O personagem rompeu as fronteiras da obra para se tornar um conceito,[1] como observa Russell Hoban, "Caliban é uma ideia faminta, ele está sempre procurando alguém para anunciar sua existência... Caliban é uma ideia necessária".[2]
Personagem
Caliban é meio humano, meio monstro. Depois que a ilha onde ele habita é ocupada por Próspero, e sua filha Miranda, Caliban é escravizado.[3] Embora seja referido como calvaluna, ou mooncalf, um monstro sardento, ele é o único habitante humano da ilha que, diferente dos outros, "não é honrado com uma forma humana (Próspero, I.2.283).[4] Em algumas tradições, ele é retratado como um homem selvagem, ou um homem deformado, ou um homem-fera, ou às vezes como uma mistura de peixe e homem, um anão ou mesmo uma tartaruga.[5]
Banida de Argel, Sycorax foi abandonada na ilha grávida de Caliban, e morreu antes da chegada de Próspero. Caliban, apesar de sua natureza desumana, amava e adorava sua mãe, referindo-se a Setebos como o deus dela e apelando por seus poderes contra Próspero.[6] Prospero alega que sua severidade com Caliban se dá porque, depois de inicialmente fazer amizade com ele, Caliban tentou estuprar Miranda. Caliban confirma o ato alegremente, dizendo que se não tivesse sido impedido, ele teria povoado a ilha com a raça dos Calibans[7] - "Tu me impediste, eu tinha povoado outra vez esta ilha com Calibans" (Ato I:II).
Prospero, então, aprisiona Caliban e o atormenta com magia, exigindo que ele obedecesse suas ordens. Ressentido, Caliban toma Stephano, um dos servosnáufragos, como um deus e seu novo mestre. Caliban descobre que Stephano não é um deus igual a Próspero, no fim da peça, e concorda em obedecer a Próspero novamente.
Be not afeard; the isle is full of noises
Sounds, and sweet airs, that give delight and hurt not.
Sometimes a thousand twangling instruments
Will hum about mine ears; and sometime voices
That, if I then had waked after long sleep,
Will make me sleep again; and then in dreaming,
The clouds me thought would open, and show riches
Ready to drop upon me, that when I waked
I cried to dream again.
Nome
Há diversas especulações sobre a origem ou derivação do nome Caliban.
Muitas outras sugestões da origem do nome, embora menos notáveis, foram feitas, principalmente no século XIX, como uma palavra árabe para "cão vil", um Kalee-ban hindu "sátiro de Kalee, o hindu Proserpine"; como vinda do alemão Kabeljau ("bacalhau"), entre outras.[15]
Na produção da RSC, de 1978, dirigida por Clifford Williams, Caliban foi interpretado por David Suchet.
Na adaptação cinematográfica de Derek Jarman, de 1979, Caliban é interpretado por Jack Birkett.
Na adaptação da BBC Television, de 1980, Caliban foi encenado por Warren Clarke.
Na produção da RSC, de 1982, Caliban foi interpretado por Bob Peck.
Caliban aparece como o selvagem e lascivo grego Kalibanos (interpretado por Raúl Juliá), na adaptação cinematográfica de Paul Mazursky, Tempest (1982).
Na produção da Bard Productions, de 1983, Caliban foi interpretado por William Hootkins.
Em 1990, dirigido por Peter Brook e estreando no teatro Bouffes-du-Nord, David Bennett interpretou Caliban.
Na versão animada, de 1992, Caliban foi dublado por Alun Armstrong.
David Troughton interpretou Caliban na produção da RSC, de 1993.
Na produção da RSC, de 1998, Caliban foi interpretado por Robert Glenister.
Caliban aparece como o "Gator Man", residente no pântano (interpretado por John Pyper-Ferguson) no filme para televisão de Jack Bender, de 1998, The Tempest (ambientado no Mississippi durante a Guerra Civil Americana).
Na produção da RSC, de 2000, Caliban foi interpretado por Zubin Varla.
Adrian Herrero dançou como Caliban na adaptação coreográfica de A Tempestade (em espanhol: La Tempestad), pelo Ballet Contemporáneo do Teatro General San Martín, em Buenos Aires, Argentina, em 2008.
Na produção da RSC, de 2009, Caliban foi interpretado por John Kani.
Na produção feminina de Donmar Warehouse, de Phyllida Lloyd, em 2017, ambientada em uma prisão feminina e interpretada por suas presidiárias, Caliban foi interpretada por Sophie Stanton.
Na produção do Round House Theatre, de 2023, codirigida por Teller e Aaron Posner, Caliban foi interpretado por Hassiem Muhammad e Ryan Sellers.
No filme Clash of the Titans (1981), o antagonista é um personagem baseado em Caliban, nomeado Kalibos, o filho malvado da deusa do mar Thetis, um homem bonito transformado por Zeus em um monstro, como punição por sua malevolência.
No filme de ficção científicaPlaneta Proibido, de 1956, Caliban é retratado como "o Monstro do Id", um monstro selvagem e violento que é invisível a olho nu. O monstro nasceu do subconsciente do personagem Próspero, Dr. Morbius, usando a tecnologia avançada dos Krell. Como Caliban, o monstro se rebela e tenta matar seu mestre.
No filme Doutor Jivago, de 1965, durante a cena em que Victor Komarovsky convence Jivago a permitir que ele resgate Lara, levando-a para Vladivostok, Komarovsky refere-se a si mesmo como um Caliban: "Você aceita a proteção deste ignóbil Caliban, em quaisquer termos que Caliban se importe?"
Em 1968, organizado de forma não convencional por Peter Brooks e a RSC, o personagem Caliban foi expresso por meio da violência e da homossexualidade, apelidado de “experimento” de Peter's Brooks.
Caliban foi o personagem central do rock balé de James Clouser, Caliban, uma adaptação de 90 minutos de A Tempestade que foi encenada com apresentações ao vivo da banda St. Elmo's Fire. O rock balé foi apresentado em Houston, Dallas e Chicago, em 1976 e 1977.[16][17]
No filme sueco, de 1989, The Journey to Melonia, uma animação inspirada em A Tempestade, há um personagem chamado Caliban, uma criatura cujo rosto consiste principalmente de vegetais. Este Caliban é gentil de coração e até se torna um herói mais tarde no filme.
Caliban é o personagem central em duas obras de ficção que se comportam tanto como recontagens quanto como sequências de A Tempestade: Caliban's Hour, de Tad Williams (HarperCollins, 1994, ISBN978-0061054136) e Rough Magic de Caryl Cude Mullin (Second City Press, 2009, ISBN978-1897187630). Na duas obras, Caliban é um personagem mais nobre, sendo apresentado mais como a vítima de Próspero do que como o vilão da peça de Shakespeare.
Caliban é apresentado como antagonista na duologia Ilium / Olympos, de Dan Simmons (2003, 2005).
A série Cal Leandros, de Rob Thurman, publicada pela primeira vez em 2006, gira em torno de Caliban "Cal" Leandros, um híbrido meio humano, meio Auphe (um monstro horrepilante), que mata monstros por diversão e dinheiro em Nova York, com seu irmão humano e seus desprezíveis coorte. Cal luta pelo controle todos os dias contra sua metade monstro, utilizando sarcasmo e humor negro.