Nota: Se procura outras cantigas com o mesmo nome, veja Ó meu Menino.
"Ó meu Menino" ou "Deus Menino de Pias" é um cantede Natalportuguês originário da freguesia de Pias no concelho de Serpa. Existe também uma outra versão, muito semelhante, da freguesia próxima de São Matias no concelho de Beja.[1]
História
Este cante apresenta características da música do período Barroco[2] e a sua letra parece confirmar esta datação uma vez que inclui a trova "Ó meu Menino, ó Meu Redentor, / Meu doce Jesus, salvai-nos, Senhor!" que faz também parte de uma "Novena ao Menino Jesus" em Porto Moniz, tradição católica que remonta aos séculos XVIII e XIX.[3]
Em 1940 o etnógrafo alentejano Joaquim Baptista Roque publicou a versão de São Matias, que o próprio recolheu, na sua obra Alentejo Cem por Cento.[4] Contudo, é a versão de Pias que tem gozado de grande popularidade e alguma internacionalização.[5][6] Este facto deve-se principalmente ao trabalho de harmonização do compositor português Eurico Carrapatoso que adaptou a canção para duas das suas obras:
Terceiro andamento de "Natal Profano" para coro a cappella em 1997.[7]
Oitavo andamento (e tema unificador) de "Magnificat em Talha Dourada" para coro, solista e orquestra em 1998.[2]
Letra
O tema da letra de "Ó meu Menino" é a súplica dos fiéis pela misericórdia do Menino Jesus que é, ao mesmo tempo, um pobre menino nascido numa gruta entre animais e o Salvador do Mundo.
Menino de Pias
Menino de S. Matias
Estribilho/Responsório:
Estribilho/Responsório:
Ponde em nós os Vossos olhos, Misericórdia, amor!
Vossos olhos, De misericórdia, amor!
Coplas/Versos:
Coplas/Versos:
Ó meu Menino, Meu doce Jesus, Ó meu Redentor, Salvai-me, Senhor!
Meu Menino, Meu doce Jesus, Ó meu Redentor, Salvai-nos, Senhor!
Pobre em Belém, Sorrindo na dor, Quem tudo sustém, Do mundo Senhor.
Ditosa Belém Que o mundo abrigais Dizei à Mãe Santa: "Bendita sejais!"
Senhor da Vida, Que pobre que estais, Na gruta despida, Por entre animais.
Cravos de amor, Cravados na cruz; As almas Vos clamam: "Salvai-nos, Jesus!"[1]
Vede, pastores, O vosso Cordeiro, Olhai pecadores, O Deus verdadeiro.[1]
Música
A cantiga é interpretada em alternância de acordo com os cânones do Cante Alentejano: um solista (o "ponto") canta as quadras e, de seguida, responde todo o coro com o estribilho. Da conjugação da melodia com essa forma tradicional de interpretação, resulta uma composição descrita por alguns autores como nostálgica e solene.[6]
↑ abcJosé Rabaça Gaspar (2012). «Cante ao Menino - Pias». O Canto do Cante. Consultado em 18 de setembro de 2015
↑ abPaula de Castro; Miguel Azguime, et al. «Magnificat em Talha Dourada». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 18 de setembro de 2015A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)
↑Paula de Castro; Miguel Azguime, et al. «Natal Profano». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 18 de setembro de 2015A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)
↑Padre António Marvão (1997). Estudos sobre o Cante Alentejano. Col: Música Tradicional. [S.l.]: Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores (INATEL). ISBN972-9208-03-4. Consultado em 26 de julho de 2012