Diário de um pároco de aldeia (em francês: Journal d'un curé de campagne) é um romance de Georges Bernanos publicado em 1936 pela editora Plon tendo recebido o Grand prix du roman de l'Académie française desse ano. Em 1950, este romance foi incluído na lista do Grand prix des Meilleurs romans du demi-siècle.
O romance descreve a existência discreta dum jovem padre católico de uma pequena paróquia da região de Ambricourt no norte da França. Sofre fisicamente de dores no estômago e espiritualmente desespera com a falta de fé da população da sua aldeia. Sente-se fraco, inferior, e pensa por vezes que está tocado pela loucura, mas crê firmemente que a graça de Deus perpassa pelo seu sacerdócio: «Tudo é graça!».[1]
O livro foi adaptado ao cinema em 1951 num filme com o mesmo título do romance, Journal d'un curé de campagne dirigido por Robert Bresson.
O Diário divide-se em três partes:
Em "A Revista" do Expresso de 18.02.2017, o crítico Pedro Mexia destaca três ideias fortes na obra de Bernanos. Em primeiro lugar a ideia de que o mal e o bem, ainda que com densidades diferentes, existem lado a lado e que a função do catolicismo é entender essa coexistência, combatendo o mal sem imaginar que o elimina de vez. Uma segunda ideia forte é a de que "um verdadeiro padre nunca é amado", não é o mel, mas antes o sal da terra, não é doce, faz arder as feridas. Uma terceira ideia forte da obra tem a ver com os pobres. Hostil aos poderosos, Bernanos não esconde a empatia com os miseráveis, não sendo o pobre apenas um humilhado, um ofendido, sendo também a "testemunha" de Jesus.[2]
Para Mexia, Bernanos, "católico indignado, dedicou metade deste seu quinto romance aos debates entre o jovem padre e outros padres mais velhos, conversas das quais ressaltam aquelas três ideias-chave, da densidade do pecado, do sal da terra e do elogio dos pobres. O protagonista quer administrar sabiamente a sua paróquia rural francesa que lhe confiaram, mas esta é em miniatura uma imagem do mundo, com os seus tédios e intrigas, e com a desolação da fealdade".[2]
Ainda para Mexia, "a segunda metade do livro, mais estritamente romanesca, assume uma tonalidade patética, sentimental, exasperada, quase "russa" talvez, que mesmo em 1936 devia parecer antiquada… Tragédia campestre e teológica, Diário de Pároco de Aldeia procura imagens de Graça num território desgraçado".[2]