Nasceu na localidade de Santa Teresinha, distrito de Bom Princípio, no estado do Rio Grande do Sul. Era o décimo segundo filho de Pedro Scherer e de Ana Oppermann Scherer.
Em 1914 ingressou no Seminário Menor em São Leopoldo. Concluiu o curso secundário nas disciplinas gerais. Preparou sua entrada no Seminário Maior. Estudou Filosofia com os expoentes da Companhia de Jesus, conquistando o primeiro lugar em todas as disciplinas.
Constitui os Seminários Menores de Bom Princípio, em 1948 e de Arroio do Meio, e foi à alma da edificação e da organização do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição de Viamão, em 1954.
Desenvolveu com carinho a obra das Vocações Sacerdotais e, apesar do desmembramento da Diocese de Santa Cruz do Sul e de outras alterações de limites diocesanos, compreendendo zonas vocacionalmente muito abençoadas, em 1971 se matricularam 45 teólogos e filósofos em Viamão, 134 seminaristas em Gravataí (3ª a 7ª séries) e 120 em Bom Princípio (1° e 2° anos). Também fundou o Instituto de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a PUCRS.
Sagrou 15 bispos, ordenou 493 sacerdotes e fundou 105 paróquias.
Sociedade Fraterno Auxílio
Dom Vicente Scherer, foi o primeiro bispo do Brasil a organizar a previdência social do clero, instituindo, em 28 de fevereiro de 1961, a Sociedade Fraterno Auxílio, destinada a proporcionar assistência aos sacerdotes diocesanos, que lhe sejam associados, inválidos por enfermidades ou velhice. Os associados têm direito a assistência médica, farmacêutica e hospitalar completa.
Ação social
Construiu e organizou, em Viamão, o Lar de Menores, para recuperação de menores transviados. Criou em 1 de janeiro de 1957 o secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre. Erigiu a Escola Rural Estrela da Manhã, para formação de professores rurais.
No seu governo e sob seus auspícios nasceu e atuou diante da Frente Agrária Gaúcha, movimento de agricultores cristãos que fundou e incrementou o sindicalismo rural do Rio Grande do Sul, na época com mais de 400 mil membros associados em 225 sindicatos de pequenas propriedades e assalariados rurais.
Incentivou a aquisição e ampliação da Casa Marta e Maria que a Ação Católica da Arquidiocese de Porto Alegre destinou a retiros espirituais e a cursos de formação de líderes cristãos.
Reformou o prédio do antigo seminário, adaptando-o as suas funções de residência episcopal e sede da Cúria Metropolitana de Porto Alegre.
Vila Betânia
A Vila Betânia teve a princípio o nome de Aracelli, e era reservada para descanso dos sacerdotes da Arquidiocese de Porto Alegre. Em 31 de julho de 1948, Dom Vicente Scherer, com Mons. Elio Pereira e Côn. Cláudio Colling, adquiriram um prédio e mais terreno, para um local de retiros espirituais. A abertura oficial foi por ocasião do V Congresso Eucarístico Nacional de Porto Alegre, a 27 de outubro de 1948. Em 27 de abril foi inaugurada na mata de propriedade da Vila Betânia uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes.
Centro de Pastoral
O primeiro Centro de Pastoral da Arquidiocese de Porto Alegre foi inaugurado pelo Cardeal Vicente Scherer, em 4 de outubro de 1973, localizado na época, na avenida Alberto Bins, nos números 1010, 1014, 1016 e 1020, no centro de Porto Alegre.
Conselho Arquidiocesano de Leigos
O conselho arquidiocesano de leigos, foi criado no dia 24 de novembro de 1979. O conselho era constituído por presidentes de movimentos e associações de leigos; por membros eleitos pelas áreas de pastoral e por membros nomeados, representativos dos diversos meios ou associações de classes.
Projeto Catedral
Em 23 de fevereiro de 1947, Dom Vicente Scherer assume o cargo de Arcebispo de Porto Alegre e deu novo impulso as obras da Catedral de Porto Alegre. Em 24 de outubro de 1948, por ocasião do V Congresso Eucarístico Nacional realizado em Porto Alegre, Dom Vicente inaugurou provisoriamente a Catedral e transferiu as celebrações das funções litúrgicas da cripta para o recinto superior.
