Tendo iniciado a sua longa história de condenação pública quando o Cardeal André Hercule de Fleury, primeiro-ministro de Luís XV, a 14 de Setembro de 1737, proibia todas as reuniões secretas e, especialmente, a formação de associações qualquer que fosse o pretexto e qualquer que fosse a denominação.[3]
Assim, estas citadas Sociedades ou Convenções têm causado na mente dos fiéis a maior suspeita, e todos os homens prudentes e íntegros tem apresentado o mesmo juízo sobre eles como sendo pervertidos e depravados. Pois se eles não estão fazendo mal, então não deveriam ter um ódio tão grande da luz.
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A Igreja Católica assinalava assim a incompatibilidade entre o juramento e o segredo das obediências maçónicas e a condição de cristão integrado na Igreja Católica Romana. Após essa primeira condenação, surgiram mais de vinte outras.
Muitas, conforme é possível perceber, foram escritas por este último papa Leão que foi um dos mais ferrenhos opositores dessa sociedade secreta e sua última condenação data de 1902, na referida encíclicaAnnum Ingressi, endereçada a todos os bispos do mundo em que alarmava da necessidade urgente de combater a maçonaria, opondo-se radicalmente a ela.[6]
O penúltimo documento oficial de referência é a Declaração sobre a maçonaria, assinado pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Joseph Ratzinger, depois Papa Bento XVI, em 26 de Novembro de 1983. O texto afirma que permanece imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Em 2007, o Vaticano através do regente do Tribunal da Penitenciária Apostólica, o Bispo Gianfranco Girotti, numa declaração após uma conferência intitulada «A Maçonaria e a Igreja Católica», que teve lugar na Pontifícia Faculdade Teológica de São Boaventura de Roma, lembrou que "a Igreja sempre criticou as concepções e a filosofia da maçonaria, considerando-as incompatíveis com a fé católica". Fez referência às declarações de alguns sacerdotes que publicamente se declaram membros da maçonaria, nomeadamente um padre de 85 anos de idade, Francesco Esposito Rosario, e pediu a intervenção dos seus directos superiores, sem excluir que a Santa Sépossa vir a tomar medidas de carácter canónico.[7]
Apesar disso, há acusações sobre Paulo VI e alguns cardeais da Igreja relacionarem-se a determinadas lojas maçónicas.[8] Entretanto, todas elas carecem de provas. A condenação da Igreja é forte e não muda ainda que membros do clero tenham de alguma forma se associado a sociedade secreta.
Em 2023, o Papa Francisco reafirmou a proibição de os católicos se tornarem maçons, citando uma «[...] inconciliabilidade entre a doutrina católica e a Maçonaria [...]»[10] em resposta a Julito Cortes, Bispo de Dumanguete, que manifestou preocupação com o número crescente de Maçons nas Filipinas[11]. A proibição renovada citou tanto o Código de Direito Canônico de 1983, como as Diretrizes feitas por uma Conferência Episcopal em 2003[12].
Igreja no Brasil
No Brasil Império, havia clérigos maçons e a tentativa de alguns bispos ultramontanos de adverti-los causou um importante conflito conhecido como Questão Religiosa.[13][14] O principal dos bispos antimaçônicos desta época foi Dom Vital, bispo de Olinda. Recebeu forte apoio popular, mas foi preso pelas autoridades imperiais, notoriamente favoráveis à maçonaria. Após ser liberto, foi chamado a Roma onde foi congratulado pelo papa, SS Pio IX, por sua brava resistência, e foi recebido paternalmente e com alegria (o Papa, comovido, só o chamava de "Mio Caro Olinda", "Mio Caro Olinda").
1. Existe um Ser Supremo, convenientemente denominado “Grande Arquiteto do Universo”.
1. Existe um Ser Supremo, Criador e Conservador de todos os seres contingentes, que com sua paternal Providência vela sobre cada uma de suas criaturas.
2. Para o conhecimento da natureza íntima do Ser Supremo a razão humana permanece entregue às suas próprias luzes e forças naturais;
2. Para o conhecimento da natureza íntima do Ser Supremo a razão humana, entregue apenas às suas próprias luzes e forças naturais, é radicalmente insuficiente; foi por isso que o próprio Deus, principalmente por Seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, Se dignou de falar sobre Si aos homens.
3. É sagrado e inviolável, em todo indivíduo humano, o direito de pensar livremente.
3. É sagrado e inviolável, em todo indivíduo humano, o direito de orientar livremente o seu pensamento de acordo com a realidade objetiva preexistente; não, porém, contra esta realidade, porquanto o erro não tem direitos.
4. O homem deve dirigir seus atos e sua vida exclusivamente de acordo com a sua própria razão e consciência.
4. O homem deve dirigir seus atos e sua vida de acordo com a sua própria consciência e, sobretudo, de acordo com os mandamentos revelados positivamente por Deus.
