark e Igor bancavam todos os custos do Flow Podcast, mas, a partir de fevereiro ou março de 2020, o programa começou a se pagar. Desde então, ambos viviam apenas do Flow Podcast, ganhando dinheiro a partir de patrocínios, AdSense, Twitch,[17] inscrições diretas por meio de plataformas digitais, e a venda de Flowcoins, uma criptomoeda usada para enviar mensagens ao programa.[18] Quando perguntados se eles pensavam em adaptar o Flow para rádio ou televisão, Igor respondeu que "a gente precisa da liberdade, se não tiver liberdade, aí é outro programa."[19]
Em 7 de fevereiro de 2022, Monark defendeu a existência de um partido Nazista no Brasil em programa com os deputados federais Kim Kataguiri (PODE-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP).[20] O programa gerou grande repercussão,[21][22][23] e o Flow teve um prejuizo de R$ 8 milhões, chegando a ficar com a conta zerada.[24] O Flow Sport Club passou oito dias inativo e perdeu os direitos de transmissão do Campeonato Carioca.[25] No dia seguinte, foi anunciado o desligamento de Monark do Flow,[26] que criou seu próprio podcast, o Monark Talks, na plataforma Rumble.[27] Após o fato, diversos influenciadores, como Thiago Nigro e o youtuber Davy Jones, investiram no projeto e foram feitas outras parcerias comerciais. Com isso, em 2022, o Flow teve um prejuizo relativamente pequeno, de R$ 2 milhões.[28]
Em abril de 2023, Igor 3K anunciou que a reputação do podcast havia sido restaurada e estava prestes a recuperar o prejuízo causado pela fala de Monark.[36]
Em agosto de 2023, a Globo fechou uma parceria com o Flow Sport Club. A partir do dia 23, o canal apareceria na aba de parceiros do Globo Esporte, e o canal ganhou o direito de transmissão da série B do campeonato brasileiro.[37]
Em 16 de outubro de 2023, o Flow anunciou a criação do reality show A República. De acordo com Igor 3K, o programa seria uma mistura de Big Brother Brasil com O Aprendiz, onde ex-políticos, influenciadores de política e pesquisadores terão que passar por provas para testar aqueles que "se acham capazes de consertar o Brasil".[38]
No mesmo mês, todas as mídias do Flow passaram a ser geridas pelo Grupo Flow, cuja CEO é Sarah Buchwitz, ex-CMO da Mastercard. O antigo CEO, Andre Gaigher, passou a atuar como CCO.[39]
Descrição
Segundo Monark, o Flow é inspirado no The Joe Rogan Experience, do podcaster Joe Rogan.[40] Ainda de acordo com ele, não há pauta ou conversa prévia ao programa.[41] O UOL e a Exame disseram que o Flow é notável por seu estilo informal, assemelhando-se a uma "conversa de bar".[42][18] O podcast tem um canal de cortes, que contém apenas trechos dos episódios.[17]
Controvérsias
Xbox Mil Grau
♔ Monark
@monark
Como eu ja havia dito antes, eu conversaria ate com o Hitler em pessoa no Flow Podcast. Não existe assunto taboo, não existe pessoa proibida. Eu conversaria com um serial killer, sem problemas, dado as devidas precauções kkkkk
Entre o fim de maio e início de junho de 2020, membros do canal Xbox Mil Grau começaram a ser acusados principalmente de racismo após tweets e falas em livestreams consideradas como tal.[44][45] Apesar disso, o Flow convidou o canal para o podcast, causando controvérsias; Monark afirmou que, após a publicação do episódio, o Flow virou o "inimigo número um" de algumas pessoas.[45] Posteriormente, durante uma participação no The Noite com Danilo Gentili, do SBT, quando perguntados se "[pensariam] duas vezes antes de chamar alguém" devido à polêmica, Monark e Igor afirmaram que não,[46] acrescentando que medo ou polêmica não é um critério para chamar ou não alguém ao podcast.[47]
Declaração sobre racismo
Em outubro de 2021, o programa perdeu o patrocínio do aplicativo de entregas iFood, após Monark perguntar no Twitter se "ter uma opinião racista é crime".[nota 2] A empresa divulgou nota em que sustentou repudiar "qualquer tipo de preconceito ou ato de discriminação".[49] No mês seguinte, o podcast e o iFood divulgaram uma nota em conjunto afirmando que manteriam parcerias pontuais, mas não o patrocínio.[50]
Defesa da existência de um partido nazista
Em 7 de fevereiro de 2022, durante o episódio que teve participação dos deputados federais Kim Kataguiri (UNIÃO-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), o apresentador Monark defendeu a existência de um partido nazista legalizado no Brasil.[51][20]
“
A esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço. Eu sou mais louco que todos vocês. Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei.
