Na vegetação do município predomina o bioma amazônico.
Em 2010, a taxa de urbanização de sua população era de 64,63%.[6] O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município era de 0,509, considerado médio em relação ao estado.[4] Situada em uma área de Floresta Amazônica, não há acesso rodoviário a Envira. A ligação do município à capital e a municípios vizinhos é feita por via fluvial ou aérea.
O povoamento da região se deu no início do século XIX, com a chegada de nordestinos. O desenvolvimento do município ocorreu durante um grande período dado pelo Ciclo da Borracha.[7]
Na área cultural, destaca-se principalmente pelo turismo, existindo diversos atrativos, como igrejas e praças, além de suas praias de água doce, ilhas, igarapés e lagos que formam a geografia municipal. Registram-se eventos culturais e tradicionais, como a festa do aniversário do município.
História
A história do município de Envira, local onde era situado a antiga comunidade Pacatuba, pode ser descrita com a trajetória social e política de um povo de raízes nordestinas, com a participação de remanescentes indígenas e de alguns imigrantes de outros locais determinantes da cultura popular, condicionante de muitos hábitos e costumes típicos das atividades de exploração do látex e do "status" que no regime de arrendamento predominava nos seringais.
Datam de meados do século XIX, as penetrações pelo rio Juruá acima, chegando até a região onde se encontra a atual cidade de Envira. Em 13 de março de 1953, promovidas pelos desbravadores dos primeiros seringais nativos do ciclo da borracha, entre eles encontravam-se, Luiz Liberato de França (nascido em 23.03.1928 e falecido em 12.11.2017 ), na época foi designado pelo então prefeito nomeado, Renê Fernandes Levi para à escolha do local onde viria a ser a atual cidade de Envira, os antigos moradores locais podem ser lembrados pelo nome de Francisco das Chagas Mattos e José Geraldo Bernardo localizados na então Comunidade de Pacatuba . Desta época até o final da Segunda Guerra Mundial, quando cessou a vinda da última grande leva migratória dos conhecidos "soldados da borracha", os nordestinos representaram a principal força de trabalho e ocupação territorial da região, enquanto as populações indígenas foram gradativamente diminuindo, às margens do rio Tarauacá, afluente do Juruá. Nessa época a literatura registra referências aos índios Kulina, Canamaris, Cuaná, Curiqueares, Marauás, Catuquinas, Catauaixis e outros.
O período de povoação da Amazônia inicia-se entre os anos de 1580 a 1640,[8] época em que Portugal e Espanha permaneceram sob uma só coroa, tendo os portugueses penetrado no vale amazônico, sem desrespeito oficial aos interesses espanhóis. A ocupação do lugar onde se encontra hoje o município de Manaus foi demorada, devido aos interesses comerciais portugueses, que não viam na região a facilidade em obter grandes lucros a curto prazo, pois era de difícil acesso e era desconhecida a existência de riquezas (ouro e prata).[8]
A Cabanagem foi um movimento político e um conflito social ocorrido entre 1835 e 1840 no Pará, envolvendo homens livres e pobres, sobretudo indígenas e mestiços que se insurgiram contra a elite política e tomaram o poder.[9] A entrada da Comarca do Alto Amazonas (hoje Manaus, a qual foi o berço do manifesto na Amazônia Ocidental) na Cabanagem foi fundamental para o nascimento do atual estado do Amazonas.[9] Durante o período da revolução, os cabanos da Comarca do Alto Amazonas desbravaram todo o espaço do estado onde houvesse um povoado, para assim conseguir um número maior de adeptos ao movimento, ocorrendo com isso uma integração das populações circunvizinhas e formando assim o estado.[9]
O Ciclo da borracha constituiu uma parte importante da história econômica e social do Brasil e de Envira, estando relacionado com a extração e comercialização da borracha. Este ciclo teve o seu centro na região amazônica, proporcionando grande expansão da colonização, atraindo riqueza e causando transformações culturais e sociais, além de dar grande impulso às cidades de Manaus, Rio Branco e Belém, até hoje maiores centros e capitais de seus Estados, Amazonas, Acre e Pará, respectivamente. No mesmo período foi criado o Território Federal do Acre, atual Estado do Acre, cuja área foi adquirida da Bolívia por meio de uma compra por 2 milhões de libras esterlinas em 1903. O ciclo da borracha viveu seu auge entre 1879 a 1912, tendo depois experimentado uma sobrevida entre 1942 e 1945 durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
Após a Segunda Guerra Mundial, a Amazônia passou a integrar o processo de desenvolvimento nacional. A criação do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) em 1952, a implantação das agências de desenvolvimento regional como a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) em 1966 e a Zona Franca de Manaus, em 1967, passaram a contribuir no povoamento da região e na execução de projetos voltados para a região.
