Alcântara é um município da região metropolitana de São Luís, no estado do Maranhão, no Brasil. Sua população estimada em 2021 era de 21.126 habitantes e possui uma área de 1457,96 km² quilômetros quadrados.
A cidade é, desde 1948, considerada Patrimônio Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sendo após 2004 considerada como de valor cultural, histórico, artístico, paisagístico, urbano e arqueológico. Alcântara reúne um conjunto arquitetônico e urbanístico que consiste em uma série de igrejas antigas, as ruínas do Forte de Vera Cruz de Itapecuru ( também conhecido como Forte do Calvário ) e uma série de palacetes arruinados que lembram o passado pujante do município, outrora sede da elite agroexportadora do Maranhão[7].
Até 1612, a região era habitada por um aglomerado de aldeias de indígenas tupinambás, sendo a principal delas conhecida pelo nome de Tapuitapera. Quando os franceses que chegaram ao Maranhão, liderados por Daniel de La Touche, estabeleceram relações com essas aldeias, construindo a primeira capela.[8]
Entre 1616 e 1618, com a expulsão dos franceses, os portugueses começaram o processo de ocupação da região. Com a divisão de capitanias naquele território, Tapuitapera se tornou sede da capitania de Cumã.[9] A capitania teve como primeiros donatários o desembargador Antonio Coelho de Carvalho e seu neto Francisco de Albuquerque Coelho de Carvalho[8]
Durante a invasão holandesa de 1641, os portugueses perderam as posses das terras. Com a retomada do território, houve a elevação de Tapuitapera à Vila de Santo Antônio de Alcântara, em 1648, voltando a ter alguma atividade com engenhos de açúcar e produção de algodão. Na vila, foi estabelecida a Câmara, um pelourinho e uma igreja Matriz.[8]
No século XVIII, houve uma política de de reincorporação das capitanias donatárias à Coroa, sendo a capitania de Cumã extinta por carta régia, por volta de 1754.[8] A capitania ocupava a região compreendida entre a foz do rio Mearim, rio Pindaré e o rio Turiaçu.[10]
Posteriormente, Alcântara se tornou o maior centro produtor do Maranhão, chegando a rivalizar com São Luís, no período em que a economia maranhense se baseava no algodão e na mão-de-obra escrava. Em 1836, foi elevada Alcântara foi elevada à categoria de cidade, atingindo seu apogeu econômico. Os filhos dos grandes proprietários eram enviados para estudar na Europa, o que trouxe grande influência europeia para a região.[11]
Na segunda metade do século XIX, ocorre grande decadência econômica na região, com a queda acentuada pela Abolição da Escravatura e o povoamento de outras regiões do Maranhão, entretanto restou como testemunho do período áureo o acervo arquitetônico de valor inconteste, tombado pelo IPHAN em 1948.[12]
O município faz parte do litoral em forma de rias na faixa que corresponde ao golfão maranhense. Seu relevo é formado planícies fluviais e fluvio-marinhas, áreas planas e baixas, com altitudes predominantes entre 5 e 15 metros, recortadas por canais de circulação de águas salobras.[13]
O clima de Alcântara é o tropical úmido, o qual se divide em dois períodos: chuvoso de janeiro a junho e estiagem de julho a dezembro. Sua temperatura media anual é de 27°, com umidade relativa do ar superior a 82% e índice pluviométrico entre 2000 e 2400 milímetros anuais.[14]
As principais bacias hidrográficas são as dos rios Aurá (que deságua na Baía de São Marcos), Peri Açu (que deságua na Baía de Cumã), Salgado e os igarapés do Brito, do Alegre, do Pepital, do Peru, Caiuana, Baiado Grande, Imbuaçu, Itauaú, do Outeiro, do Castelo, Peri-Mirim, da Fontinha, da Esperança, dentre outros.[13]
A vegetação característica da região são os manguezais na faixa litorânea e a mata aberta com babaçu no interior do município.[14]
A vegetação original do município é a Floresta Amazônica, mas em razão do desmatamento, as árvores da floresta são espaçadas e intercaladas por espécies secundárias, de pequeno porte.[13]
Todo o território de Alcântara está inserido na Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses.[14]
Pertencem ao município de Alcântara as ilhas do Cajual, do Livramento, dos Guarás, das Pacas.[14]
A ilha do Cajual é um importante sítio arqueológico do Maranhão. A presença de fósseis de espécies que também viveram na África comprovam que a África e a América do Sul já foram um só continente.[14]
De acordo com o Censo Demográfico de 2010, 57,92% da população do município é católica e 19,44% evangélica.[15]
Em 2010, 70,77% da população vivia na zona rural e 29,28% na zona urbana.
