A ideia do filme veio a Farias em 1994 e expandida em 1999 com Morcilo, porém somente em 2008 o diretor apresentou o trabalho pra a produtora Sílvia Fraiha. Após um ano de trabalho com os roteiristas Bernardo Guilherme e Marcelo Gonçalves da A Grande Família, mudando o cenário do filme do Rio de Janeiro para São Paulo, Farias convocou Porchat para ajudar a fechar o texto. Em setembro de 2011 as filmagens foram iniciadas em Paulínia. Vai que Dá Certo foi bem recebido pela crítica, e atraiu mais de 2 milhões de espectadores. A continuação Vai que Dá Certo 2 foi lançada em 2016.
Sinopse
Quatro amigos de adolescência, o músico de bar Rodrigo, os irmãos Amaral e Vaguinho e o parceiro de ambos em uma loja de eletrônicos, Tonico, voltam a se encontrar em uma festa, na qual também estão um antigo amigo que virou político, Paulo, e a espevitada Jaqueline, que Amaral acaba paquerando. Depois da festa Rodrigo é dispensado pela esposa por irresponsabilidade e demitido do bar. Ao pedir um emprego para seu primo Danilo, que trabalha em uma transportadora de valores, este em turno sugere a Rodrigo trazer mais três pessoas para em um golpe roubarem dinheiro da transportadora. Após ter seu carro velho roubado com seus instrumentos logo em seguida, Rodrigo chama Amaral, Vaguinho e Tonico para o esquema, e eles aceitam após discutirem suas frustrações por não terem conseguido realizar os sonhos da juventude.
O plano era de todos chegarem na transportadora enquanto Danilo estava em um carro forte, levarem o dinheiro embora e quando encontrassem o carro com Danilo amarrado dentro, este dar a desculpa de que o malote tinha sido roubado como resgate pelos homens que tinham sequestrado seu avô Altamiro. No dia de executar, tudo dá errado: Amaral e Rodrigo são detidos pela polícia pelo primeiro dirigir falando ao celular, e Altamiro, um veterano da FEB que sofre de Alzheimer, expulsa Tonico e Vaguinho da casa achando que ambos irão assaltá-lo. Tendo contraído imensa dívida com os traficantes de quem tinham pego as armas para o assalto, os amigos se veem forçados a vender e arrendar tudo que tem, e ainda assim ficam faltando R$10 mil.
Quando uma tentativa de assalto ao bar em que Rodrigo trabalhava dá errado - inclusive com o carro sendo parado por dois policiais que pedem mais R$10 mil para não apresentarem queixa e ainda apreendem uma das armas a devolver - decidem com a ajuda de Jaqueline invadir a casa de Paulo para assaltá-lo enquanto ela o seduz e distrai. Eventualmente Paulo reconhece seus captores, mas decide ajudá-los para se livrar do caixa dois conseguido em sua campanha. Quando os policiais não retornam a arma ao serem pagos, Amaral e Jaqueline pegam um extra para quitar - e por tabela ele leva R$60 mil equivalentes ao dinheiro levantado antes do roubo, e ela um dos Rolex de Paulo para pagar seu carro, usado no assalto. Cinco meses depois, Paulo foi reeleito usando o sequestro para se promover, Rodrigo é dono de um estúdio de gravação, Danilo comprou um mercado e Amaral melhorou sua loja. O filme termina com Paulo convocando o quinteto para fazer um serviço que quitaria a dívida.
Em 1994, o diretor Maurício Farias teve a ideia do filme, quando ouviu a história do motorista de um conhecido que havia sido preso por assalto. Na época ele ficou impressionado com o fato de que o motorista era uma pessoa íntegra e querida, daquelas que jamais se imaginaria que estivesse envolvido em alguma atividade criminosa. Em 2000 Farias deu um curso de direção no qual um dos inscritos era o roteirista Alexandre Morcilo, que não tinha interesse em dirigir mas escrever para a televisão - mais especificamente no programa Você Decide, que Farias informou que ia sair do ar após ler o trabalho de Morcilo. Porém Farias gostou dos textos, e chamou-o para trabalhar na velha ideia sua. O roteiro, com cinco amigos que fariam um assalto combinado, faria "um painel do Rio de Janeiro na nossa época."
