Óleo de gergelim

Frasco com óleo de gergelim.

Óleo de gergelim (português brasileiro) ou sésamo (português europeu) é um óleo vegetal comestível derivado de sementes de gergelim. Além de ser usado como óleo de cozinha no sul da Índia, é usado como intensificador de sabor em cozinhas do Oriente Médio, África e Sudeste Asiático. Tem um aroma e sabor de nozes distintos.[1]

Composição

O óleo de gergelim é rico em ácidos graxos insaturados e apresenta vários constituintes secundários que são importantíssimos na definição de suas qualidades. Entre os constituintes menores do óleo de gergelim, encontram-se o sesamol, a sesamina e a sesamolina.[2]

Os principais ácidos graxos encontrados são: ácido linoleico (41% do total), ácido oleico (39%), ácido palmítico (8%) e ácido esteárico (5%). [3]

A composição do óleo de gergelim pode ser influenciada pela disponibilidade hídrica, durante o estágio de desenvolvimento das plantas.[4]

História

Sementes de gergelim foram uma das primeiras culturas processadas para a produção de óleo, bem como um dos primeiros condimentos. O gergelim foi cultivado durante a Civilização do Vale do Indo e foi a principal cultura de óleo. Foi provavelmente exportado para a Mesopotâmia por volta de 2500 aC.[5] Nos últimos 6000 anos, o óleo de gergelim foi incorporado em vários alimentos.[6] Porém, o uso desse óleo não foi limitado apenas para a alimentação. Entre os séculos VI a VIII d.C, era comum a sua utilização como combustível para abastecer lâmpadas em Xinjiang (China), durante a dinastia Tang.[7]

Compostos bioativos

O óleo de gergelim apresenta uma estabilidade relativamente superior do que outros óleos vegetais, mesmo tendo elevado teor de ácidos graxos insaturados e baixa quantidade de ácidos graxos livres na forma aromatizada não refinada. Esse fato se dá devido às suas lignanas e tocoferóis inerentes e aos produtos de reação de escurecimento que são gerados durante a torragem das sementes de gergelim. Ademais, há um efeito sinérgico entre esses componentes que[8] causa um efeito anti-envelhecimento e reduz o colesterol no sangue, em virtude da aceleração da decomposição do álcool no fígado, e atividade antihipertensiva e anticarcinogênica.[4] As lignanas do óleo de gergelim podem ser divididas em dois tipos:

● Lignanas inerentes (sesamina, sesamolina)

● Lignanas formadas principalmente durante o processo de produção do óleo (sesamol, por exemplo).

As propriedades antioxidantes do sesamol conferem ao óleo uma elevada estabilidade química evitando a rancificação, sendo entre os demais óleos de origem vegetal, o que apresenta a maior resistência à oxidação.[8]

Usos

O óleo de gergelim pode ser utilizado na produção de novos produtos para enriquecê-los nutricionalmente ou pode ser adicionado em produtos que contêm baixo teor de compostos bioativos, assim, aumentando os efeitos benéficos à saúde.[9] Essa função do óleo de gergelim está crescendo nos últimos anos, devido à tendência global de redução de usos de aditivos sintéticos. Um exemplo seria a adição de óleo de gergelim à margarina e aos óleos de salada e fritura graças à sua elevada estabilidade oxidativa.[2]

O óleo de gergelim também pode ser utilizado como ativador de certas substâncias inseticidas, como a rotenona e a piretrina, que tem seus efeitos tóxicos aumentados em presença do óleo de gergelim. Esta propriedade é exclusiva do óleo de gergelim, e é atribuída, principalmente, à sesamina.[2]

Ver também

Referências

  1. Goldberg, Sharon (1995). «Sesame Oil, a featured ingredient». Flavor & Fortune 
  2. a b c QUEIROZ, M. A. de; GOEDERT, C. O.; RAMOS, S. R. R.; Manoel Abílio de Queiroz, CPATSA; Clara Oliveira Goedert (1999). Recursos genéticos e melhoramento de plantas para o Nordeste brasileiro. [S.l.]: Petrolina: Embrapa Semi-Arido; Brasilia, DF: Embrapa Recursos Geneticos e Biotecnologia, 1999. 
  3. «Oil, sesame, salad or cooking Nutrition Facts & Calories». nutritiondata.self.com. Consultado em 19 de julho de 2022 
  4. a b Antoniassi, Rosemar; Arriel, Nair Helena Castro; Gonçalves, Elisabeth Borges; Freitas, Sidinéa Cordeiro de; Zanotto, Dirceu Luís; Bizzo, Humberto Ribeiro (junho de 2013). «Influência das condições de cultivo na composição da semente e do óleo de gergelim». Revista Ceres: 301–310. ISSN 0034-737X. doi:10.1590/S0034-737X2013000300001. Consultado em 19 de julho de 2022 
  5. Bedigian, Dorothea (1 de setembro de 2004). «History and lore of sesame in Southwest Asia». Economic Botany (em inglês) (3): 329–353. ISSN 1874-9364. doi:10.1663/0013-0001(2004)058[0329:AR]2.0.CO;2. Consultado em 19 de julho de 2022 
  6. Lin, Tzu-Kai; Zhong, Lily; Santiago, Juan Luis (janeiro de 2018). «Anti-Inflammatory and Skin Barrier Repair Effects of Topical Application of Some Plant Oils». International Journal of Molecular Sciences (em inglês) (1). 70 páginas. ISSN 1422-0067. PMC PMC5796020Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 29280987. doi:10.3390/ijms19010070. Consultado em 19 de julho de 2022 
  7. Shevchenko, Anna; Yang, Yimin; Knaust, Andrea; Verbavatz, Jean-Marc; Mai, Huijuan; Wang, Bo; Wang, Changsui; Shevchenko, Andrej (24 de fev de 2017). «Open sesame: Identification of sesame oil and oil soot ink in organic deposits of Tang Dynasty lamps from Astana necropolis in China». PLOS ONE (em inglês) (2): e0158636. ISSN 1932-6203. PMC PMC5325208Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 28234998. doi:10.1371/journal.pone.0158636. Consultado em 19 de julho de 2022 
  8. a b Wan, Yin; Li, Huixiao; Fu, Guiming; Chen, Xueyang; Chen, Feng; Xie, Mingyong (outubro de 2015). «The relationship of antioxidant components and antioxidant activity of sesame seed oil: Antioxidant components and activity of sesame seed oil». Journal of the Science of Food and Agriculture (em inglês) (13): 2571–2578. doi:10.1002/jsfa.7035. Consultado em 19 de julho de 2022 
  9. Clara, Maria Paula Fortuna; Veronezi, Carolina Médici; Jorge, Neuza (15 de maio de 2020). «Evaluation of Quality of Chia (Salvia hispanica), Sesame (Sesamum indicum), and Quinoa (Chenopodium quinoa) Oils». Brazilian Archives of Biology and Technology (em inglês). ISSN 1516-8913. doi:10.1590/1678-4324-2020190351. Consultado em 19 de julho de 2022 

Ligações externas

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