Alcântara é o município com o maior número de comunidades quilombolas do Brasil, com mai de 200 comunidades.[16]
Com o declínio econômico, a queda das exportações e o deslocamento da produção para os vales dos Rios Itapecuru, Mearim e Pindaré, ocorreu o o abandono de terras pelos proprietários das grandes fazendas, e pelas ordens religiosas Ordem do Carmo, dos Jesuítas, das Carmelitas, e dos Mercedários, que também possuíam terras em Alcântara. levando a população negra a promover outras formas de organização e ocupação do território.[16]
O PIB do município ficou, em 2019, em R$ 125.751.640, correspondendo ao 126º maior PIB do estado.[17]
A distribuição setorial do PIB em 2019 ficou: Agropecuária (10,79%), Indústria (5,92%), Serviços- Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social (57,74%) e Serviços- Demais setores (25,54%).[17]
Em Alcântara, há um centro espacial do qual são lançados os veículos lançadores de satélites no âmbito da Missão espacial completa brasileira. É o CLA - Centro de Lançamento de Alcântara. Na América Latina, o CLA é o único concorrente do Centro Espacial de Kourou situado na Guiana Francesa, mas, ao contrário deste, o centro espacial brasileiro não opera lançamentos constantes em razão de atrasos logísticos e tecnológicos.[14]
Um sistema de ferry-boats realiza a Travessia São Luís-Alcântara, cruzando a Baía de São Marcos, ligando a cidade de São Luís até o porto de Cujupe, em Alcântara, e encurtando a distância entre a capital e a Baixada Maranhense, transportando mais de 1,8 milhão de passageiros por ano.[18]
Também é possível fazer a travessia em barcos menores e catamarãs, através do Cais da Praia Grande, na Rampa Campos Melo, no Centro de São Luís (próximo ao Palácio dos Leões), até o Porto de Jacaré–Terminal Hidroviário de Alcântara, em viagens em torno de 1 hora e 20 minutos, com partida conforme a variação da maré.[19]
O acesso ao município se dá pela MA-106.[14]
Há um campus do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) em Alcântara.[14]
A rede de ensino municipal é dotada de 60 escolas e a rede estadual é composta por duas escolas.[14]
A principal unidade de saúde é o Hospital Municipal Dr. Neto Guterres, além de unidades de saúde da família e postos de saúde.[14]
O Poder Legislativo de Alcântara é exercido pela Câmara Municipal, composta de 11 vereadores.[21]
O Poder Executivo é exercido pela Prefeitura de Alcântara, e é representado pelo prefeito, vice-prefeito e secretários municipais.[22]
O munícipio é faz parte da Comarca de Alcântara, além de contar representantes do Ministério Público do Maranhão e da Defensoria Pública do Estado.[23]
Escolhida como Patrimônio Histórico Cultural Nacional, a cidade representa uma das principais riquezas culturais do estado. Apesar da decadência econômica do município a partir do final do século XIX, foi conservada parte de sua arquitetura colonial representada pelos inúmeros sobradões, casas mais baixas, igrejas, ruas estreitas e tortuosas e, principalmente, pelas inúmeras ruínas que demonstram o que foi essa cidade, o que possibilita aos visitantes transportarem-se para uma época distante.[14]
Entre as principais construções da cidade estãoː a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a igreja e as ruínas do Convento do Carmo, ruínas da Matriz de São Matias, a Ladeira do Jacaré (feita em pedras), a capela de Nossa Senhora do Desterro (atual Igreja de São José), a Fonte de Pedra (edificada pelos franceses), o Museu Casa Histórica de Alcântara, o Museu Histórico de Alcântara, ruínas do Forte de São Sebastião, Casa de Câmara e Cadeia, a Casa do Divino, o Solar Cavalo de Troia (o mais alto da cidade), dentre outros.[24]
A Festa do Divino Espírito Santo é realizada no mês de maio ou junho, terminando no Domingo de Pentecostes, sendo que desde o Sábado de Aleluia, os festeiros começam a se preparar para o grande dia em que o imperador recepciona seus convidados com um almoço e farta mesa de doce. A cidade também é muito conhecida pelos seus doces de espécie.[25]