Em 30 de maio de 1971, em missa celebrada pelo Cardeal Scherer, foram inauguradas simbolicamente as duas torres.
Em 26 de março de 1972, o bicentenário da Paróquia de Nossa Senhora Mãe de Deus, o jubileu de sagração e de investidura de Dom Vicente Scherer, nas funções de Arcebispo Metropolitano e o bicentenário da fundação de Porto Alegre foram comemorados no recinto da nova Catedral, já com a cúpula concluída. E em 1987 houve a inauguração solene da Catedral Metropolitana de Porto Alegre.
Realizações em plano estadual
Voz do Pastor
Desde sua sagração em 1947, Dom Vicente foi fiel ao lema Evangelizare misit me, que caracterizou o seu episcopado por intensa atividade pelos meios de comunicação social e seus pronunciamentos por intensa atividade pelos meios de comunicação social e seus pronunciamentos marcaram a presença da Igreja em momentos delicados e sobre problemas palpitantes da vida nacional, como liberdade de ensino, reformas sociais, ideologias extremistas e outros temas.
A partir de 5 de junho de 1961, sem falhar uma semana, proferiu todas as segundas-feiras, na Rádio Difusora, a Voz do Pastor. Aquela forma moderna de evangelização assumiu relevância extraordinária e alcançou repercussão nacional, quando nas terças-feiras, sua mensagem era difundida pelos principais jornais de Porto Alegre e, resumidamente, em importantes órgãos de imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foram no total: 1095 alocuções.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
A partir de 1947, Dom Vicente Scherer abraçou a causa das Faculdades Livres, em Porto Alegre, para conseguir a equiparação de universidade. Em 9 de novembro de 1948, o arcebispo passou a ser chanceler da Universidade Católica de Porto Alegre.
Sob a orientação do Arcebispo Dom Vicente Scherer, que procurou responder às necessidades pastorais da Igreja em sua época, foi criada a Pastoral Orgânica. Nos áureos tempos da Ação Católica, tanto geral, quanto especializada, os movimentos apostólicos de leigos atingiram pujança impressionante, e quando o Concílio Vaticano II abriu horizontes novos para o apostolado, Dom Vicente logo se empenhou na aplicação concreta de seus textos. À luz do concílio, nasceram o Conselho de Presbíteros, o Conselho de Pastoral e o Secretariado de Pastoral. Dom Vicente convocou o Sínodo do Povo de Deus, no início da década de 1970.
Realizações em plano nacional e internacional
Dom Vicente participou desde a sua fundação da Comissão Central da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB; tendo dirigido o Secretariado Nacional do Apostolado dos Leigos, ocupou o cargo de vice-presidente e interinamente o de presidente.
Designado membro da Comissão de Doutrina para a Fé e os costumes que trabalhou na preparação de alguns dos mais importantes esquemas do Concílio Vaticano II, foi confirmado na mesma, por eleição dos padres conciliares, aos 16 de outubro de 1962, tendo assistido a quase todas as suas reuniões.
Durante as sessões do Concílio Vaticano II, o Cardeal Scherer, fez também parte das subcomissões, respectivamente para a revisão da Constituição dogmática Lumen Gentium e da Constituição pastoral Gaudium et Spes. No 1° Sínodo dos Bispos em 1967, foi o único representante latino-americano escolhido diretamente pelo Santo Padre, o Papa Paulo VI.
No mesmo mês que transmitiu o cargo do governo da Arquidiocese de Porto Alegre, cedendo a inúmeros convites e apelos, Dom Vicente Scherer aceitou assumir a direção da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre que se encontrava em difícil situação financeira e funcional. A posse realizou-se em 1 de janeiro de 1982. Dom Vicente, como provedor encaminhou com a colaboração do governo do estado e de uma equipe de administradores as soluções que levaram a Santa Casa a vencer a maior crise de sua história.
No início de sua trajetória na transformação da Santa Casa, diversas pessoas se incorporaram aquele grande desafio, destacamos: João Polanczyk, Olímpio Dalmagro, Jaques Bacaltchuk e José Sperb Sanseverino.
