O Convento de São Francisco, igualmente conhecido como Convento de Nossa Senhora da Conceição, é um monumento religioso na vila de Almodôvar, na região do Alentejo, em Portugal. No seu interior encontra-se o Fórum Cultural de Almodôvar, inaugurado em 14 de Setembro de 2013, e que inclui o Museu de Arte Sacra.[1]
O imóvel situa-se na área oriental da vila de Almodôvar, com acesso pelas ruas da Constituição e do Convento.[2] Consiste num antigo convento da Ordem Terceira de São Francisco,[3] composto por uma igreja e outras dependências, organizadas em torno de um claustro,[4] onde se encontrava uma cisterna.[5] Apresenta elementos de vários estilos, como chão, vernacular, barroco e rococó.[4] No exterior, destaca-se a torre sineira na fachada principal.[3]
No interior, são de especial interesse os seus altares, decorados com talha dourada seiscentista e setecentista.[3] Na capela-mor, existem três quadros, um relativo ao presépio e dois retratando o casamento de Santa Maria com São José, sobre painéis de azulejos policromados alusivos à devoção mariana.[3] A cobertura da capela-mor apresenta pinturas murais sobre a Imaculada Conceição de Maria e a sua ascenção ao paraíso.[3] No interior também se destaca o órgão de tubos, situado junto da entrada, e que se enquadra no estilo oriental, devido à sua decoração em chinoiserie, referindo-se às campanhas de evangelização franciscana nos países orientais.[3]
O primeiro edifício no local foi uma ermida fundada em 1630.[2] O convento em si foi fundado em 1680 por Frei Evangelista, da Ordem de Santiago, a partir da expansão da ermida,[2] tendo a cerimónia de lançamento da primeira pedra tido lugar no dia 2 de Setembro daquele ano.[3] No entanto, a obra Album Alentejano: Distrito de Beja, referiu uma teoria alternativa para a fundação do convento: «alguns autores dizem, porêm, que os fundadores foram Fernando Guerreiro e sua irmã Barbara de Alvelos, que deixaram para aquele piedoso fim, moveis e dinheiro».[6]
O convento, na sua configuração original, foi construído parcialmente sobre estruturas que faziam parte da antiga ermida.[5] A talha dourada nos altares foi executada entre os finais do século XVII e inícios do seguinte.[3] Ao longo da sua história, o edifício foi por várias vezes alvo de obras, deevido em parte às diversas funções que teve, que levaram a grandes alterações na sua estrutura.[5] Durante trabalhos arqueológicos foram encontrados os vestígios de vários compartimentos que permitem identificar a configuração original do convento, como a Sala ou Casa do Capítulo e parte da sua portaria, enquanto que no lado setentrional encontravam-se espaços ligados à regra franciscana, como o De Profundis, o refeitório, a Sala da Cadeira do Tribuno ou do Leitor, as cozinhas e uma possível sala de armazenamento.[5] Estas duas contavam com um sistema de canalização subterrâneo ligado à cisterna no pátio.[5]
O edifício foi restaurado em 1810, e em 1834 os frades foram expulsos como parte do processo de extinção das ordens religiosas.[4] Entrou então num processo de declínio ao longo dos séculos XIX e XX, em parte devido às sucessivas utilizações pela qual passou.[7] Com efeito, em 1859 passou a ser ocupado pelos Paços do Concelho,[4] que antes ocupavam um outro edifício na vila,[8] pela Secretaria Notarial e pela Conservatória do Registo Predial.[4] Em 1928 os paços do conselho foram passados para um outro imóvel.[4] O convento foi danificado pelo Sismo de 1969,[4] tendo sido alvo de obras de reparação em 1980.[2] Foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 45/93.[9] Em meados da década de 1990, o convento deixou de albergar o Tribunal Judicial, e em 1994 foram feitas obras de reparação nos terraços.[4]
O recheio do convento incluía um interessante conjunto de alfaias litúrgicas, que passaram a fazer parte do acervo da Igreja Matriz.[10]
No século XXI, o imóvel atingiu um acentuado grau de deterioração, que chegou a ameaçar toda a sua estrutura, motivo pelo qual a autarquia decidiu fazer obras de recuperação.[7] As obras foram feitas entre 2010 e 2013, durante as quais foram pavimentadas diversas áreas e criados acessos pedonais, embora estas obras tenham atingido alguns vestígios antigos do edifício, como calçadas e restos de muros.[5] O convento foi transformado no Fórum Cultural de Almodôvar, inaugurado em 14 de Setembro de 2013, numa cerimónia que contou com a presença do Bispo de Beja, D. António Vitalino Fernandes Dantas.[7] Este centro inclui vários espaços de apoio a funções culturais, como o Museu de Arte Sacra, e salas para oficinas de música e de artes plásticas.[7]
Em 2024, as exposições do Museu da Escrita do Sudoeste foram temporariamente transferidas para o antigo convento de São Francisco, para a realização de obras de restauro e expansão da sede do museu.[11]