Arapoti é uma palavra provavelmente de origem tupi-guarani.[5] O município adquiriu seu nome do cacique Arapoti, cuja tribo, de língua tupi e catequizada pelos jesuítas, constituiu a redução de São Francisco Xavier, às margens do rio Tibaji. De acordo com estudos, o nome do município pode ser classificado como um geomorfotopônimo,[6] já que "Arapoti", traduzido do tupi, significa "Campos-floridos".[7] Contudo, a palavra Arapoty na língua guarani significa "renascimento".[8]
História
A história do município de Arapoti tem sua origem na histórica Fazenda Jaguariaíva do lendário povoador destas paragens, coronel Luciano Carneiro Lobo, cujos campos eram ocupados por criatórios de gado e serviam como pouso para tropas vindas do Sul, em consequência do tropeirismo no Paraná.[9][10][11] O Coronel Luciano Carneiro Lobo adquiriu a fazenda Jaguariaíva em 1795 e em 15 de setembro de 1823 a Fazenda Jaguariaíva foi elevada à categoria de Freguesia.[10]
Através da Lei Municipal n.º 2, de 8 de outubro de 1908, foi criado o Distrito Judiciário de Cerrado, no município de Jaguariaíva.[10][11] A localidade de Cerrado foi uma das primeiras a ser povoada no então território do futuro município de Arapoti e teve alavancado seu desenvolvimento a partir de 1910.[9] Em 1910 foi instalado a serraria e fábrica de papel da Southern Brazil Lumber & Colonization Companye, e, logo depois, em 1912, chegou o Ramal Ferroviário do Paranapanema, que, atravessou a fazenda Capão Bonito e possibilitou a fixação de moradores em torno da estação ferroviária de nome "Cachoeirinha".[9][11]
Vivendo os ciclos econômicos do café produzido em grande escala na região do Norte Pioneiro do Paraná, e o ciclo da madeira, recebeu, a partir de 1916, imigrantes de origem espanhola e polonesa.[9][11] Em 1925 entrou em operação a "fábrica-mãe", unidade industrial fabricadora de papel que mais tarde daria origem a Inpacel.[12] Em 1929 foi construída uma capela católica, toda feita em madeira, que recebeu como padroeiro São João Batista.[13]
Com o Decreto-Lei n.º 2.556, de 18 de dezembro de 1933, foi alterado a denominação de Cerrado para Cachoeirinha. Em 7 de março de 1934, Cachoeirinha passou a ser Distrito Administrativo de Jaguariaíva.[10][11] Pelo decreto-lei estadual n.º 199, de 30 de dezembro de 1943, o distrito de Cachoeirinha passou a denominar-se Arapoti e o de São José a denominar-se Calógeras, em homenagem a João Pandiá Calógeras.[10][11]
Pela lei estadual n.º 253, de 26 de novembro de 1954, os distritos de Arapoti e Calógeras desmembraram-se do município de Jaguariaíva para formar um novo município.[10] Foi instalado como município e cidade de Arapoti em 18 de dezembro de 1955.[9]
Em 1960, foi a vez da imigração holandesa no município.[9][14] Com a instalação de uma colônia holandesa formada por produtores rurais que visavam principalmente a produção de leite, foi possível fundar uma cooperativa, que deu origem a Cooperativa Agro-Industrial (CAPAL), integrante do grupo ABC do complexo Batavo. A partir da década de 1970 a cooperativa expandiu sua atuação e recebeu também muitos cooperados brasileiros. A iniciativa transformou o município de Arapoti em um pólo de alta tecnologia em agricultura e pecuária, com destaque para a produção de soja, milho, trigo, suínos, frangos e gado holandês leiteiro de alta linhagem.[9][15]
Construção da Indústria de Papel Arapoti S.A..
Construção da Indústria de Papel Arapoti S.A..
