Edifício São Carlos, erguido em meados dos anos 1950, em estilo neoclássico, tornou-se conhecido por ter suas fachadas inteiramente cobertas por plantas trepadeiras, que acabaram retiradas em 2014 para uma reforma estrutural, mas replantadas logo após.
Avenida Santo Amaro
Verticalização do bairro
O bairro tem sua origem em chácaras voltadas à produção de laticínios. Até o século XIX, era uma região essencialmente rural, que fornecia leite e carne para os moradores dos outros bairros que se espalhavam pela capital paulista.[2] Em 1885, com a inauguração de um matadouro na região que hoje é a Vila Clementino, surgiu no Ibirapuera uma estação de bondes, que provocou um desenvolvimento lento, mas contínuo, de seu entorno.[3] No decorrer do século XX, havia na Vila Nova Conceição também chácaras de portugueses e italianos, que comercializavam suas frutas e legumes no mercado da Praça Fernando Prestes. Uma outra área servia de pastagem para o gado, que era levado ao Matadouro Municipal.[4] Em 1916, a prefeitura incorporou ao seu patrimônio uma extensa área na região, que foi preservada pela administração municipal e posteriormente transformada no Parque Ibirapuera.[2]
A Vila Nova Conceição foi oficialmente fundada em janeiro de 1936, com o loteamento de uma fazenda chamada Santa Maria. Os antigos moradores relatam que, até por volta da década de 1950, ainda era possível ouvir o barulho de riachos que ainda não haviam sido soterrados, que depois deram lugar a grandes avenidas.[4] Foi nesse período que a Vila Nova Conceição começou a crescer em extensão e densidade populacional, recebendo investimentos públicos como saneamento básico, pavimentação e iluminação.[2] Mesmo com seu desenvolvimento crescente, na década de 1960 o bairro ainda era considerado um verdadeiro oásis de calma e tranquilidade, com muitas árvores e córregos como o do Sapateiro (onde hoje passa a Avenida Juscelino Kubitschek) e o Uberaba (sobre o qual foi construída a Avenida Hélio Pellegrino). O bairro, considerado uma extensão da região do Parque Ibirapuera devido sua concentração de áreas verdes, sofreu a partir da década de 1950 um grande crescimento populacional. Este fato fez com que fossem tomadas medidas que garantissem a preservação das características originais da área.[3]
Foi somente a partir dos anos 1980, devido ao esgotamento dos imóveis nos Jardins e no Itaim Bibi, que o pequeno quadrilátero entre o Parque Ibirapuera, a Avenida Santo Amaro, as ruas Antônio Joaquim de Moura Andrade e Afonso Brás passou a ser visado pelo mercado imobiliário.[2] Desde então, os antigos casarões da Vila Nova Conceição foram demolidos e deram lugar a edifícios de alto padrão, o que desencadeou uma rápida verticalização do bairro.[3] Devido a sua arborização e a proximidade com o seu território foi valorizado atraindo grandes investimentos imobiliários, com isso houve a mudança do perfil socioeconômico de seus moradores.[5] Até 1995 recebeu estabelecimentos comerciais, voltados à comunidade local. Devido à oportunidade que o bairro gerava por causa de seus moradores de alto poder aquisitivo, negócios comerciais ocuparam áreas irregulares, em zonas predominantemente residenciais, este foi o caso da sofisticada butique Daslu.[5][6]
Após a década de 1990 ocorreram grandes obras que influenciaram tanto no comércio quanto no tráfego automotivo, foram os casos da Avenida Hélio Pellegrino, Complexo Viário Ayrton Senna e o corredor de ônibus na Avenida Santo Amaro.[2] As calçadas da última avenida citada foram reduzidas, tornando difícil o acesso às pequenas lojas lá presentes.[3] Estas por sua vez fecharam suas portas e procuraram outros locais, entre os quais o bairro em questão. O aumento do movimento na região fez com que o trânsito que somente era presente na avenida, surgisse também nas ruas do bairro.[5]
No ano de 2010 foi lançado um site, de cunho publicitário, com imagens em 360 graus de algumas vias do bairro, parecido com o Google Street View. O sítio digital foi criado com o intuito de promover o Citroën Aircross, novo carro da marca.[7]
Atualidade
Arborização do bairro.
