Município originário de comunidades ribeirinhas, seu crescimento inicial se deu a partir do eixo da antiga Estrada de Ferro de Bragança. Teve seu maior incremento populacional a partir da construção da BR-010 (Belém-Brasília) na década de 1960, na qual as indústrias localizadas em Belém começaram a se estabelecer ao longo desta rodovia. Inicialmente foi considerada "cidade dormitório", apresentou um considerável desenvolvimento a partir da década de 1980, decorrente da falta de espaço para a construção de novas moradias e empresas em Belém.
Etimologia
O nome Ananindeua é de origem tupi; deve-se à grande quantidade de árvore chamada Anani (Symphonia globulifera), uma árvore que produz a resina de cerol utilizada para lacrar as fendas das embarcações.
História
Referências históricas datadas de meados do século XIX permitem identificar traços da fundação do município de Ananindeua. Esses traços guardam relação com o estabelecimento de uma parada e/ou estação da Estrada de Ferro de Bragança, na área territorial, no lugar onde, hoje se encontra instalada sua sede municipal.
Originalmente, Ananindeua pertencia à circunscrição de Belém. A partir da localização da estação da Estrada de Ferro, o seu povoamento começou a adquirir dinamismo, sendo reconhecido como freguesia, e mais tarde, como distrito da capital paraense.
Nas fontes históricas consultadas, não foi possível encontrar os instrumentos eclesiásticos da sua elevação à categoria de freguesia, nem os instrumentos legais de sua consideração como Distrito.
Sabe-se, no entanto que, em 1938, por um ato do Governo Estadual, passou a ser considerada como sede distrital, pertencendo ao município de Santa Isabel do Pará, retornando ao patrimônio territorial de Belém. Pelo Decreto-lei Estadual nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, promulgado pelo Interventor Federal, Magalhães Barata, o município de Ananindeua foi criado, acontecendo sua instalação, como tal, em 3 de janeiro de 1944.
Para dirigir o novo município, assumiu a prefeitura Claudemiro Belém de Nazaré. No mês de outubro de 1945, com a queda do regime ditatorial, foi nomeado como Prefeito de Ananindeua Fausto Augusto Batalha. Sua sede municipal foi reconhecida como cidade em 31 de dezembro de 1947, com a aprovação da Lei nº 62, que foi publicada no Diário Oficial do Estado, em 18 de janeiro de 1948.[carece de fontes?]
Entre os anos 1947 a 1956, o município de Ananindeua contava com os seguintes, distritos: Ananindeua (Centro), Benevides, Benfica e Engenho do Arari. No ano de 1961, pelo disposto na Lei nº 2.460, de 29 de dezembro, com as áreas de seus distritos (Engenho Arari, Benfica e Benevides), foi constituído o município de Benevides. Atualmente, o município de Ananindeua é constituído apenas do distrito-sede.
O município de Ananindeua é considerado o segundo maior colégio eleitoral do estado do Pará, ficando a primeira posição para a capital Belém. O primeiro prefeito do município foi João Alves de Andrade, o qual governou entre os anos de 1948 a 1952. Desde a sua fundação, até o ano de 2012, o município teve doze prefeitos.
Durante as eleições municipais de 2012, o candidato do PSDB, Manoel Pioneiro, foi eleito em primeiro turno, com mais de 53% dos votos válidos, para governar o município entre os anos de 2013 a 2016.[11][12]
Geografia
Ananindeua limita-se ao norte com o município de Belém; ao sul com o rio Guamá; ao leste com o município de Marituba; ao oeste com o município de Belém, e; ao nordeste com o município de Benevides.
Topografia
O município apresenta um relevo relativamente uniforme, com pouquíssimas oscilações altimétricas, sendo que sua cota média gira em torno de 16 metros.
Ilhas
O município possui 9 ilhas com áreas de uso intenso, outras de baixa exploração por parte dos ribeirinhos e outras quase intocada, que serve como um verdadeiro centro de reprodução de toda diversidade biológica da floresta Amazônica. São elas: Viçosa, João Pilatos, Santa Rosa, Mutá, Arauari, São José da Sororoca, Sororoca, Sassunema e Guajarina.[13]
As ilhas de Ananindeua são quase todas habitadas. São pequenos povoados habitados por homens, mulheres e crianças que vivem na rotina do encher e ser das águas do Rio Maguari. Em cada um destes povoados é possível encontrar uma igreja, um campo de futebol, uma pequena escola e muito verde. A estrada do povo ribeirinho é o próprio rio e o seu meio principal de locomoção são as canoas e os “pô-pô-pô”, que levam e trazem o produtor, o aluno, o professor e o visitante pelos caminhos de rio.
Solos
Os solos do município são caracterizados como Concrecionários Lateríticos Indiscriminados distróficos, textura indiscriminada, Latossolo Amarelo distrófico, textura média.
Vegetação
A vegetação é caracterizada pela floresta secundária, em vários estágios, proveniente do desmatamento executado na área, para o cultivo de espécies alimentícias de ciclo curto (milho, Mandioca, etc.). Nas áreas sujeitas à inundação margeando os rios, está presente a vegetação de várzea, com suas espécies típicas, como a virola ou ucuuba, a andiroba, o açaí e o miriti ou buruti.
O município de Ananindeua é composto por vinte e dois bairros em sua Área Urbana, além de 9 ilhas em sua Área Rural. A prefeitura, juntamente com o governo federal tem expandido a área de povoamento através do programa minha casa minha vida que beneficia pessoas com baixa renda a terem um imóvel em conjuntos habitacionais com água e esgoto tratado.