5. É o próprio indivíduo que deve regular suas relações com o Ser Supremo, o modo como cultuá-lo.
5. É em primeiro lugar o próprio Deus que regula o modo como deve ser cultuado pelo homem, sua criatura; e o homem deve acomodar-se às determinações divinas.
6. Qualquer coação ou influência externa, seja de ordem física, seja de ordem moral, no sentido de dirigir ou orientar o pensamento do indivíduo, deve ser considerado como atentado contra um direito natural e sagrado e por isso deve ser denunciado como violência e injustiça. A Maçonaria considera seu dever principal combater esta violência, ambição e fanatismo.
6. Ninguém deve ser coagido contra sua vontade a abraçar a fé na Revelação Cristã; mas pelo ensino, pela educação e formação, o homem pode e deve ser influenciado e melhorado por outros; e isso não só não é violência alguma, ou injustiça, mas é excelente obra de caridade cristã. A Igreja Católica considera seu dever principal trabalhar na instrução e na educação moral e religiosa de todos os homens.
7. O meio ambiente em que vive e respira o indivíduo humano deve manter-se rigorosamente neutro, sem hostilizar nem favorecer religião alguma determinada, nem mesmo a religião cristã.
7. O meio ambiente em que vive e respira o indivíduo humano deve estar impregnado dos princípios religiosos e morais certamente revelados e ordenados por Deus.
8. A sociedade e mormente o Estado devem manter-se oficialmente indiferentes perante qualquer religião concreta.
8. O ideal seria que a sociedade e mormente o Estado dessem oficialmente aos cidadãos os meios e as facilidades de passarem sua vida inteiramente segundo as leis e prescrições de Deus.
9. O ensino público, dado e mantido pelo Estado, deve ser absolutamente leigo ou neutro em assuntos religiosos.
9. O ensino público, dado e mantido pelo Estado, não pode abstrair de Deus e de Suas leis e determinações. Concretamente, o ensino leigo ou neutro é impossível e resvala para o ateísmo.
10. A Maçonaria aceita e defende os elementos da religião natural e abstrai da religião cristã, mas sem jamais hostilizá-la.
10. A Igreja Católica aceita e defende os elementos verdadeiros da religião natural e abraça com amor e gratidão a religião cristã, sabendo ser impossível permanecer indiferente perante Cristo: “Quem não for por mim, será contra mim” (Lc 11, 23).
11. A Maçonaria reconhece que todas as religiões são boas e iguais perante Deus.
11. A Igreja Católica reconhece que, perante Deus, só é boa e aceitável a religião ensinada pelo próprio Deus, mediante Cristo Jesus. “Nem todo aquele que me disser: Senhor! Senhor! entrará no reino dos céus; mas somente aquele que fizer a vontade de meu Pai celeste” (Mt 7, 21).
12. A Maçonaria não exige a necessidade da fé cristã e do batismo cristão.
12. “Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 16).
13. A Maçonaria não exige a necessidade de “comer a carne de Cristo e beber o seu sangue” (a Comunhão ou Eucaristia).
13. “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6, 53).
14. A Maçonaria condena como contrária à moral, retrógrada e anti-social a existência de corporações religiosas que segregam seres humanos da sociedade e da família.
14. “Se queres ser perfeito, vai, vende todos os teus bens e dá-os aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me” (Mt 19, 21); “em verdade vos digo que todo aquele que por causa de mim e do evangelho deixar casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filho, ou campo, receberá, já nesta vida, no meio de perseguições, o cêntuplo em casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos e campos; e no mundo futuro terá a vida eterna” (Mt 19, 29-30).
15. A Maçonaria proclama que o Matrimônio não é sacramento e que o divórcio, em certos casos, é uma exigência da lei natural.
15. A Igreja Católica ensina que o Matrimônio é um vínculo santo e sagrado, verdadeiro sacramento (quer dizer: meio de santificação) e que, em caso algum, é permitido o divórcio.
↑Dois anos antes, idêntica proibição fora emanada na Holanda, cujo exemplo parece ter sido seguido por muitos outros governos da Europa [1]
↑A Enciclopédia Católica pontua: O primeiro documento católico que condenava a maçonaria data de 28 de abril de 1738. Trata-se da bula do Papa Clemente XII, denominada In Eminenti Apostolatus Specula -[2].
↑Pedro Paulo Filho (14 de dezembro de 2006). «A Questão Religiosa». Grandes Advogados, Grandes Julgamentos. Departamento Editorial da OAB-SP. Consultado em 6 de maio de 2010
↑Resumo publicado no blog §|Olhar Católico|§ retirado do livro “A Maçonaria no Brasil – orientação para os católicos” do Dr. Boaventura Kloppenburg[4] Online em 09 de junho de 2010