Tornou-se o primeiro de sua discografia a ser gravado, principalmente, no Polar Studios, em Estocolmo, e o único a incluir uma gravação de estúdio feita fora da Suécia: a faixa de apoio instrumental de "Voulez Vous" foi parcialmente gravada no Criteria Studios, em Miami, Flórida, nos Estados Unidos.
O lançamento no formato CD ocorreu em 1984. Desde então, foi remasterizado digitalmente e reeditado quatro vezes; primeiro em 1997, depois em 2001 e em 2005 como parte da caixa The Complete Studio Recordings, e novamente em 2010 para a versão deluxe, que incluía faixas bônus e um DVD com videoclipes, entrevistas e apresentações.
Comercialmente, liderou as paradas em vários países e ficou entre os cinco álbuns mais vendidos do ano na Grã-Bretanha.
Antecedentes e produção
No início de 1978, o ABBA estava no auge de seu sucesso e acabara de finalizar a promoção de The Album e seu equivalente cinematográfico, ABBA: The Movie.[1] Os pensamentos voltaram-se para o que seria o sucessor, que planejavam lançar a tempo do Natal.[1] As sessões, no entanto, estavam passando por dificuldades, depois de iniciarem-se em 13 de março de 1978, com a faixa inédita "Dr Claus von Hamlet", várias composições e demos haviam sido rejeitadas.[1] De fato, depois de seis meses, apenas duas músicas acabariam no álbum finalizado: "The King Has Lost His Crown" e "Lovers (Live a Little Longer)") que foram concluídas nesse período.[1]
Nessa época, o grupo acabara de abrir o seu próprio estúdio de gravação, o Polar Studios, em Estocolmo, que estava entre os mais modernos do mundo, e seria onde gravariam todos os seus discos.[1] Duas músicas foram gravadas: "Lovelight" e "Dream World".[1] No entanto, nenhuma delas entraria para a lista de faixas final, a primeira seria usada como lado B do single "Chiquitita", enquanto "Dream World" permaneceria inédita até 1994, quando a caixa com 4 CDs, Thank You For The Music, chegou as lojas.[2][3] Outras faixas começaram, mas posteriormente foram descartadas, incluindo "Just a Notion", que mais tarde foi incluída em Voyage, de 2021.[4]
Em setembro de 1978, o ABBA já estava ausente das paradas de sucessos por alguns meses, e nesse contexto, uma música das sessões de gravação, "Summer Night City", foi lançada como single.[5] Insatisfeitos por ter sido lançada sem estar finalizada, os membros Benny Andersson e Björn Ulvaeus lamentaram sua performance nas tabelas, quando ela atingiu um pico mais baixo do que os antecessores.[5] A música não teve lançamento nos Estados Unidos,[5] e no Reino Unido, que eles consideravam seu mercado mais importante, findou uma sequência de sucessos na primeira colocação, ao atingir apenas o pico de número cinco - seu menor em três anos.[5] Uma versão finalizada, no entanto, ainda estava planejada para o próximo álbum, mas nunca foi concebida.[5]
As tensões cresciam dentro do grupo devido à baixa produtividade do período, como comentou a integrante Agnetha Fältskog: "Eu posso dizer pelo olhar nos olhos de Björn, quando ele chega em casa, como foi o dia de trabalho. Muitas vezes os meninos ficam trabalhando por dez horas sem conseguir criar uma única nota".[1] Em entrevista, Andersson revelou: "As perspectivas não são boas. Está pior do que nunca... Não temos ideia de quando terminaremos".[1] Tornou-se óbvio que não seria concluído até o final do ano e o prazo foi estendido para 1979.[1] No final de 1978,possíveis brigas internas tornaram-se amplamente conhecidas, quando foi anunciado que o casal Ulvaeus e Faltskog iria se divorciar.[1] Em vez de significar o fim do grupo, no entanto, isso aliviou muitas das tensões entre os dois e, no final de 1978, o trabalho de repente decolou.[1]