Na década de 1970, inicia a construção do primeiro conjunto habitacional Cidade Nova, programa de habitação de âmbito Federal, sob responsabilidade da Companhia Habitação do Estado do Pará (COHAB), foi uma espécie de ordenamento da periferia. A área foi adquirido aos poucos, pertencia em sua maioria a japoneses e nordestinos, que possuíam hortas e granjas, a COHAB comprou os terrenos e foram inauguradas as Cidades Novas I a IX. Depois foi inaugurado o conjunto Guajará, em seguida seria inaugurado o conjunto PAAR (Pará, Amazonas, Acre e Rondônia); no entanto, em sua fase final foi invadido por populosos e por um breve período da história do município foi considerado como a maior invasão da América Latina, hoje ele é considerado um conjunto habitacional.
Às margens desse processo surgiram as áreas de invasões espontâneas, localizadas principalmente próximas aos conjuntos habitacionais. Hoje a área continental de Ananindeua concentra mais de 90% da população do município.
Desmatamento
O desmatamento alcançou 78,03% até o ano de 1986, de acordo com as imagens LANDSAT-TM. Durante os anos de 2001 e 2006, a região que mais perdeu sua cobertura vegetal foi a região insular, mais precisamente na ilha de João Pilatos e Sororoca.
Os principais acidentes geográficos e que devem ser preservadas são os rios Benfica, Maguari-Açu e Guamá e igarapés: Aurá e Uriboquinha. É de fundamental importância a preservação do manancial de águas do Utinga para garantir a boa qualidade e quantidade de água, necessária ao abastecimento de Belém e, parte deste, encontra-se no município de Belém.
Hidrografia
A hidrografia do município é representada pelos rios Guamá ao Sul, fazendo limite com Belém; o Maguari-Açu, ao Norte e o Benfica a Nordeste limitando com Benevides. Para o Guamá vertem o rio Água Preta, limite natural, a Oeste, com o município de Belém; o rio Uriboquinha, o qual, em todo o seu curso, serve de limite parcial com Benevides; e o igarapé Aurá. O rio Maguari-Açu deságua no furo do Maguari e forma limite natural, a Noroeste, com o município de Belém. Ao Norte, encontram-se as ilhas João Pilato, Santa Rosa e Sassunema.
Clima
O clima é megatérmico, úmido, temperatura elevada em torno de 25 °C, pequena amplitude térmica. O regime pluviométrico está em torno de 2.250 a 2.500mm com chuvas regulares, com maior concentração de janeiro a junho. A umidade relativa do ar está em torno de 85%.
O principal eixo rodoviário do município é a BR-316, que a liga a Belém e Marituba, além de dar acesso ao restante do território nacional. Além desta, o município dispõe dos troncos Rodovia Mário Covas, Rodovia Hélio Gueiros (também chamada de 40 Horas ) e Avenida Independência.
Entre os logradouros municipais o principal é a Rua Zacarias de Assumpção, com logradouros de suporte na Avenida Três Corações, na Estrada do Maguari, na Estrada do Icuí-Guajará, na Rua da Cohaspa e na Estrada Santana do Aurá.
O município já possuiu transporte ferroviário que o ligava a Belém e posteriormente as cidades do nordeste do estado pela Estrada de Ferro de Bragança, entre os anos de 1884 e 1964. Além do transporte de passageiros, a ferrovia escoava a produção agrícola da região em direção aos portos fluviais da capital paraense e da cidade de Bragança, o ponto terminal da linha férrea. Os últimos trens de passageiros e de cargas trafegaram pela última vez na cidade no dia 31 de dezembro de 1964.
Após a desativação da ferrovia, os trilhos foram retirados da cidade no ano de 1965 e a sua estação ferroviária foi posteriormente demolida. Parte de seu antigo leito foi incorporado à BR-316 e no local onde existia a antiga estação ferroviária, atualmente se situa um terminal rodoviário.[15]
Até o último levantamento do IBGE sobre o serviço de saúde do município, seja público ou privado, realizado em 2009, havia mais de 84 estabelecimentos de saúde, sendo 45 públicos municipais, 38 privados.[18]
Até 2016, apenas 29,98% da população recebia água potável. Foi o menor atendimento entre as 100 maiores cidades do Brasil.[19]
A principal instituição de saúde do município é o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência.
Coleta e tratamento de esgotos
De acordo com o ranking de 2018 do instituto Trata Brasil,[20] Ananindeua coleta somente 0,98% do esgoto produzido em toda a cidade. Somente 0,77% do esgoto produzido é tratado, sendo este um dos piores índices das grandes e médias cidades do Brasil. A fim de universalizar todo o esgoto 134.021 ligações deveriam ser efetuadas na cidade, assim como a criação de unidades de tratamento de esgotos.
Cultura e lazer
O município de Ananindeua não dispõe de uma vasta quantidade de pontos culturais e de lazer como o município vizinho e capital do estado do Pará, Belém. O primeiro museu do município foi recentemente criado.[21] O Museu Parque Seringal foi recentemente incluso no Cadastro Nacional de Museus pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), do Ministério da Cultura. Esse espaço é o primeiro museu do estado do Pará dedicado ao ciclo da borracha, importante ciclo econômico que ajudou a desenvolver economicamente e culturalmente o Estado.[22] O Parque Seringal, que também é considerada área de proteção ambiental, "é voltada para o lazer, preservação e educação ambiental, contando com reservas de centenas de exemplares de seringueiras, cultivadas no período do Ciclo da Borracha, além de anfiteatro, academia de ginástica ao ar livre, lanchonete, playground e outros espaços com visitação gratuita".[23][24]
Referências
↑«Ananindeua»(PDF). Biblioteca IBGE. Consultado em 27 de junho de 2012