Foi o extrativismo da borracha que impulsionou o grande crescimento da cidade de envira.
População
Crescimento populacional:
2002 a 2009
Ano
Habitantes
2002
19.797
2003
20.100
2004
13.312
2005
13.548
2006
13.746
2007
16.438
2008
17.850
2014
18.422
IDH
De acordo com o PNDU, em 2000 o IDH do município era de 0,513.
Como em todo o Amazonas, sobressaem matas de terra firme, várzea e igapós. Toda essa vegetação faz parte da extensa e maior floresta tropical úmida do mundo: a Hileia Amazônica. Os solos são de terra firme - do tipo lateríticos: solos vermelhos das zonas úmidas e quentes, cujos elementos químicos principais são hidróxido de alumínio e ferro, propícios à formação de bauxita e, portanto, pobres para agricultura. Solos de várzea são os mais férteis da região. São solos jovens, que periodicamente são enriquecidos de material orgânico e inorgânico, depositados durante a cheia dos rios. A flora do estado apresenta uma grande variedade de vegetais medicinais, dos quais se destacam andiroba, copaíba e aroeira. São inúmeras as frutas regionais e entre as mais consumidas e comercializadas estão: guaraná, açaí, cupuaçu, castanha-do-brasil (castanha-do-pará), camu-camu, pupunha, tucumã, buriti e taperebá.
O Amazonas tem 98% da sua área florestal intacta, pois sua vocação econômica foi desviada para outras atividades a partir da reorganização e ampliação da Zona Franca de Manaus em 1967. Os governos têm procurado incentivar o chamado desenvolvimento sustentável, voltando-se para a preservação do legado ecológico. Existe um esforço para manter os projetos agropecuários dentro dos limites da preservação ambiental, enquanto que a valorização do manejo da floresta como fonte de renda contribuiu para que o Amazonas enfrentasse o desafio de reduzir o desmatamento em 21% em 2003, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.
Recursos naturais
São bem importantes a flora e a fauna do município, principalmente a primeira, na qual sobressaem a seringueira e madeiras, como o aguano (Swietenia macrophylla) e o cedro. Na segunda citam-se, por exemplo: onça, maracajá, queixada e capivara.
Rio Juruá é um rio de águas barrentas, navegáveis e piscosas. Seu nome Juruá, de origem indígena, é uma derivação do nome "Yurá", usado pelos indígenas que habitavam suas margens. O Juruá nasce no Peru e, com mais de 3 mil quilômetros de extensão, está entre os 10 maiores do planeta. É considerado um rio novo e rico em sais minerais. Suas margens, após as vazantes, são utilizadas pelos ribeirinhos ou "barranqueiros" para o plantio de produtos agrícolas, como feijão, milho, batata, melancia e outros. Os afluentes do Juruá são o
Tarauacá, o Gregório e o Tejo. Suas águas caudalosas e barrentas têm dois períodos distintos: o inverno, especialmente de dezembro a maio, que é a época das enchentes, quando o rio invade todas as terras baixas; e o período de verão, de junho a novembro, quando suas águas baixam de tal maneira que os barcos e balsas de maior porte não conseguem chegar a Envira.
Há uma grande quantidade de lagos espalhados pelo município, localizados, quase sempre, próximos ao Rio Juruá ou a seus afluentes. O aspecto e a largura que apresentam são semelhantes aos dos cursos d'água que passam nas proximidades. Medem, aproximadamente, 6 km de extensão e são, geralmente, piscosos.
Nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1920, entre os distritos do município de Eirunepé figura o da foz do Embira (Envira). Posteriormente, esse distrito como os demais daquele município, com exceção do distrito sede, foram extintos.