Edifícios presentes no bairro.
Parque do Ibirapuera e o bairro.
Hoje, a Vila Nova Conceição é conhecida por ser um dos bairros mais caros e exclusivos de São Paulo. A área possui uma infraestrutura completa, com escolas renomadas, hospitais de excelência, e uma vasta oferta de serviços e comércio de luxo. O perfil dos moradores é majoritariamente formado por executivos, empresários e personalidades do meio artístico e cultural.[3] Além do Parque Ibirapuera, que oferece uma vasta gama de atividades culturais e de lazer, a Vila Nova Conceição também abriga diversas galerias de arte, cafés charmosos e restaurantes de alta gastronomia.[6] Essa combinação de fatores faz do bairro um ponto de encontro para amantes da cultura e da boa culinária.[8]
Apesar de sua aura de exclusividade, a Vila Nova Conceição enfrenta desafios comuns aos bairros de alto padrão, como a pressão por novas construções e a necessidade de preservar áreas verdes e a identidade local.[9] No bairro existem 214 condomínios de edifícios residenciais, que comportam 6014 apartamentos. A Vila Nova Conceição é um bairro bastante verticalizado, cuja média de altura dos prédios é superior aos 17 andares.[9] Além dos edifícios, existem centenas de casas residenciais e imóveis comerciais como lojas ou escritórios.[4] O território do bairro considerado pequeno, com uma área total de apenas 1.080.000 m².[9] Os espaços disponíveis para a incorporação de novos empreendimentos residenciais torna o preço do metro quadrado do bairro um dos mais caros da região. Apresenta três organizações da sociedade civil que ajudam na manutenção urbanística do bairro: a Associação dos Moradores da Vila Nova Conceição, a Associação Parque Ibirapuera Conservação e a Associação dos Amigos da Praça Pereira Coutinho.[9]
A ocupação do solo do bairro, ou seja, as construções ali presentes respeitam normalmente as leis de zoneamento.[8] A grande quantidade de edifícios altos é permitida na Vila Nova Conceição segundo esta Lei.[6] Há também uma grande quantidade de praças e árvores no bairro, sendo a principal delas a Praça Pereira Coutinho, que abriga edifícios de alto padrão, lojas e restaurantes luxuosos.[8] O preço do metro quadrado do bairro é um dos mais elevados da cidade.[4] Algumas coberturas e apartamentos grandes (com áreas acima dos 700m²) podem chegar a custar mais de 25 milhões de reais.[8] O bairro nobre é uma "Zona de Valor A", classificação do CRECI, tal como: Higienópolis, Jardim América e Pacaembu.[10] Junto com Moema, VNC é um dos bairros paulistanos mais preferidos pelos cariocas. É comum ouvir o típico dialeto carioca nos bares e restaurantes da região.[11]
Em 2024 em um ranking feito pelo jornal O Estado de São Paulo o bairro apresentava uma via entre os 10 maiores metros quadrados do país para compra de imóveis: Av. República do Líbano (R$ 38.897) - 9° lugar, além de uma via para aluguel de imóveis: R. Prof. Atílio Innocenti (R$ 183,00) - 4° lugar.[14]
Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108
Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN8573592230
CARDOSO, Henrique de Oliveira (2013). História e desenvolvimento urbano do bairro Vila Nova Conceição em São Paulo Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 15, n. 1 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 45–60
SILVA, Mariana Almeida; COSTA, João Paulo (2018). A geografia da exclusão no bairro de Vila Nova Conceição: um estudo sobre desigualdade urbana Revista Geografia e Pesquisa Urbana, v. 18, n. 4 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 22–39 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
PEREIRA, Ana Clara (2015). Transformações urbanas e história do bairro de Vila Nova Conceição Revista Estudos Paulistanos, v. 10, n. 2 ed. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie. pp. 33–50
MOURA, Beatriz Helena (2019). Urbanismo e segregação no bairro de Vila Nova Conceição em São Paulo Revista Cidades, v. 12, n. 3 ed. São Paulo: Unesp. pp. 55–70
OLIVEIRA, Ricardo Mendes (2020). Vila Nova Conceição: um estudo sobre o crescimento urbano e a valorização imobiliária Revista Scripta Nova, v. 22, n. 518 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 1–20