Ângelo Antônio Carneiro Lopes (Curvelo, 4 de junho de 1964) é um ator brasileiro. Conhecido por seus papéis de carga dramática na televisão e no cinema, seu primeiro trabalho de maior repercussão foi como Alcides na telenovela Pantanal em 1990. Ele foi laureado ao longo de sua carreira de quatro décadas com várias premiações importantes, incluindo um Grande Otelo, dois Prêmios APCA e dois Prêmios Qualidade Brasil, além de ter recebido indicações para um Prêmio Guarani e dois Prêmios Shell.
Ângelo iniciou sua carreia no teatro em 1986 no espetáculo Aurora da Minha Vida. No entanto, foi na televisão que ele adquiriu maior destaque nacional. Seu primeiro trabalho foi na pele do peão vingativo Alcides em Pantanal, da Rede Manchete, papel que lhe rendeu o Prêmio APCA de Melhor Revelação Masculina.[1] Em seguida, foi contratado pela TV Globo, onde desempenhou papéis importantes em diversas produções, como Beija Flor em O Dono do Mundo (1991), Adelmo em Suave Veneno (1999), Edmundo em O Cravo e a Rosa (2000) e Dr. Eduardo em Alma Gêmea (2005).[2]
No teatro, seus trabalhos mais famosos foram nas montagens A Cerimônia do Adeus e O Despertar da Primavera, ambas em 1988, Tâmen - A Inconfidência (1989), Não Flor, Nem Fera (1992) A Lista de Alice (1998), pela qual foi nomeado ao Prêmio Shell de Melhor Ator, A Prova (2002) e O Continente Negro (2007), trabalho esse que lhe rendeu sua segunda indicação ao Prêmio Shell de Melhor Ator.
Biografia
Ângelo se mudou para São Paulo em 1984[3]onde começou a estudar teatro no CPT - Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho. Logo após entrou na EAD - Escola de Arte Dramática - da USP, onde, com Gabriel Villela, realizou a sua primeira peça teatral chamada Aurora da Minha Vida em 1986.[4] Dois anos e meio depois, recebeu um convite de Ulysses Cruz para participar do grupo Boi Voador, realizando obras como Despertar da Primavera. Depois veio A Cerimônia do Adeus de Ulysses Cruz, obra vencedora do Prêmio APCA. Em 1989 destaca-se em Tamen - A Inconfidência de Paulo Afonso Grisolli, onde interpreta vários personagens, sendo classificado pela crítica carioca, como um ator moderno, com um timbre absolutamente novo no palco.[3] Seguiram-se Não Flor Nem Fera de Angela Barros, A Lista de Alice de Elias Andreato; monólogo indicado ao Prêmio Shell, A Prova e O Continente Negro, ambos de Aderbal Freire Filho, neste último o ator interpretou vários personagens,[4] espetáculo elogiado pela crítica teatral Barbara Heliodora,[5] e pelo qual o ator concorreu ao Prêmio Shell e Prêmio Contigo! de teatro.[6][7]
Em 1990 integra o elenco da novela Pantanal na extinta Rede Manchete, que lhe valeu o prêmio de revelação masculina da TV pela APCA. No ano seguinte, ainda na TV Manchete, faz a minissérie O Farol. Em 1991 o ator chegou a gravar ao mesmo tempo, duas produções por emissoras diferentes, a Manchete e a Globo. Enquanto terminava a sua participação na minissérie O Farol, já participava das primeiras gravações de O Dono do Mundo da Rede Globo.[8] Em O Dono do Mundo dá vida ao personagem Beija-Flor, um de seus principais trabalhos na televisão. Participa ainda de alguns episódios do programa interativo Você Decide até 1993.
Em 1992 participou de uma causa dos posseiros de terra em Redenção, no Amazonas.[9] Ainda em 1992, participou no mês de abril, da encenação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, onde ele deu vida a um apóstolo.[10]
Em 1994 retornou à Rede Manchete, onde participou de 74.5: Uma Onda no Ar. Ainda em 1994 gravou Sombras de Julho, uma coprodução da TV Cultura com o Banco Nacional exibido em formato de minissérie pela própria TV Cultura em quatro capítulos em janeiro de 1995. Em 1996 a produção foi transformada em longa-metragem e lançada no cinema.[11][12]
Entre 1997 e 1998 se apresentou no teatro no monólogo "A Lista de Alice", baseado no romance do sociólogo Betinho. A sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell de melhor ator.[13]
Em 1999, depois de oito anos, participou novamente de uma novela das oito; Suave Veneno, na qual interpretou um ex-presidiário que acaba por se envolver com a principal vilã da telenovela, protagonizando cenas ardentes com Letícia Spiller. Na trama, o personagem Maria Regina nutre uma paixão obsessiva por Adelmo.[14]
Durante a década de 1990 participou da "Ação da Cidadania" do sociólogo Betinho que promovia as campanhas "Natal sem Fome" e "Fome de Bola", neste último, artistas disputavam partidas de futebol com o intuito de arrecadar alimentos para os necessitados.[15][16]
No cinema, participou de filmes como Bela Donna (1998) e O Tronco (1999). Em 2005, se destacou ao interpretar o pai de Zezé Di Camargo e Luciano em 2 Filhos de Francisco, recebendo o prêmio de melhor ator, pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e da Academia Brasileira de Cinema. Em 2010, voltou a se destacar no filme Chico Xavier, onde interpreta o personagem título em sua fase jovem.
Em 2011 gravou Entre Vales, lançado em circuito comercial em 2014, filme independente no qual interpretou o principal personagem. Participou de Deserto Azul, filme independente de ficção científica dirigido por Éder Santos. Ainda no cinema, participou de Encantados, filme de Tizuka Yamazaki, lançado no circuito de festivais em 2014.
Entre 2013 e 2015 participou das produções da TV Globo Joia Rara, onde interpretou um monge, e raspou o cabelo para compor o personagem. A minissérieA Teia, na qual atuou ao lado de João Miguel em um suspense policial. Em 2015, como Vicente, fez par romântico com Débora Bloch e Eline Porto na novela das seis, Sete Vidas.[17][18]
Em 2015, em uma nova versão da Escolinha do Professor Raimundo, produzida pelo Canal Viva, Ângelo Antônio encarnou o personagem Joselino Barbacena, interpretado na década de 1990 por Antônio Carlos Pires.[19] Já no cinema, participou do filme A Floresta Que Se Move de Vicente Coimbra, lançado em novembro de 2015,[20] pelo qual obteve sua quarta indicação ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria melhor ator coadjuvante.[21]
Deu vida a um motorista de ônibus na minissérie Justiça que estreou em agosto de 2016, onde fez par romântico com Adriana Esteves.[23]
Em 2017 participou de Malhação: Viva a Diferença, fazendo par romântico com Malu Galli pela segunda vez em telenovelas da TV Globo. Em 2011 ambos viveram um casal em A Vida da Gente.[24][25] Ainda em 2017, integrou o elenco do filme Entre Irmãs, que em janeiro de 2018 foi exibido em formato de minissérie pela TV Globo.[26]
Foi casado com a atriz Letícia Sabatella. Os dois se conheceram nas gravações da telenovela O Dono do Mundo em 1991 e se casaram no mesmo ano.[28] Em janeiro de 1993, fruto deste casamento, nasce prematuramente Clara, aos cinco meses e fica internada por três meses na UTI do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte.[29] O casal separou-se em 2003. Posteriormente, o ator relacionou-se com as atrizes Vitória Frate,[30]Juliana Didone[31] e Andreia Horta.[32]