Pela lei estadual nº 096 de 19 de Dezembro de 1955, foi criado o município autônomo de Envira, desmembrado do município de Eirunepé e parte do município de Carauari, constituído de seus distritos denominados Foz do Murú, Foz do Envira, parte da Foz Taraucá e Foz do Cujubim.[11]
Agricultura: destaque para a cultura temporária de mandioca, arroz, milho, cana-de-açúcar, feijão e batata-doce. Culturas permanentes: banana, cupuaçu, café, citros, abacaxi, etc. Com potencial agrícola acentuado, pelas suas terras férteis, o município já exporta excedentes de arroz, milho farinha e banana.[14]
Pecuária: em franco desenvolvimento nas áreas adjacentes às principais estradas vicinais do município. A produção leiteira é crescente, com produção de derivados do leite.[14]
Pesca: com representatividade econômica limitada pela forma artesanal da pesca e infra-estrutura de apoio. No entanto, além de garantir, em conjunto com a farinha, a dieta alimentar da maioria absoluta da população, gera excedentes para os municípios vizinhos de Tarauacá (AC) e Feijó (AC). Tende a um incremento sensível a partir da implantação de nova infra-estrutura frigorífica e geleira.
Extrativismo vegetal: voltado para extração de madeira, com atendimento da demanda local e pequena exportação. Em menor escala, atividades remanescentes da exploração do látex, coleta de cacau nativo, plantas medicinais e aproveitamento do açaí, buriti, abacaba, andiroba, copaíba, e outros produtos naturais com fins de consumo familiar e do mercado da sede municipal.
Avicultura: com bases domésticas para o consumo familiar, em fase de expansão com fins de abastecimento da sede através da implantação de módulos de criação intensiva.
Piscicultura: cerca de 30 pequenos açudes, construídos no período de 1990 a 1995, representam o início promissor da piscicultura local, ainda com pouca representatividade econômica.[14]
O município tem quatro escolas estaduais, sendo que só uma oferece ensino médio.
Turismo
Beleza cênica
O município possui igarapés e lagos, além do próprio rio que banha a sede do município, em cujas águas podem ser encontrados os mais belos matupás, salientando-se a vitória-régia.[14]
A culinária envirense tem forte influência indígena. Entre as frutas, destacam-se: açaí, bacaba, cupuaçu, castanha-do-pará, bacuri, pupunha, tucumã, muruci, piquiá e taperebá.[15]«Culinária Nortista». Consultado em 5 de maio de 2010. Arquivado do original em 21 de maio de 2011</ref> Cerca de 14% de sua população consome proteína animal (peixe) por dia.[15]
A culinária envirense é caracterizada pela utilização de uma grande variedade de peixes provenientes da própria bacia do rio Juruá. Entre os destaques, podemos encontrar o "pirarucu de casaca"[16] feito com pirarucu e banana pacovã, o tambaqui grelhado, ou a famosa caldeirada de tambaqui, muito popular entre os habitantes.[17] Outros peixes, como pacu, matrinchã, curimatá e jaraqui, também são de grande apreço da população. Dentre as cidades acreanas, Envira é uma das que apresentam maior consumo de proteína animal (peixe).[15] Cerca de 14% de sua população consome peixe todos os dias.[15]
Transportes
Em todo o Estado do Acre, o transporte é basicamente fluvial. Os principais rios do Acre (Juruá, Tarauacá, Envira, Purus, Iaco e Acre) são navegáveis, sobretudo nas cheias.[18] O projeto de estrada que liga Envira à Feijó, no Acre está em constante estado de reparação.[19]
O município de Envira é ligado por uma estrada improvisada à comunidade Vila União, no município vizinho de Eirunepé. De lá se faz o trajeto de barco que dura mais ou menos 2 horas.[20]
Comunicações
A cidade de Envira dispõe de três rádios locais - Radio Interativa FM, Envira FM e Boas Novas FM, porém todas foram fechadas pela ANATEL em 2016 devido as mesmas não estarem legalizadas ao órgão. Dispõe também de duas emissoras de televisão: TV Amazonas (Tv Globo), operando no canal 8 UHF, e Band Amazonas (Band), operando no canal 12.1 Digital.
Na comunicação móvel a cidade conta com o serviço das operadoras TIM, VIVO, CLARO e CORREIOS CELULAR, ambas fornecendo internet móvel 4G, com exceção da VIVO.
A cidade não conta com serviços de internet banda larga residencial, este serviço é feito por pequenas empresas que distribuem o sinal através de sinal de rádio com baixa velocidade, chegando ao máximo de 550kbps de velocidade.
Referências
↑«Representantes». União Brasil. Consultado em 29 de setembro de 2022