Xélias

 Nota: Este artigo é sobre a etnia. Para outros significados, veja Língua xélia.
Xélias
Achelḥi
Xélia do Antiatlas fotografada em meados do século XX
População total

c. 8,5 milhões[1]

Regiões com população significativa
 Marrocos 2 a 3,5 milhões [2][3][4]
 França 500 000 [5]
 Argélia 6 800 [6]
Línguas
xélia
Religiões
Islão sunita
Etnia
Berberes

Os chleuhs, shleuh, shilha, shluh ou, em português, xélias[7] (em berbere: achelḥi [ašəlḥi]; plural ichelḥiyen [išəlḥiyn])[a] são uma etnia berbere do sudoeste de Marrocos,[8][9] que habitam nas montanhas no Alto Atlas, Antiatlas e no vale do Suz e para sul até Guelmim, a chamada "Porta do Sara". A sua língua nativa é o xélia (tachelhit), uma das principais línguas berberes marroquinas,[b] a qual tem várias variantes regionais.[a]

No início do século XXI estimava-se a população xélia em aproximadamente 8,5 milhões (8 milhões em Marrocos e 400 000 em França, onde representam metade da comunidade imigrante marroquina).[1] Os povos indígenas da costa central de Marrocos, mencionadas pelos primeiros exploradores fenícios podem ter sido xélias. Hanão, o explorador cartaginês de meados do 1,º milénio a.C. descreveu os métodos usados pelos cartagineses para comerciarem pacificamente os povos nativos da área de Mogador.[10]

Designação

Na sua obra Le Maroc inconnu ("O Marrocos desconhecido"), o missionário e antropólogo francês Auguste Mouliéras (1855 1931), o nome da etnia provém do berbere acluḥ (plural icelḥin), que significa "esteira de junco, de esparto ou de palmeira", o material com que faziam as suas tendas.[8][11][b]

O termo foi também usado durante a Segunda Guerra Mundial para designar pejorativamente os alemães,[8][12] ou seja, como sinónimo de "boche". O humorista e resistente Pierre Dac compôs uma canção intitulada J'vais m'faire Chleuh ("vou fazer-me xélia"). A origem desta associação remonta à criação do Protetorado Francês em Marrocos em 1912, face à rivalidade da Alemanha, que também cobiçava o controlo do país. Pierre Dac retomou o uso do termo pelos militares franceses, que enfrentaram uma forte resistência dos combatentes marroquinos, cuja pacificação só foi concluída em 1934.[b]

Notas

  1. a b Trechos baseados no artigo «Shilha people» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
  2. a b c Trechos baseados no artigo «Chleuhs» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).

Referências

  1. a b «Le tachelhit ou chleuh (Maroc)» (em francês). INALCO. Centre de Recherche Berbere. www.centrederechercheberbere.fr. Consultado em 6 de agosto de 2015 
  2. Phillips, David J. (2001), Peoples on the Move: Introducing the Nomads of the World, ISBN 978-0-87808-352-7 (em inglês), William Carey Library 
  3. Dawson, Allan Charles (2009), Shrines in Africa: History, Politics, and Society, ISBN 978-1-55238-246-2 (em inglês), University of Calgary Press 
  4. «RGPH 2014». rgphentableaux.hcp.ma. Consultado em 31 de maio de 2022 
  5. «Rapport du Comité consultatif pour la promotion des langues régionales et de la pluralité linguistique interne (2013)». www.culture.gouv.fr (em francês). Consultado em 31 de maio de 2022 
  6. Project, Joshua. «Berber, Southern Shilha in Algeria». joshuaproject.net (em inglês). Consultado em 27 de maio de 2024 
  7. Correia, Paulo (2023). «Berberes — geografia e línguas» (PDF). A folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (73 — outono de 2023). pp. 10–19. ISSN 1830-7809 
  8. a b c «Chleu(h),(chleu, chleuh), adj.» (em francês). Centre National de Ressources Textuelles. Lexicographie. www.cnrtl.fr. Consultado em 6 de agosto de 2015 
  9. «Ishelhiyen» (em inglês). Encyclopædia Britannica. www.britannica.com. Consultado em 6 de agosto de 2015 
  10. Hogan, C. Michael. «Mogador - Promontory Fort / Cliff Castle in Morocco» (em inglês). www.megalithic.co.uk. Consultado em 6 de agosto de 2015 
  11. Fottorino & Martel 2012, p. 57.
  12. «Chleu(h),(chleu, chleuh), adj.» (em francês). Centre National de Ressources Textuelles. Etymologie. www.cnrtl.fr. Consultado em 6 de agosto de 2015 

Bibliografia

  • Adam, André (1951), La Maison et le village dans quelques tribus de l'Anti-Atlas : contribution à l'étude de l'habitation chez les Berbères sédentaires du groupe chleuh (em francês), Paris: Larose 
  • Agrour, Rachid (abril de 2012), «Contribution à l'étude d'un mot voyageur : Chleuh», ISBN 9782713223501, Éditions de l’EHESS, Cahiers d'études africaines, ISSN 0008-0055 (em francês) (208): 767-811, consultado em 6 de agosto de 2015 
  • Boussard, Amédée (1935), Tag honja la chleuh (histoire vécue) (em francês), Paris: Baudinière 
  • Chottin, Alexis; Ricard, Prosper (1933), Musique et danses berbères du pays Chleuh : études et notations musicales et chorégraphiques (em francês), Paris: Heugel 
  • Euloge, René (1951), Silhouettes du pays Chleuh (em francês), Marraquexe: Éditions de la Tighermt 
  • Fottorino, Éric; Martel, Olivier (fotog.) (2012), Berbères, ISBN 978-2-84876-229-6 (em francês), Paris: Philippe Rey, OCLC 816607995, consultado em 6 de agosto de 2015 
  • Hira, Lahsen (1983), Parenté et mariage chez les Chleuh (Berbères marocains du Haut-Atlas occidental). Cas d'Idaw-Mhamud. Tese de doutoramento. (em francês), Universidade de Toulouse 2 
  • Justinard, Léopold-Victor, «Poèmes chleuh recueillis au Sous», Paris: E. Leroux, La Revue du monde musulman (em francês), LX: 63-112 
  • Laoust, Émile (1949–1950), Contes berbères du Maroc : textes berbères du groupe Beraber-Chleuh (Maroc central, Haut et Anti-Atlas) (em francês), Paris: Larose 
  • «Avec les berbères du Maroc», National Geographic (em francês) (64), janeiro de 2005 
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