As necessidades do complexo hospitalar eram infinitas. Não havia alimentação adequada, medicamentos, roupas, higiene, e muito menos equipamentos. Havia, no entanto, o fundamental entre os médicos, enfermeiros, funcionários de diversas áreas que, assim como seu provedor; acreditavam na instituição.
No dia 27 de março de 1969 chegou o seguinte telegrama à Cúria Metropolitana: "Cras ephemerides patefacient Summi Pontificis animam te in supremum Ecclesiae Senatum kalendis maii cooptandi. Sebastiano Baggio - Núncio". ("Amanhã a imprensa publicará que a benevolência do Sumo Pontífice te escolheu para integrar, a primeiro de maio, o supremo senado da Igreja").
Dom Vicente ao longo de seu episcopado teve dois Brasões. O primeiro, desde a sua ordenação até o cardinalato; e o segundo, o brasão cardinalício. O lema sempre foi o mesmo.
Descrição: Escudo eclesiástico, cortado: o 1° de blau com uma palma e um ramo de oliveira cruzados, ambos de argente, sobrepostos por uma coroa real de jalde com suas pedras preciosas; o 2° partido de argente e goles, com três rosas colocadas duas e uma, sendo a primeira de goles, a segunda de argente e a terceira intercambada. O escudo, assente em tarja branca, na qual se encaixa o pálio branco com cruzetas de sable. O conjunto pousado sobre uma cruz trevolada, de dois traços, de ouro. O todo encimado pelo chapéu eclesiástico com seus cordões em cada flanco, terminados por quinze borlas cada um, postas: 1, 2, 3, 4 e 5, tudo de vermelho. Brocante sob a ponta da cruz um listel de argente com a legenda: EVANGELIZARE MISIT ME, em letras de sable.
Interpretação: O escudo obedece as regras heráldicas para os eclesiásticos. O 1º campo, de blau (azul): significa: justiça, serenidade, fortaleza, boa fama e nobreza. A coroa real simboliza o Reino de Cristo, Rei do Universo, e sendo de jalde simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. A este Reino se chega através do "martírio", de sangue ou de espírito, cujo símbolo é a palma, que ocupa aqui o lugar de honra (banda), sendo que a palma indica que o apostolado tem a vitória assegurada pela promessa e a presença de Cristo; e o desejado fruto desse Reino é a Paz, prometida aos homens de boa vontade e aqui é simbolizada pelo ramo de oliveira. Por seu metal argente (prata), os dois ramos simbolizam: inocência, a castidade, a pureza e a eloqüência, virtudes essenciais num bispo. O campo de argente (prata) tem o significado deste esmalte, já descrito acima, e o campo de goles simboliza: o fogo da caridade inflamada no coração do bispo, bem como valor e socorro aos necessitados. As rosas simbolizam a Santíssima Virgem, a Rosa Mística, que sob a invocação de Mãe de Deus, é a Padroeira da Arquidiocese de Porto Alegre, sendo em três, as rosas têm significado especial: A de goles (vermelha) traduz que Maria é a Filha do Pai Eterno; a de argente (prata), que é a Esposa do Espírito Santo; e a rosa intercambada, que é Mãe do Filho Redentor. Maria, em todas as lutas pela Paz de Cristo no Reino de Cristo, é vida, doçura e esperança nossa. O presente escudo é, pois, segundo as regras heráldicas, uma síntese de altos conceitos de teologia e de programa pastoral. O lema também faz referência a ao mandato de Jesus: Enviou-me a evangelizar". O escudo não é histórico, de família, mas simbólico e programático; denotando uma estreita conexão ideológica entre o lema e a representação gráfica; pois realmente, a obra de evangelização tem por objetivo a propagação do Reino de Cristo sobre a terra.
Em 21 de maio de 1955, Dom Vicente Scherer abençoou o casal João Goulart e Maria Thereza Fontella no casamento deles.[3]
Memorial Dom Vicente Scherer
No dia 5 de fevereiro de 2003, durante as celebrações do Centenário de Nascimento do Cardeal Arcebispo de Porto Alegre, foi inaugurado em sua cidade natal, Bom Princípio, um largo com o busto de Dom Vicente e o Memorial que é uma réplica da casa onde nasceu em 1903.