Em outubro, duas faixas foram concluídas: "Angeleyes" e "If It Wasn't for the Nights". Embora vista como um arquétipo das canções do ABBA, a primeira delas foi considerada datada por Andersson, que a definiu como "uma volta aos anos sessenta".[1] A segunda, no entanto, apresentava uma vibe totalmente contemporânea, sendo bastante orientada para a música disco e considerada a mais forte que havia sido gravada.[1] A intenção era não apenas ser o próximo single, mas também a que apresentariam no Music for UNICEF Concert, em janeiro de 1979.[1] Esse plano foi alterado quando uma música ainda melhor surgiu em dezembro.[1] Com o título original de "In the Arms of Rosalita", "Chiquitita" foi a escolhida pela banda.[1] Embora um pouco mais schlager em estilo, Andersson a considerou como a melhor de suas novas músicas, apesar da sensação de que estava muito fora de moda, ao compará-la com as canções dos demais artistas que apresentavam-se naquela noite.[1] "Foi muito estranho, mas sentimos que era a melhor música que tínhamos e é por isso que a escolhemos, por mais errada que possa ter sido", disse ele.[1] No início de 1979, "Chiquitita" tornou-se um dos maiores sucessos do ABBA em todo o mundo, alcançando o primeiro lugar em muitos países, perdendo o topo apenas por "Heart of Glass", do Blondie, no Reino Unido.[6]
No final de janeiro, Andersson e Ulvaeus deixaram a Suécia e alugaram um apartamento nas Bahamas, onde sentiram que poderiam se inspirar ouvindo música americana e experimentando uma vibração totalmente diferente da conservadora Estocolmo.[1] Duas músicas surgiram dessa época; "Voulez-Vous" e "Kisses of Fire".[1] Animados com a primeira, eles foram ao Criteria Studios, em Miami, para gravar a faixa de apoio com a banda disco Foxy - a única vez que gravaram uma música fora da Suécia.[7] Ao retornar à Suécia, outra faixa, "Does Your Mother Know", foi gravada - uma música que seria o próximo single, e também o único lançamento mainstream a apresentar Ulvaeus nos vocais.[8] O single não se tornaria um sucesso mundial como "Chiquitita", mas foi o lançamento de maior sucesso do álbum nos EUA.[8]
No final de março, as duas últimas faixas foram finalizadas; "As Good as New" e "I Have a Dream" (este último apresentando um coral infantil local da Escola Internacional de Estocolmo).[9][10]
Lançamento
No final de abril, Voulez-Vous, estava finalmente pronto para lançamento e para enfatizar a mudança para um som disco, a foto da capa foi tirada na discotecaAlexandra's Disco, em Estocolmo.[11] O lançamento ocorreu em 23 de abril de 1979 e, nos meses seguintes, o ABBA lançou vários outros singles para promovê-lo.[1] A faixa-título foi lançada como um lado A duplo com "Angeleyes", enquanto "I Have a Dream" foi lançada tardiamente em dezembro de 1979, após sua recente turnê mundial.[1] Uma faixa gravada em agosto de 1979 (quatro meses após o lançamento do álbum), "Gimme! Gimme! Gimme! (A Man After Midnight)", foi lançada como single em outubro e mais tarde foi incluída como faixa bônus em versões de CD de Voulez-Vous.[1]
As resenhas dos críticos de música foram, em maioria, favoráveis. Bruce Eder, do site estadunidense AllMusic, o avaliou com três estrelas e meia de cinco e observou que "cerca de metade de Voulez-Vous mostra a forte influência dos Bee Gees em sua era disco de megahit", mas que também "tinha algumas baladas suaves e líricas no estilo Europop" que, segundo ele, soam como "música folclórica popular durante meados dos anos 60".[12]
Sean Egan, da BBC, fez uma crítica favorável na qual ele escreveu que o álbum "fez Agnetha, Benny, Björn e Anni-Frid colocarem seus sapatos de dança para juntarem-se à mania disco dominante" e também que o as baladas presentes "são capazes de se igualar a uma bolsa de ar em uma discoteca que, de outra forma, ficaria suadas e embrutecidas".[13]
Desempenho comercial
Voulez-Vous liderou as paradas em toda a Europa (incluindo o Reino Unido, onde entrou nas paradas em primeiro lugar e permaneceu lá por um mês),[20] e foi um sucesso no Top 10 em países como: Canadá,[21]Nova Zelândia[22] e Austrália.[23] Nos Estados Unidos, tornou-se o terceiro do grupo a chegar ao top 20 (chegando ao número 19).[24]
↑Pennanen, Timo (2006). Sisältää hitin - levyt ja esittäjät Suomen musiikkilistoilla vuodesta 1972 (em finlandês) 1st ed. Helsinki: Tammi. ISBN978-9-5112-1053-5