Além da defesa da criação do partido nazista, sustentou que as pessoas deveriam ter o direito de ser "antijudias".[53] Tabata rebateu a opinião, afirmando que a liberdade de expressão não deve colocar em risco a vida de outros, e que ideologias como o nazismo coloca grupos inteiros em risco.[52] Kim, por sua vez, afirmou que um partido nazista não deveria ser banido. De acordo com Kim, apesar de considerar o nazismo uma "ideologia nefasta", impedir o debate público sobre ideologias extremistas não impede o crescimento de grupos extremistas.[52]
Repercussões
As declarações do comunicador geraram reação de entidades israelitas, incluindo o Museu do Holocausto de Curitiba, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e a Federação Israelita de São Paulo (FISESP). O Museu do Holocausto mencionou um comentário passado de Monark, e convidou-o a uma visita ao museu para perceber "que o nazismo foi muito além de pessoas exercendo, em suas palavras, o 'direito de serem idiotas'". A CONIB condenou a ideia de um partido nazista no Brasil e a do direito de ser antijudeu. A FISESP repudiou as ideias apresentadas pelo comunicador, afirmando que Monark demonstra um descomprometimento com a democracia e os direitos humanos.[54] A embaixada da Alemanha no Brasil se pronunciou dizendo que defender nazismo não é liberdade de expressão.[55]
Diversos entrevistados solicitaram que episódios em que foram entrevistados por Monark fossem retirados do ar, como Gabriela Prioli, Benjamin Back, MV Bill, Lucas Silveira e Ednaldo Pereira.[56][57][58] Partidos, políticos e ministros do STF repudiaram as falas do comunicador.[59] Empresas que patrocinavam o canal ou já o haviam patrocinado emitiram notas de repúdio às declarações e encerraram contratos com o canal Flow.[21][22][23] Já a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ) rescindiu o contrato que possuía com o Flow Sports Club (sub-canal do grupo sobre assuntos esportivos) para realização das transmissões do Campeonato Carioca de 2022.[60] No dia seguinte à live, Monark chegou a pronunciar-se dizendo que estava sob efeito de bebida alcoólica e que a fala havia sido distorcida.[61]
No mesmo dia, os Estúdios Flow comunicaram através das suas redes sociais que Monark não fazia mais parte do grupo.[52] Posteriormente, Monark disse que "posso ter errado na forma como me expressei, mas o que estão fazendo comigo é um linchamento desumano". Ao que o Museu do Holocausto respondeu: "Linchamento desumano é o que fizeram com Moïse Kabagambe (...) Você errou, por isso reiteramos nosso convite! De coração aberto! Venha nos visitar, sem alarde".[62]
De acordo com Igor 3K, o Flow teve um prejuízo de 8 milhões após a fala, chegando a ficar com a conta zerada.[24]
A confirmação do desligamento de Monark do Flow se deu com sua última participação do podcast, no dia 08/02/2022, em que, num ato simbólico, convidaram o professor André Lajst, que é judeu, doutorando em ciências políticas e palestrante. Na ocasião, ele pontuou que o nazismo não perseguiu apenas judeus, mas também grupos como negros e gays, e enfatizou que este tipo de declaração não é aceitável.[26]
Matéria do jornal The New York Times
No dia 13 de fevereiro de 2022, Monark defendeu-se no jornal The New York Times, e afirmou ter feito uma defesa da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, também comentou que o real problema foi ter defendido a sua ideia "(...) de uma maneira muito ruim, de uma maneira estúpida" e afirmou com veemência não ser nazista.[63][64]
Após a matéria da revista norte-americana, Joe Rogan, grande inspirador para o Flow Podcast existir[40], comentou sobre o caso após conversa privada com Gleen Greenwald, leu a matéria no seu podcast The Joe Rogan Experience no Spotify de número 1781, com participação de Coleman Hughes que defendeu Monark tendo dito que "A censura quase nunca funciona"[65]. O apresentador do programa Joe Rogan também relembrou sobre "A União Americana pelas Liberdades Civis em que muitos eram advogados judeus" preferiu não silenciar os nazistas e conforme ele isso aconteceu apenas 30 anos após o holocausto.[66]
Recusa de pagar cachê
Em 2024, o programa alegou que não pôde entrevistar o ator norte-americano Vincent Martella porque este teria exigido um cachê de US$ 5 mil, aproximadamente R$ 25 mil. Segundo Igor Coelho, o canal não paga cachê para entrevistado.[67]
Desempenho
Flow Podcast esteve frequentemente entre os podcasts de maior audiência no Brasil. O programa estreou na parada de Top Podcasts da Apple Podcasts em 17 de fevereiro de 2019, alcançando o topo da parada em várias ocasiões e em dias consecutivos — a primeira delas em 13 de agosto de 2020.[68]
A entrevista de Sergio Moro no início de 2022 chegou a 82 mil telespectadores simultâneos, perdendo para a audiência de Lula no podcastPodpah (292 mil)[69] e o streamerCasimiro na Twitch (545,6 mil).[70] A entrevista de Jair Bolsonaro no dia 8 de agosto de 2022 atingiu um pico de 573 038 telespectadores, superando a de Lula no Podpah.[71][72] Em 26 de setembro de 2022, o Flow Podcast alcançou outro marco entrevistando o candidato a presidência Ciro Gomes,[33] sendo o primeiro podcast a entrevistar três presidenciáveis numa mesma campanha presidencial, com Jair Bolsonaro, além de Simone Tebet em 21 de agosto de 2022.[34] Em 18 de outubro, Lula foi o quarto candidato a Presidente em 2022 entrevistado no Flow, e sua entrevista bateu o recorde de podcast mais assistido do Brasil, com mais de um milhão de telespectadores simultâneos, superando assim as demais.[35]
Em 2023, o programa apareceu numa lista do LinkedIn Notícias de melhores podcasts brasileiros do ano.[73]
↑Sergio Moro tinha pretensões de concorrer para presidente, mas desistiu e foi eleito como senador pelo Paraná.[29][30]
↑O Propmark reproduziu uma captura de tela do advogado Augusto de Arruda Botelho respondendo a Monark no Twitter: "Não, Monark, uma opinião racista pode ser um crime de injúria racial, por exemplo. Posso te dar outros exemplos."[48]
↑Aiub, Bruno; Coelho, Igor (apresentadores); "Leandrão" (entrevistado) (11 de setembro de 2020). «ESPECIAL FLOW PODCAST #200 criador da música do flow» (Podcast). Consultado em 29 de setembro de 2020 – via YouTube !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑ ab«Simone Tebet participa do Flow Podcast». Simone Tebet participa do Flow Podcast | Notícias de Campo Grande e MS | Capital News. Consultado em 27 de setembro de 2022