O acidente do helicóptero Bell 206B prefixo PT-HPG em 2019 relaciona o fato ocorrido no dia 11 de fevereiro de 2019, quando um helicóptero despencou-se no vão central das pistas do Rodoanel Mário Covas que passam sobre a Rodovia Anhanguera, na zona noroeste da cidade de São Paulo, próximo ao distrito de Perus. Na sequência, a aeronave colidiu com um caminhão e em seguida caiu na pista da rodovia.
O acidente, ocorrido por volta de 12h15min, no horário de Brasília, acabou por vitimar fatalmente os dois ocupantes: o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quatrucci. O motorista do caminhão sofreu ferimentos leves.[1][2] O jornalista e o piloto foram declarados mortos no local.[3][4] O helicóptero foi de propriedade da RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda.[5]
Aeronave
A aeronave foi fabricada pela Bell Aircraft Corporation, modelo 206B, em 1975 e possuía prefixo PT-HPG.[1][6] Ela era propriedade da empresa RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda.[4] O piloto que estava no helicóptero, Ronaldo Quattrucci, era um dos proprietários da empresa dona da aeronave.[5]
Acidente
O jornalista Ricardo Boechat, da Rede Bandeirantes, estava a caminho da sede da emissora em São Paulo após participar de um evento da empresa farmacêutica Libbs na cidade de Campinas, que se localiza a cerca de 100 km do destino do voo.[1][5] Testemunhas informaram que na altura do km 7 do Rodoanel, na Rodovia Anhanguera, o helicóptero, que estava voando em baixa altitude, tentou fazer um pouso de emergência em uma das alças da rodovia, vindo a colidir com um caminhão que transitava na mesma, caindo na pista e se incendiando.[1][3][5][6][7][8]
Uma mulher que estava passando no local do acidente no momento, Leiliane Rafael da Silva, disse que viu uma pessoa pulando da aeronave e que em seguida esta pessoa foi atingida pelo helicóptero, que veio a explodir, e mesmo assim chegou a pedir ajuda.[8]
Investigação
Segundo informações preliminares da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que abriu procedimento investigativo, o helicóptero encontrava-se regular e com certificado de voo valido até maio de 2023.[3][5] No entanto, a RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda., empresa proprietária do veículo, não era autorizada a prestar serviços de táxi aéreo, mas serviços aéreos especializados como aerofotografia, aerorreportagem e aerofilmagem.[9] Em 2011, a RQ havia pago multa em 8 mil reais por oferecer serviço de voos panorâmicos sem a certificação de táxi aéreo.[10] A RQ havia sido contratada pela Zum Brazil, empresa de realização de eventos que, por sua vez, prestava serviços à farmacêutica Libbs, que promovia sua convenção anual de vendas.[9]
O CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) designou para conduzir a investigação uma equipe do Seripa 4º (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), com a cooperação da Polícia Técnica Científica de São Paulo.[1][6][7]
Relatório final
Em 29 de outubro de 2020, o CENIPA apresentou o relatório final. Segundo as investigações, a inobservância de vários procedimentos de manutenção, além da operação inadequada dos comandos da aeronave durante a manobra de autorrotação, causaram o acidente.[11][12]
Repercussão
O Grupo Bandeirantes de Comunicação emitiu nota de pesar após a confirmação da morte de Boechat. Assim como todos os veículos do grupo, a notícia foi lida com extrema comoção. O apresentador do Brasil Urgente, José Luiz Datena deixou o jornal sem se despedir completamente abalado. No Jornal da Band, o encerramento contou com a bancada vazia e uma sessão de aplausos e gritos de funcionários da redação das emissoras de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, além de um minuto de silêncio após a exibição das homenagens. Na rádio BandNews FM, as transmissões foram suspensas por alguns minutos devido à emoção dos funcionários rodando apenas a vinheta em loop, Na Rede Bandeirantes a programação para o horário foi suspensa para acompanhar a cobertura do fato.[13][14][15][16]
Um grupo de taxistas prestou homenagens a Boechat com carreata e buzinaço nas ruas de São Paulo. Em seguida pararam em frente à sede do Grupo Bandeirantes manifestando aplausos ao jornalista e aos funcionários do grupo.[17]
O presidente da república Jair Bolsonaro divulgou nota nas redes sociais tanto para Ricardo Boechat como para o piloto Ronaldo Quatrucci, além de se declarar admirador do jornalista mesmo que tenha feito críticas ao seu governo. Além de Bolsonaro, também lamentaram a morte do jornalista e do piloto, o Vice-presidente da república General Mourão, o Governador de São Paulo, João Doria e o Governador de Minas Gerais, Romeu Zema. O Palácio do Planalto também divulgou nota oficial.[18][19]
A imprensa internacional como a BBC destacou o acidente na página principal de notícias e lembrou Boechat como um dos jornalistas mais nobres e respeitados do país, e que a morte é um momento triste para o jornalismo brasileiro. O jornal português Correio da Manhã trouxe Boechat como "estrela do jornalismo brasileiro".[22][23] O jornal espanhol El País deu destaque à morte de Ricardo Boechat.[24]
Nas redes sociais, vários seguidores do pastor evangélico Silas Malafaia (com quem Boechat tinha divergências, tendo trocado ofensas) comemoraram a morte de Ricardo Boechat, afirmando que o jornalista "havia pago com a vida pelas ofensas que dirigiu a Malafaia". Este, no entanto, desaprovou aquelas postagens, afirmando que "o Deus ao qual serve 'não é vingativo'. Ele [Deus] pode até discordar do que Ricardo dizia, mas é inegável que ele era um grande jornalista".[25]