Em 2 de dezembro de 1968 foi fundada a Cooperativa de Eletrificação Rural Arapoti Ltda, que passou a ser a Cooperativa de Infraestrutura de Arapoti - Ceral, e posteriormente Cooperativa de Distribuição de Energia Elétrica de Arapoti - Ceral-Dis, que foi responsável por levar a energia elétrica para a área rural.[16]
Em 8 de dezembro de 1987 foi criada a comarca de Arapoti, por meio da Lei nº 8623, sendo instalada em 5 de novembro de 1988, compreendendo também o Distrito Judiciário de Calógeras, e tendo como primeiro juiz de direito Salvatore Antônio Astuti.[17]
Em agosto de 1992 foi inaugurada a Arapoti Indústria de Papel S.A. (antiga Inpacel Indústria Ltda.).[18] Com a instalação da unidade, fez surgir no município uma das mais modernas indústrias papeleiras do país na época.[9][12] A unidade produz papéis revestidos de baixa gramatura e fibras termomecânicas de alto rendimento para mercado, sendo o papel utilizado para impressão de revistas e catálogos.[19][12] A Inpacel foi comprada pela International Paper e, posteriormente, pela Stora Enso.[9] Em 2007 a Stora Enso fechou parceria com a Arauco do Brasil, vendendo 20% da unidade fabril, 80% da unidade florestal e 100% da serraria.[20] Em 2015 a chilena Papeles Bio Bio, atual BO Paper,[21] adquiriu 80% da unidade industrial de Arapoti,[22] o mesmo grupo que havia adquirido anteriormente a Pisa Papel de Imprensa S/A de Jaguariaíva, entre 2013 e 2014.[23][24][12]
Administração
A administração municipal se dá pelos poderes executivo e legislativo. O atual prefeito é Irani Joé Barros (PSDB, 2021-2024).[1] A sede administrativa do executivo é a prefeitura municipal, localizada no centro da cidade.
Câmara municipal
A Câmara Municipal de Arapoti é o órgão legislativo do município, sendo representado por nove vereadores[25].
Geografia
Sua área é de 1 362,461quilômetros quadrados, representando 0,6826 % do estado, 0,2414 % da região e 0,016 % de todo o território brasileiro. Localiza-se a uma latitude 24º09'28" sul e a uma longitude 49º99'37" oeste, estando a uma altitude de 860 metros.
O município de Arapoti conta com três comunidades quilombolas localizadas na área rural: Comunidade Família Xavier; Comunidade Fazenda Bugre; Comunidade Calógeras.[26] As duas primeiras são remanescentes da Fazenda Boa Vista e a última identifica-se como comunidade negra tradicional.[27][28][29][30][31] As famílias buscam preservar a história e a cultura das comunidades e é comum encontrar costumes típicos como danças, músicas, comidas e artesanatos, além de um cemitério histórico e ruínas arquitetônicas.[32][33][34][35]
Na rede estadual conta com cursos profissionalizantes no Colégio Agrícola (Centro Estadual de Educação Profissional - CEEP). Além da rede pública de ensino estadual e municipal, Arapoti conta também com quatro instituições de ensino particular de nível infantil, fundamental e médio.
Possui um roteiro de turismo cultural denominado Linha Verde, onde podem ser visitados inúmeros atrativos como a antiga sede da fazenda Capão Bonito, Parque Cachoeirinha, Casa da Cultura na antiga estação ferroviária, Feira do Produtor, o Moinho Holandês e a Colônia Holandesa. Cânions, rios e cachoeiras fazem parte do cenário rural da cidade, além de uma RPPN administrada pela Arauco Florestal, aberta ao público através de agendamentos.[38] Os principais atrativos turísticos do municípios são:
Chácara Casa Antiga, cuja sede foi construída por Telêmaco Carneiro de Mello, proprietário da Fazenda Capão Bonito e é conhecida como a primeira residência do município. » Localização: Jardim Ceres;
Casa da Cultura Estação Ferroviária, uma construção de madeira que era a antiga Estação Ferroviária e possuía um acervo abrangente com pinturas, esculturas, publicações, objetos da Rede Ferroviária como telégrafo, faróis da Maria Fumaça, entre outros. Em 2017 o prédio foi destruído por um incêndio;[39]
Moinho Holandês "O imigrante", construído em 2001 em homenagem à Colônia Holandesa, por tratar-se de um dos ícones mais conhecidos dos Países Baixos. Localização: Parque de Exposições CAPAL;
Igrejinha (igreja católica no centro de Arapoti) em 2014.
O prato típico do município de Arapoti é o lombo de festa.[43] Desde da década de 1980 é servido nas festividades do município, como também na ceia de Natal e de Ano Novo. A origem do prato remete a herança da suinocultura em Arapoti. O lombo suíno é defumado, temperado e assado, servido com creme de soja.[38][44]
Esporte
No Campeonato Paranaense de Futebol de 1940, houve a participação do Guarani, ainda quando a cidade pertencia ao município de Jaguariaíva. Posteriormente houve a participação da Associação Atlética Arapoti.
↑«Comunidades quilombolas em Arapoti - Mapa»(PDF). Grupo de Trabalho Clóvis Moura. Universidade Federal do Paraná (UFPR). FUNPAR. Governo do Paraná. 2006. Consultado em 20 de janeiro de 2020
↑Jackson Gomes Júnior; Geraldo Luiz da Silva; Paulo Afonso Bracarense Costa (2008). «Paraná Negro»(PDF). Grupo de Trabalho Clóvis Moura. Universidade Federal do Paraná (UFPR). FUNPAR. Governo do Paraná. Consultado em 20 de janeiro de 2020 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)