A Baía de Angra do Heroísmo localiza-se na cidade de Angra do Heroísmo, na costa Sul da ilha Terceira, nos Açores. As suas águas têm uma profundidade média de 40 metros.
Reveste-se de importância histórica uma vez que, a partir do século XV, foi o porto de abrigo das naus da Carreira da Índia - carregadas de ouro, prata, porcelanas, especiarias e outras mercadorias -, que aqui aguardavam a reunião das frotas para seguirem sob escolta da Armada das ilhas até ao Reino.
Aqui ficavam protegidas dos ventos dominantes de Norte e Nordeste, uma vez que os únicos ventos a que a baía é sensível são as tempestades de Sul e Sudoeste. Estas encontram-se na origem de numerosos naufrágios, atestados na documentação e na tradição oral e confirmadas em numerosas evidências arqueológicas que apenas recentemente começaram e ser identificadas mas onde desde já é possível identificar mais de 90 naufrágios históricos.
Dado o volume de riquezas que por aqui transitavam, desde cedo se sentiu a necessidade de defender a cidade de Angra e a sua baía, dos ataques de piratas e corsários, frequentes nesta altura do Oceano Atlântico. Desse modo, ao longo dos séculos, constitui-se um cordão defensivo ao redor da ilha, sendo a baía de Angra defendida pelo cruzamento de fogos entre a Fortaleza do Monte Brasil e o Castelo de São Sebastião.
Foram as viagens de Cristóvão Colombo, posteriormente de Vasco da Gama (cujo irmão Paulo da Gama se encontra sepultado no Convento de São Francisco de Angra), que consagraram os Açores como escala fundamental das rotas atlânticas. Na primeira viagem do Gama encontra-se definida a importância da ilha Terceira e, em especial, da baía de Angra enquanto escala vital no retorno das rotas do Oriente.
Essa importância é atestada pela criação, por Manuel I de Portugal, da Armada das ilhas, fixada no "Regimento para as naus da Índia nos Açores" e na instituição dos Juízes das Alfândegas (ou "Juízes do Mar"), ambos em 1520.
No reinado de João III de Portugal, cerca de 1527, foi criado o cargo de Provedor das Armadas, com sede em Angra, e que permaneceu nas mãos da família Canto até à extinção do mesmo no início do século XIX. Este provedor, cuja habitação se encontrava estrategicamente próxima à baía de Angra e do Cais da Alfândega, tinha a função de articular um sistema de vigilânca que permitisse detectar a aproximação das naus vindas de Ocidente, de forma a protegê-las da eventual presença de piratas, tomando todas as medidas que fosse necessárias à aguada e ao abastecimento das mesmas.
A montagem de todo este sistema obrigava a uma articulação de esforços entre o provedor e outras autoridades com sede na Terceira e também com as autoridades das ilhas dos grupos central e ocidental.
Especial atenção era sempre tida em relação à comunicação com as "justiças" (autoridades) da ilha do Corvo, que tinham a seu cargo a missão de vigiar as naus e logo que estas fossem avistadas, lhes mandarem aviso para singrarem sem demora para Angra do Heroísmo.
A defesa das naus, era feita então pela presença, nas águas dos Açores, da já mencionada Armada das Ilhas, armada esta, composta por um número variável de navios que saíam todos os anos de Lisboa e rumavam primeiramente às ilhas Berlengas e daí para a ilha Terceira.
Na Terceira, o capitão-mor da Armada tomava conhecimento das notícias referentes a piratas e, em seguida, a Armada dirigia-se para a ilha do Corvo, na proximidade da qual ficava durante cerca de quatro meses. O seu regresso a Lisboa só teria lugar quando chegasse a última nau da carreira da Índia desse ano.
Tudo isto permitiu que a baía de Angra se tornasse uma autêntica base marítima.
Geológicamente a baía apresenta fundos formados por escoadas lávicas de natureza basáltica em grande parte recobertos por escoadas piroclásticas do tipo surtseiano (tufos palagoniticos) com origem no vulcão que ajudou a definir a própria baía, o Monte Brasil. Estas últimas escoadas piroclásticas tiveram origem em erupções submarinas e apresentam-se muito solidificadas e compactas.
Sobre estas camadas encontram-se materiais sedimentares por vezes de grande espessura formados essencialmente por areias, calhaus rolados e ainda grandes blocos palagoniticos com abundantes cavidades erosivas. Existem nas imediações desta zona algumas nascentes submarinas de água salobra.
Esta baía, dada a sua origem, tem uma morfologia bastante variada apresentando assim clareiras de areia, paredes verticais (algumas com mais de 40 metros), grandes blocos, calhaus rolados pequenos e médios, grutas, calhaus dispersos em fundo de areia e fundo em areia.
A baía de Angra do Heroísmo não se pode considerar perigosa, mas deve ter-se em atenção que se trata de uma zona portuária, com embarcações em manobra.
A baía apresenta uma fauna relativamente variadas em que se destacam as seguintes espécies:
No total de espécies é possível observar-se mais de 128 difeentes espécies nesta baía, entre as quais:
Apresentam interesse arqueológico os seguintes locais:
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