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Após alguns anos no inferno do desenvolvimento, na pré-produção do filme Verônica em 2008, Maurício Farias resolveu apresentá-lo à produtora Sílvia Fraiha. Fraiha gostou do roteiro e aceitou levar o filme às telas, porém Farias eventualmente decidiu mudar o cenário do filme por considerar que o subúrbio do Rio já havia sido muito retratado pelo cinema nos dez anos em que desenvolveu a história. Então convocou Bernardo Guilherme e Marcelo Gonçalves, que trabalharam com Farias em A Grande Família, para retrabalhar o texto ao longo de um ano. Como Guilherme e Gonçalves ficaram indisponíveis para completar o texto após Farias sair do programa, Farias decidiu pedir ajuda a Bruno Mazzeo, com quem tinha trabalhado na série Junto & Misturado. Mazzeo em turno pediu para convidar um dos membros da série, Fábio Porchat, que ajudou Farias a completar o roteiro "em tempo recorde", com os personagens já escritos conforme os atores escalados.[4] O próprio Porchat se juntou ao elenco quando Leandro Hassum, que Farias tinha convidado, teve de desistir pela agenda cheia. Duas semanas antes das filmagens começarem, Mazzeo e Danton Mello trocaram de papéis, porque o excesso de compromissos de Mazzeo fez o ator precisar de uma participação menor.[5]
Filmagens
A cidade paulista de Paulínia se tornou o local das filmagens após Farias receber um incentivo financeiro de R$ 1 milhão do edital da Secretaria de Cultura da Paulínia.[6]
Depois de acabar as filmagens de Totalmente Inocentes o ator Fábio Porchat iniciou as gravações de suas cenas em 8 de setembro de 2011[7] em Paulínia, no interior de São Paulo[8] e logo depois em Campinas, o que resultou em fortes sotaques paulistanos feitos por atores cariocas.[9]
Uma das cenas do filme é intercalada com imagens da banda Titãs tocando a faixa "Cabeça Dinossauro", do seu álbum de mesmo nome.[10]
Lançamento
Divulgação
O primeiro trailer de Vai que Dá Certo foi lançado em 18 de dezembro de 2012, e compartilhado na página do filme nas redes sociais.[11] Já o cartaz do filme, a distribuidora, Imagem Filmes, veio lançar somente em 27 de dezembro de 2012.[12]Campanhas publicitárias começou a ser exibida em algumas emissoras de televisão em 17 de março de 2013.[13]
Bilheteria
Vai que Dá Certo estreou em 22 de março de 2013 como sendo a principal estréia da semana,[14] em 450 salas de cinema em todo o Brasil, arrecadou R$ 4,8 milhões e levou 401,1 mil, com uma média de 891 espectadores por sala em seu primeiro final de semana.[15][16] O filme ficou na primeira posição das maiores estreias entre os filmes brasileiros de 2013 até 3 de maio, quando o filme Somos tão Jovens foi lançado desbancando-o com um publico recorde de 470 mil, apenas na semana de estréia.[17][18] Embora o filme teve uma boa abertura nos circuitos, o filme não conseguiu o primeiro lugar, posicionando-se atrás de Os Croods, que também estreou no mesmo fim de semana,[19] assim os dois desbancando o filme também estadunidense, Oz: The Great and Powerful.[16] A marca o colocou como a 10ª maior estréia do cinema brasileiro desde a chamada "retomada", iniciada com a Lei do Audiovisual e o sucesso do filme Carlota Joaquina, Princesa do Brazil (1995), de Carla Camurati,[19] porém, ficou por pouco tempo nesta posição, depois que outros filmes foram lançados.[17]
Depois de dez dias em cartaz, o filme alcançou a marca de 1 milhão de espectadores.[20] A informação foi divulgada em 1 de abril de 2013, num comunicado oficial da distribuidora, Imagem Filmes. De acordo com o comunicado o feriado da Páscoa impulsionou os números em ingressos vendidos nos cinemas brasileiros.[21][22] Depois de uma semana na segunda posição nas bilheterias brasileiras o filme veio a ser desbancado por G.I. Joe: Retaliation em 29 de março de 2013, posicionando-se em terceiro lugar, com 1.046.830 ingressos vendidos.[23]Vai que Dá Certo fechou seu período nos cinemas com R$ 28.994.167 de receita e um público total de 2.735.546 espectadores.[1]
Crítica
Em geral o filme recebeu criticas positivas.[24] O critico Roberto Cunha do website AdoroCinema deu 4 de 5 estrelas ao filme, elogiou o roteiro e disse que embora custe para "embalar... mas quando embala, é só deixar o riso fluir" e também disse que "Vai Que Dá Certo é uma comédia de erros cheia de acertos, que diverte sem apelação e com humor de qualidade. É ponto final. E para o cinema nacional".[25]
Roberto Guerra do CineClick relatou que o filme "é uma comédia eficiente, de situações cômicas bem arquitetadas e de fato divertidas".[26] Já Consuelo Lins de O Globo comparou o filme com uma "espécie de turma do bolinha trash e ingênua, que tenta, de modo desajeitado e com pouca convicção, se equilibrar na vida sem maiores tramoias" e disse que "esse tipo de contexto narrativo é o que há de mais simpático na comédia".[27] Marcelo Hessel do website Omelete deu uma nota 3 de 5 ao filme e disse que o filme resultou em uma comédia "desconjuntada que se pauta pela estupidez... mas que termina achando na paródia um olhar interessante sobre alguns dos estereótipos da neurose cosmopolita".[28]
Carol Nogueira no site da Veja relatou: "Por alguns minutos, na introdução de Vai que Dá Certo, o espectador pode até acreditar que está vendo um filme diferente e original. Mas é uma pena que a abertura, feita em estilo 8-bit -- de games como Pac Man --, nada tenha a ver com o resto do longa, que desperdiça os grandes nomes aos quais está vinculado para fazer um humor não muito diferente do que se vê na tela da Globo. Afinal, é dirigido por Maurício Farias (diretor de A Grande Família entre 2004 e 2010 e também das séries Aline e Tapas & Beijos) e estrelado por um time de peso que inclui, entre outros, Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro Filho e Danton Mello."[8]