Carcinoma ameloblástico

O ameloblastoma maligno ou carcinoma ameloblástico é um tipo de tumor odontogênico maligno raro[1]. Ele é a contraparte maligna do ameloblastoma[2], e representa cerca de 2% de todos os tumores odontogênicos, e 30% dos tumores odontogênicos malignos[1]. Tem origem nas células do epitélio odontogênico, como ameloblastos e retículo estrelado[3].

Sinais e sintomas

Em alguns casos, é assintomático[3]. Também pode ser acompanhado de sinais e sintomas como:[3][1]

Sinais e sintomas menos comuns podem incluir vertigem, perda de visão, sinusite, cefaleia, congestão dos seios, e sangramento da massa tumoral[1]. Afeta a mandíbula mais frequentemente do que a maxila[3].

É um tumor agressivo, de rápido crescimento, que pode causar metástase a distância em órgãos como pulmões e linfonodos[3][2][1].

Aspectos radiográficos e histológicos

Radiograficamente, possuem bordas mal delimitadas, com lesões radiolúcidas (raramente radiolúcidas com focos radiopacos de calcificações internas). Lesões uniloculares são mais frequentes do que multiloculares. Há expansão óssea e destruição da cortical, com possível perda, deslocamento, impactação ou reabsorção dos dentes associados[1].

Histologicamente, nota-se atipia celular das células ameloblásticas, com mitoses abundantes, podendo haver áreas focais de necrose[1]. Os critérios de Vickers e Gorlin, como células em paliçada e núcleo de polaridade reversa, são mantidos a níveis mínimos[2]. O índice de proliferação celular, definido por Ki67, tende a ser de moderado a alto[1]. A última classificação da OMS para cistos e tumores odontogênicos de 2017 classifica as variantes antigas (primária, secundária/anaplásica intraóssea, e secundária/anaplásica periférica) como manifestações da mesma doença, o carcinoma ameloblástico[2].


Causas

As causas exatas do carcinoma ameloblástico ainda são desconhecidas[3]. A maior parte dos casos surge sem história prévia (de novo), representando cerca de 75% dos casos[1]. Fatores genéticos e ambientais (como exposição a radiação ultravioleta e ionizante) podem contribuir para o surgimento do ameloblastoma maligno[3]. Nesses casos de novo, o tumor se desenvolve a partir de tecido epitelial residual do desenvolvimento dentário[3].

Cerca de 25% dos casos são resultado da transformação maligna de um ameloblastoma existente ou de um cisto odontogênico[1][3].

Dos fatores genéticos, o ameloblastoma e o carcinoma ameloblástico compartilham a mesma mutação do gene BRAF[2]. Além disso, o ameloblastoma maligno expressa SOX2 e possui alta taxa de proliferação de Ki67, que podem ser características histolopatológicas utilizadas para diferenciá-los[2].

Epidemiologia

Afetam homens e mulheres em proporção semelhante[3]. São mais frequentes na terceira e quarta década de vida, e acometem mais frequentemente a mandíbula posterior[1]. Raramente cruzam a linha média[1].

Diagnóstico

Além do exame clínico, exames de imagem como radiografias panorâmicas e tomografias computadorizadas são utilizadas[3]. Uma biópsia deve ser realizada para confirmação do diagnóstico[3].

Diagnósticos diferenciais de carcinoma ameloblástico incluem[3]:

Prognóstico e tratamento

A taxa de sobrevida em 5 anos é de aproximadamente 70%, com sobrevida global mediana de 122 meses e sobrevida livre de progressão mediana de 57 meses[1]. A taxa de recidiva do carcinoma ameloblástico é relativamente alta, entre 40 a 60% e inclui um período amplo, chegando até a 150 meses[1]. Metástases à distância são relatadas em cerca de 33% dos casos, aparecendo precocemente ou tardiamente[1].

O tratamento pode variar a depender de fatores como a localização e extensão do tumor primário, grau histológico, metástase local e/ou à distância, idade, estado de saúde, dentre outros elementos. O tratamento de escolha é a ressecção total com ampla margem cirúrgica[3].

Radioterapia pode ser usada como tratamento adjuvante ou para reduzir o tamanho da massa tumoral antes da cirurgia, mas não demonstrou eficácia como terapia de primeira linha[3].

Quimioterapia não se mostra eficaz contra carcinoma ameloblástico, e é mais frequentemente usada em indivíduos com doença avançada para tentar controlar metástases rampantes[3].

Referências bibliográficas

  1. Robinson, Liam; Abreu, Lucas Guimarães; Fonseca, Felipe Paiva; Hunter, Keith D.; Ambele, Melvin A.; van Heerden, Willie F. P. (18 de fevereiro de 2024). «Ameloblastic carcinoma: A systematic review». Journal of Oral Pathology & Medicine (em inglês). ISSN 0904-2512. doi:10.1111/jop.13517. Consultado em 2 de setembro de 2024
  2. Soluk-tekkesin, Merva; Wright, John M. (2013). «The world health organization classification of odontogenic lesions: a summary of the changes of the 2017 (4th) edition». Turkish Journal of Pathology. ISSN 1018-5615. doi:10.5146/tjpath.2017.01410. Consultado em 2 de setembro de 2024
  3. «Ameloblastic Carcinoma - Symptoms, Causes, Treatment | NORD». rarediseases.org (em inglês). Consultado em 2 de setembro de 2024

Bibliografia recomendada

  • Neville, B.W., D. D. Douglas, C. M. Allen, J. E. Bouquot; Patologia Oral & Maxilofacial; Rio de Janeiro; Guanabara Koogan S.A.


  1. a b c d e f g h i j k l m n o Robinson, Liam; Abreu, Lucas Guimarães; Fonseca, Felipe Paiva; Hunter, Keith D.; Ambele, Melvin A.; van Heerden, Willie F. P. (18 de fevereiro de 2024). «Ameloblastic carcinoma: A systematic review». Journal of Oral Pathology & Medicine (em inglês). ISSN 0904-2512. doi:10.1111/jop.13517. Consultado em 2 de setembro de 2024 
  2. a b c d e f Soluk-tekkesin, Merva; Wright, John M. (2013). «The world health organization classification of odontogenic lesions: a summary of the changes of the 2017 (4th) edition». Turkish Journal of Pathology. ISSN 1018-5615. doi:10.5146/tjpath.2017.01410. Consultado em 2 de setembro de 2024 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p «Ameloblastic Carcinoma - Symptoms, Causes, Treatment | NORD». rarediseases.org (em inglês). Consultado em 2 de setembro de 2024 

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